terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ladrão de Corações de Shannon Drake

Sinopse: O sonho de Ally Grayson era escrever grandes histórias, não viver um conto de fadas. Contudo quando foi raptada por um malfeitor encantador, que parecia saído de um romance. Ally sentiu-se completamente fascinada. Não importava que estivesse comprometida com outro... um homem com que, de todos os modos, não tinha a menor intenção de se unir num casamento por conveniência.

No entanto, quando descobriu que Mark, o seu incomodado noivo, era o homem dos seus sonhos. Ally teve de tomar uma decisão: envolver-se num mundo de engano e assassinato sem ninguém para a proteger ou confiar num homem que mentia, mas que fazia o seu coração vibrar.

Opinião: Bem, há livros que perdem muito com a tradução do título ou com a sinopse. Este é um deles. Não se reduz apenas à descrição ou ao título. Alexandra "Ally" Grayson é uma jovem que sonha em escrever. Foi muito protegida e cresceu com as tias no bosque. Os seus padrinhos (3 casais que pelo que percebi se juntaram em livros anteriores da escritora) reponsabilizaram-se pela sua educação. E combinaram-lhe um casamento em criança, e ela só soube na festa de noivado quando se fez o anúncio (eu sei - desgraçados! estamos na época vitoriana, no virar de século, bolas). E o noivo nem aparece na festa.

Mark Farrow é filho de um lorde e mascara-se de bandido nas horas vagas para assaltar pessoas (parecendo que não, ele tem mesmo uma boa razão para tal). Assalta a carruagem em que Ally vai e cedo percebe que é a futura noiva. Continua a visitá-la para a conhecer melhor. Mas a rapariga não é parva, logo percebe que o bandido = noivo por conveniência e ainda consegue torturá-lo um bocadinho antes de se encaminharem para o final feliz.

O parzinho é bastante carismático mas o bom do livro é que não se resume ao romance. Há uma intriga bastante importante no livro (e na aproximação do casalinho), em que antimonárquicos andam a ser assassinados - os dois personagens estão envolvidos de maneiras diferentes mas interessantes nesta intriga -, há perigo e resolução dos crimes, há menções ao Jack o Estripador, o Arthur Conan Doyle aparece, e a rainha Victória também faz uma breve aparição no final.

Muito giro e um óptimo romance vitoriano com uma pitada de história de detectives.

Título original: Beguiled (2006)

Páginas: 320

Editora: Harlequin

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Duna de Frank Herbert

Sinopse: Tem nas suas mãos aquele que é considerado o melhor romance de ficção científica de sempre. Uma obra que arrebatou a crítica com o estilo poderoso de Frank Herbert e conquistou milhões de leitores com a sua imaginação prodigiosa. Prepare-se para uma viagem que nunca irá esquecer, até um longínquo planeta chamado Arrakis...
O Duque Atreides é enviado para governar o planeta Arrakis, mais conhecido como Duna. Coberto por areia e montanhas, parece o local mais miserável do Império. Mas as aparências enganam: apenas em Arrakis se encontra a especiaria, uma droga imensamente valiosa e sem a qual o Império se desmoronará.

O Duque sabe que a sua posição em Duna é invejada pelos seus inimigos, mas nem a cautela o salvará. E quando o pior acontece caberá ao seu filho, Paul Atreides, vingar-se da conspiração contra a sua família e refugiar-se no deserto para se tornar no misterioso homem de nome Muad'Dib.

Mas Paul é muito mais do que o herdeiro da Casa Atreides. Ao viver no deserto entre o povo Fremen, ele tornar-se-á não apenas no líder, mas num messias, libertando o imenso poder que Duna abriga numa guerra que irá ter repercussões em todo o Império...

Opinião: Nem sei bem o que dizer. Este é um livro que eu estou há uns bons 5 ou 6 anos para ler, mas que por não haver edição decente nem eu estar disponível para o ler em inglês, tem ficado em stand-by. É um livro épico, mas emocionante, científico mas com uma reflexão sobre o papel das profecias e misticismo, passando-se no futuro mas reflectindo alguns aspectos do passado.

O planeta que dá nome ao livro, Arrakis, conhecido como Duna, é também um personagem principal do livro. Coberto de desertos inclementes, é descrito pelo autor com atenção a pormenores incríveis, a ecologia, o clima, os animais e plantas que nele habitam, ... Acaba por ser muito importante na acção e na definição de muitos personagens. É também onde se produz a especiaria melange (cuja produção está devidamente integrada no ecossistema de Arrakis), muito importante na economia do universo de Duna.

