domingo, 11 de julho de 2010

O Dom Volume I de Alison Croggon

Sinopse: O primeiro livro de Alison Croggon publicado em Portugal, intitulado O Dom, conta a história de uma criança que perde os pais na guerra de Pellinor.

Maerad, a criança, vem a descobrir que tem um maravilhoso Dom, mas não sabe o que fazer com ele. Só quando é descoberta por Cadvan, um dos grandes bardos de lirigion, a verdade da sua herança é revelada e Maerad saberá que tem de sobreviver às forças das trevas.

Sobre este livro escreveu a Bookseller que é «…uma história mágica que nos lembra Tolkien. É uma aventura cheia de paixão, personagens cativantes e cenários de enorme beleza. O Dom é uma história poderosa e marca o início de uma magnífica saga fantástica.»

Opinião: O livro começa com uma nota da autora, em que esta afirma que a história que vamos ler é uma tradução do Enigma da Canção da Árvore, ou Naraugh Lar-Chanë, uma lenda da civilização perdida de Edil-Amarandh. Um aviso que é altamente credível, tanto que a autora teve que colocar uma nota no seu website dedicado às Crónicas de Pellinor lembrando que os livros são ficcionais.

A história foca-se em Maerad, uma jovem escrava numa pequena aldeia descoberta por Cadvan, um bardo que a reconhece como outro da sua espécie. Neste livro, os bardos são pessoas que nascem com o Dom, a capacidade de usar a Palavra, uma espécie de linguagem mágica com a qual não se pode mentir, e que é usada em várias vertentes da arte e ciência, como componentes de um todo, o Conhecimento.

Maerad é ajudada a fugir por Cadvan, e ambos passam por alguns apertos até chegarem a Innail, uma das cidades-escola onde são treinados os bardos. Lá Maerad é apresentada a alguns bardos, mas rapidamente Cadvan chega à conclusão que terão de partir, pois relatos inquietantes percorrem o continente de Edil-Amarandh, onde se passa a história.

Como mencionado na sinopse, pode-se de facto fazer uma comparação entre esta história e Tolkien, ainda mais quando a própria autora se confessa uma fã de Tolkien. E há certamente muitas parecenças: a geografia (o mapa incluido no livro mostra uma geografia que me lembra a da Terra Média); a inclusão de apêndices sobre a língua, história e sociedade dos bardos; a própria Palavra é reminiscente da linguagem élfica de Tolkien; a história em si, enquanto a lia, dava-me uma sensação épica pouco frequente e que só posso associar ao Senhor dos Anéis.

Contudo, é redutor dizer que este livro é uma cópia de Tolkien. A criação de bardos é uma coisa interessante e que presentemente não me parece ter equivalente na saga tolkieniana. A autora, conhecida anteriormente a este livro pela sua poesia, tem uma linguagem muito cuidada e descritiva que denota a sua capacidade lírica - aspecto que ao início me dificultou a leitura. Mas cedo me habituei à sua escrita; e Maerad e Cadvan são personagens cativantes, que nos levam a seguir avidamente as suas aventuras.

O ritmo neste livro é algo lento, mas isso deve-se ao facto do original em inglês ter sido partido em duas partes, das quais esta é a primeira, correspondendo portanto à introdução ao mundo e aos personagens, sendo por isso menos rápido no desenrolar da história. Isso leva a que Maerad, e também o leitor, fiquem sem saber de muita coisa, o que pode ser um pouco frustrante, e potencialmente afastar alguns leitores - mas aí só se podem pôr as culpas na edição.

Pela promessa que a história demonstra, pelos personagens e até pela escrita, penso que vale a pena dar uma oportunidade ao segundo volume. Fiquei cativada e com vontade de pegar no mesmo.

Título original: The Gift/The Naming (2001) [1ª metade do original]

Páginas: 216

Editora: Bertrand

Tradutores: Irene Daun e Lorena; Nuno Daun e Lorena

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