O livro começa com a mudança da família Atreides para o planeta para tomar o feudo anteriormente detido pela família Harkonnen. Mas quando está em jogo um produto muito valioso, a intriga desenvolve-se de modo a que o que puder correr mal, vai correr mal. Paul e a sua mãe Jessica são forçados a refugiarem-se junto dum povo nómada que vive nos desertos, os fremen, com uma espantosa adaptação à vida no deserto. Paul acaba por ser identificado pelos fremen com um messias há muito esperado, integrando-se na sua sociedade completamente. Por outro lado, Paul é produto de um projecto de engenharia e selecção genética que visava criar um ser presciente, e as suas capacidades desenvolvem-se em completo durante a sua estada no deserto. Paul debater-se-à com aquilo que é capaz de fazer e com o que vê no futuro para si.

Muitas personagens destacam-se no enredo (Paul, o Duque Leto, a Dama Jessica, Alia, Chani, Stilgar, ...) mas para mim o que se destacou mais foi a complexidade do mundo criado e do enredo. Não deve ser fácil controlar tantos factores numa história destas, mas Herbert fá-lo muito bem. O universo de Duna contém aspectos futuristas, como viagens interplanetárias, naves espaciais e fatos destilatórios (usados no deserto para reaproveitar a humidade perdida pelo corpo); e aspectos do passado, como lutas de espadas e uma sociedade feudal hierarquizada. Um factor importante é a atenção que o escritor chama para coisas que nos parecem triviais e sempre presentes, como a água - a descrição da sua importância entre o povo do deserto, os fremen, é espectacular.

Sendo descrito como ficção científica, não é recomendado apenas aos fãs da mesma. Recomendo a qualquer pessoa que tenha a oportunidade de ler, porque é uma leitura muito boa e interessante.

Título original: Dune (1965)

Páginas: 576

Editora: Saída de Emergência

Tradutor: Jorge Candeias

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A Epidemia de Sebastian Rook

Sinopse: Londres está livre dos medonhos lampiros, mas estes deixaram um terrível legado. E Jack e Emily têm apenas três semanas para salvar Ben de um destino terrível...

Os três amigos embarcam numa viagem deseparada rumo a Varsóvia, onde Roman Cinska está a desenvolver uma cura para a praga dos lampiros. Mas a missão deles é perigosa, pois a cidade está cheia de mortos-vivos. Será que Jack, Ben e Emily vão sobreviver à epidemia?

Opinião: A sinopse já diz quase tudo. O livro resolve algumas situações do livro anterior (se bem que há uma em particular que estou à espera que explorem, porque é demasiado boa para não aproveitar), e deixa outras para o livro final. Bom para distrair.

Título original: Epidemic (2005)

Páginas: 160

Editora: Quidnovi (livros disponíveis com o Correio da Manhã)

Tradutora: Idalina Morgado

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Um Prazer Inesperado de Candace Camp

Sinopse: Megan Mulcahey tinha de descobrir se Theo Moreland, marquês de Raine, matara o seu irmão. A jornalista estava habituada a conseguir o que queria, embora Theo talvez fosse o maior desafio que alguma vez enfrentara. Para além de extremamente poderoso, o marquês era incrivelmente bonito e inteligente.

Contudo Megan ia descobrir o que existia por detrás da misteriosa morte do seu irmão... e o que acontecera ao tesouro que ambos tinham estado à procura na selva sul-americana, embora primeiro tivesse de atravessar o Atlântico e infiltrar-se em casa dele de alguma forma...

A nova tutora dos seus irmãos não era o que Theo esperava.

O corajoso explorador só vira uma vez na sua vida uma mulher como aquela, num sonho febril do qual desejara não acordar. Todavia... o que fazia aquela deliciosa visão a vasculhar todos os cantos da sua casa como uma ladra?

Opinião: Bem, estou a achar piada a ler romances históricos... Como são pequenitos e não exigem muita concentração para ler são excelentes para descansar de leituras mais pesadas, e além disso são bons para satisfazer a minha ocasional fome de romance sem serem excessivamente lamechas.

Os dois personagens principais torturam-se acerca de um acontecimento de há 10 anos, em que o irmão de Megan aparentemente morreu numa expedição em que o personagem masculino, Theo, estava presente. Megan trabalha como jornalista investigadora e infliltra-se na casa dele como perceptora para descobrir a verdade sobre o assassinato do seu irmão. Mas claro que se vai apaixonar por Theo (pelo qual se tortura, pois crê que este é o assassino do irmão) e pela sua família, os Moreland - uma família conhecida como excêntrica nesta Londres vitoriana, mas que me deu vontade de ler os outros livros da série para os conhecer - são tantos que alguns têm apenas um pequeno destaque.

A parte do romance não é exageradamente lamechas e está ligada ao enredo do assassínio. O final tem uma reviravolta interessante, mas que já estava mais ou menos à espera - só foi inesperado no sentido em que parecia que o enredo estava a ir por um lado e foi por outro - acaba por tornar um bocado supérfluo as situações embaraçosas em que Megan se mete, mas ao menos servem para aproximar o casalinho, que até tem uma ligação... sobrenatural.

Em resumo, bastante bom para distrair e passar um bom bocado.

Título Original: An Unexpected Pleasure (2005)

Páginas: 352

Editora: Harlequin

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Belladonna de Anne Bishop

Sinopse: Há muito tempo, Efémera foi dividida em inúmeras paisagens mágicas ligadas somente por pontes. Pontes que podem levar quem as atravessa para onde realmente pertence e não ao local onde pretende chegar.

Uma a uma, as paisagens de Efémera estão a cair na sombra. O Devorador do Mundo está a espalhar a sua influência, manchando as almas das pessoas com dúvida e medo, alimentando-se das suas emoções mais negras. A cada vitória o Devorador aproxima-se da conquista final.

Apenas Glorianna Belladonna possui a habilidade de frustrar os planos do Devorador. Mas os seus poderes foram mal interpretados e incompreendidos. Determinada a proteger as terras sob o seu domínio, Glorianna defrontará o Devorador sozinha se assim estiver no seu destino.

Opinião: Neste livro da série o foco vira-se para Belladonna (como o título indica), mas apesar de tudo (tal como no livro anterior) têm sempre algum destaque mais personagens, tanto novas como já apresentadas no livro anterior. Os personagens do Antro da Devassidão ou das Paisagens da mãe de Belladonna aparecem um pouco menos porque a acção não passa tanto por estes espaços. O Provocador serve de providenciador de momentos cómicos quando é preciso; a Lynnea, apesar de ser tímida até há pouco tempo, continua a conseguir "dar a volta" a demónios-touro e machos em geral; o Sebastian aparece para intimidar o pretendente da prima mas também um papel mais importante no desenrolar do final. O Lee é irmão da Belladonna, e gosto muito das "discussões de irmãos" com ela, mas é também um apoio para ela. Este personagem também dá alguns momentos cómicos muito bons com algumas saídas dele... Fico à espera do livro seguinte da série que a autora diz no seu site ser dedicado a ele.

Os novos personagens introduzidos vivem originalmente numa parte de Efémera mais... coesa geograficamente, o que leva a que as Paisagens e conceitos associados sejam desconhecidos neste espaço. Isto leva a um desacelerar da narrativa em certas cenas, pois é preciso explicar-lhes tais conceitos - pessoalmente até agradeço porque este mundo é bastante complexo; no entanto isto pode não agradar a todos. Destes personagens destacam-se Caitlin Marie, uma jovem Paisagista que nunca soube o que era e que foi rejeitada por todos na sua aldeia como uma "feiticeira"; isto leva a que a Belladonna se identifique com ela, por ter passado por algo parecido devido ao que é capaz de fazer.

O outro novo personagem chama-se Michael, "portador de boa-sorte e causador de infortúnios", que a seu modo é uma espécie de Paisagista, pois pode influenciar Efémera. Mas a sua importância reside em que ele e a Belladonna parecem destinados, pois sonham um com o outro ainda antes de se conhecerem. Bolas, devorei o livro até conseguir ler quando é que eles se conheciam! Este personagem não é tão apreciado como outros da Anne Bishop por ser considerado "lamechas", mas eu gostei deste casal pela inversão de papéis - a Belladonna tenta manter-se mais afastada emocionalmente por saber que terá de enfrentar o Devorador do Mundo, e é o Michael que tem de andar atrás dela e é mais honesto sobre o que sente por ela. Outro ponto a destacar neste personagem é que sabe a maneira de enfrentar o Devorador do Mundo, mas tem a coragem de contar a Belladonna, mesmo sabendo o que lhe poderá custar. Sei que a Anne Bishop tem criado personagens masculinos todos "big bad boy", e são fixes, mas um personagem fofinho tem algo que se lhe diga.

O Devorador do Mundo, o antagonista principal, continua a semear o mal entre as pessoas para aumentar a Escuridão em Efémera. A maneira como pode ser derrotado é bastante à Anne Bishop, porque envolve um sacrifício que me partiu o coração, mas também achei uma ideia bastante original, incluindo aquilo que acontece após ser travado. Só posso dizer que a Escuridão, para ser definida como tal, precisa do seu antónimo, a Luz, pois estes dois conceitos balançam-se e equilibram-se. Depois disto, o fim já se estava a ver (senão acontecesse assim eu ficava seriamente zangada com a Anne Bishop), mas deixa algo em suspenso para nos atiçar a curiosidade e que espero que seja tratado no próximo livro.

Este livro tem sido considerado menos bom que o anterior, mas pessoalmente não posso concordar, porque vibrei muito mais com a história e tive menos dificuldade em ligar-me aos personagens, aliás, adorei-os! Para mim, este livro justificou o meu investimento neste mundo de Efémera e gostei muito.
 
Título Original: Belladonna (2007)

Páginas: 384

Editora: Saída de Emergência

Tradutora: Cristina Correia

sábado, 21 de agosto de 2010

Sebastian de Anne Bishop

Sinopse: Bem-vindos a Efémera, onde a terra se altera em resposta aos mais profundos desejos e medos dos seus habitantes. Há muito tempo, Efémera foi dividida em inúmeras paisagens mágicas ligadas somente por pontes. Pontes que podem levar quem as atravessa para onde realmente pertence e não ao local onde pretende chegar.

Numa dessas paisagens habitada por demónios e onde a noite impera, o meio-íncubo Sebastian delicia-se em prazeres obscuros. Contudo, aguarda-o um destino devastador. Uma aprendiza descuidada libertou um mal antigo que agora se agita - e o reino de Sebastian poderá ser o primeiro a sucumbir... Mas em sonhos, ela chama por ele: uma mulher que não deseja mais do que ser amada e sentir-se protegida - uma mulher pela qual ele anseia mas que sabe poder vir a destruí-la. Ela é Lynnea, e o seu improvável romance está no centro da batalha que se trava entre a luz e as trevas.

Opinião: Tinha muita curiosidade em ler um livro da Anne Bishop que não fosse do mundo das Jóias Negras, para poder comparar a história e o mundo criados para autora e comprovar que a autora é capaz de escrever para além das Jóias Negras. Mantendo a comparação, posso confirmar que neste livro (tal como na Filha do Sangue), é nos apresentado um mundo e uma história criados com uma magnífica imaginção, a que se aplica a máxima "primeiro estranha-se depois entranha-se". Pois se no início se anda um bocado perdido, a tentar perceber as regras daquele novo mundo cirado pela autora, rapidamente se é cativado pela descrição dos cenários, dos personagens e do enredo.

O mundo criado neste livro, Efémera, consiste num conjunto de regiões que outrora estavam ligados geograficamente, mas que presentemente estão separados no contexto físico. Estas regiões são denominadas Paisagens e tudo sobre elas, o aspecto, os habitantes, etc. são determinados pelas emoções, boas ou más, das pessoas que lá vivem - no entanto cada Paisagem tem uma Paisagista responsável para manter as correntes de Luz e Escuridão (determinadas pelas emoções) equilibradas. A fazer ligação entre as várias Paisagens temos Pontes, construidas pelos Construtores de Pontes, que por vezes levam-nos não aonde a nossa mente quer ir, mas sim aonde o nosso coração condiciona que "merecemos" ir.

É um mundo prestes a ser desequilibrado, pois um ser conhecido como o Devorador do Mundo foi libertado da sua prisão, e só se satisfaz ao invadir as Paisagens e provocar discórdia, violência e outros maus sentimentos entre os habitantes das mesmas. Por outro lado, temos os Magos, seres que regulam a justiça e o uso de "magia" pelas Paisagistas. Podemos ver ao longo do livro quão este grupo é corrupto e tem em mente um objectivo obscuro.

No meio disto estão três jovens, Sebastian, Belladonna e Lee (o primeiro é primo dos outros dois, que são irmãos). Lee é um Construtor de Pontes e Belladonna uma Paisagista, talvez a mais poderosa desde sempre, por conseguir infuenciar a construção de uma Paisagem. E aqui um ponto de contacto com as Jóias Negras, pois a personagem principal é em ambos uma jovem muito poderosa, absolutamente incompreendida e perseguida pelos poderes "executivos". Tal como Jaenelle, Belladonna poderá ser a única a ser capaz de salvar o seu mundo.

Sebastian por outro lado é um jovem meio-humano, meio-íncubo, que dada a sua natureza nunca foi bem aceite ou se conseguiu intergrar em qualquer lado. Apenas foi bem tratado pela sua tia e primos, e o sítio onde melhor se integrou foi o Antro da Devassidão, onde habitantes das outras Paisagens vêm para beber, jogar ou ter sexo. No entanto, este não é um espaço verdadeiramente mau, apenas com pessoas e as suas emoções, tanto boas como más. Sebastian está ligado a este espaço mais do que pensa, e terá possivelmente um papel na defesa desta Paisagem e na luta contra o Devorador do Mundo.

Dado o título, o livro é focado no ponto de vista de Sebastian, mas com espaço para nos mostrar o que se passa com outros personagens, tanto principais como secundários. E o romance com Lynnea, uma jovem tímida e que irá descobrir-se ao longo do livro, acaba por ser um enredo secundário, com importância principalmente para aqueles que os rodeiam - acaba no entanto por ter um papel mais destacado no fim do livro e no desenlace da narrativa.

O humor de Bishop denota-se em algumas passagens, e a escrita continua deliciosa. Os personagens são cativantes e estou curiosa por saber mais sobre este mundo. Quero bastante ler o próximo.

Título Original: Sebastian (2006)

Páginas: 384

Editora: Saída de Emergência

Tradutora: Cristina Correia

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A Noite Mais Escura de Gena Showalter

Sinopse: Amar podia ser muito perigoso!

Ashlyn Darrow sempre vivera atormentada com vozes do passado. Para acabar com o seu pesadelo, fora a Budapeste à procura de ajuda: dizia-se que viviam lá uns homens com poderes sobrenaturais. No entanto não sabia que se veria arrastada para os braços de Maddox, o membro mais perigoso do grupo, um guerreiro preso no seu próprio inferno.

Nenhum dos dois era capaz de resistir ao desejo que acalmava as suas torturas… e que despertava neles uma paixão irresistível. Contudo com cada carícia ficavam mais próximos da destruição e de uma terrível prova de amor…

Opinião: Conhecia a Harlequin apenas pelos romances contemporâneos tipo Sabrina ou Bianca, mas descobri que em Portugal também andam a publicar romances históricos... e começam (felizmente) agora a publicar romances paranormais como este. Está um pouco na linha das séries dos Predadores da Noite da Sherrilyn Kenyon ou da Irmandade da Adaga Negra da J. R. Ward - um grupo de homens atormentados, cada um conhece à vez uma rapariga toda jeitosa, apaixonam-se, livram-se da maldição/empecilho ao seu amor e bum! felizes para sempre (geralmente).
 
Nesse aspecto, este livro não desilude. A parte do romance é boa, cenas de sexo incluídas, com um ou outro momento que nos faz pensar "hmmm... isto está a andar um pouco depressa". Bem, dado que estavam a acontecer algumas coisas que ajudavam a empurrar o casalinho para os braços um do outro, não me vou queixar. Tive muito prazer em acompanhar a Ashlyn e o Maddox. Gostei bastante do poder da Ashlyn, pois acredito que seja muito distractivo aquilo que ela faz... Que coincidência que o Maddox seja o único que "cancela" o poder da rapariga! O final faz sentido, tanto a parte menos boa, como a melhor que acontece a seguir; neste ponto, a história estava desenvolvida de maneira que se aceita aquilo que Ashlyn decide fazer - e ainda bem que tudo pôde ser resolvido pelo melhor!
 
O desenvolvimento da mitologia deixou-me interessada, pois o tormento destes homens deriva de terem aberto a caixa de Pandora e terem ficado possuídos pelos demónios que se libertaram. Cada um tem de lidar com o demónio que lhe calhou no dia-a-dia, com os seus problemas, vantagens e maldições associadas. O demónio de Maddox é a Violência; no entanto, mais que manifestações do mesmo, o foco é na maldição que nele recaiu por ter sido pelas suas mãos que Pandora morreu - e a mesma é terrível e dolorosa, não só afectando-o a ele como a alguns outros guerreiros.
 
Um ponto alto é que nos são apresentados dois casais dos próximos livros - Lucien (a Morte) e Anya, e Reyes (a Dor) e Danika. Dos primeiros não posso dizer grande coisa, pois não os vi juntos, mas o segundo casal tem potencial para dar faísca.
 
Em suma, uma série com bastante potencial, tanto pela história como por achar que a escrita e desenvolvimento podem melhorar. Espero que agora apostem mais neste tipo de romance - pois o 2º volume só está previsto lá para Novembro!

Título Original: The Darkest Night (2008)

Páginas: 320


Editora: Harlequin

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A Praga de Sebastian Rook

Sinopse: Ben, Emily e Jack esperam ter um Natal calmo em Londres para poderem celebrar a vitória sobre as hordas de vampiros. Mas não é isso que vai acontecer. Os vampiros podem ter-se ido embora, mas Londres está prestes a ser invadida por uma nova praga.

Os mortos-vivos despertaram e estão esfomeados... O novo mal é ainda mais aterrorizador, pois parece ser impossível exterminar estas criaturas. Será que o trio vai conseguir derrotar a ameaça misteriosa que paira sobre a cidade?

Opinião: Os três jovens, Ben, Jack e Emily, esperavam ter um Natal descansado após terem derrotado o terrível Camazotz, o deus-vampiro, no México. Mas coisas estranhas começam a acontecer em Londres e cedo os jovens descobrem que têm outros tipo de criaturas sobrenaturais à perna...

As criaturas chamam-se lampiros e parecem uns vampiros, com algumas características parecidas com as da lenda vampírica, com uma pitada de mortos-vivos, pois um indivíduo, ao ser infectado com a praga do título e morrer com a mesma, levantar-se-à da sepultura para beber sangue dos vivos. Gostei da criação desta mitologia.

A história e a escrita continuam a ser simples, adequadas a um nível infanto-juvenil, com alguns apontamentos de humor bem adequados.

Curiosidade: Sebastian Rook é um pseudónimo, usado nos três livros anteriores por Ben Jeapes; a partir deste livro, é usado por Helen Hart - daí que os arcos da história sejam diferentes nas duas trilogias desta colecção.

Título Original: Plague (2005)

Páginas: 160

Editora: Quidnovi (livros disponíveis com o Correio da Manhã)

Tradutora: Idalina Morgado

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Mar de Ferro de George R.R. Martin

Sinopse: Quando Euron Greyjoy consegue ser escolhido como rei das Ilhas de Ferro não são só as ilhas que tremem. O Olho de Corvo tem o objectivo declarado de conquistar Westeros. E o seu povo parece acreditar nele. Mas será ele capaz?

Em Porto Real, Cersei enreda-se cada vez mais nas teias da corte. Desprovida do apoio da família, e rodeada por um conselho que ela própria considera incapaz, é ainda confrontada com a presença ameaçadora de uma nova corrente militante da Fé. Como se desenvencilhará de um tal enredo?

A guerra está prestes a terminar mas as terras fluviais continuam assoladas por bandos de salteadores. Apesar da morte do Jovem Lobo, Correrrio ainda resiste ao poderio dos Lannister, e Jaime parte para conquistar o baluarte dos Tully. O mesmo Jaime que jurara solenemente a Catelyn Stark não voltar a pegar em armas contra os Tully ou os Stark. Mas todos sabem que o Regicida é um homem sem honra. Ou não será bem assim?
 
Opinião: Começo a achar, ou melhor, a ter a certeza, que esta ideia que o autor teve de dividir os POVs/capítulos entre este livro [AFfC] e o seguinte [ADwD] de acordo com critérios geográficos foi muito triste. Há um aviso no fim deste livro em que o escritor defende esta solução, argumentando que esta maneira serviria melhor os leitores que separar os dois livros com um "continua" no fim do primeiro....Suponho que se o segundo tivesse sido publicado no ano a seguir ao primeiro, como o senhor tencionava, a ideia até fosse boa. Mas assim à distância de 5 anos desde a publicação em inglês deste livro não consigo concordar, pois o foco acaba por se restringir a poucos personagens, tendo um ou outro muitos capítulos com o seu POV. Se os capítulos dos dois livros tivessem sido ordenados cronologicamente com todos os personagens, a leitura seria mais agradável pela variedade e por se evitar a irritação de "bolas este outra vez..." ou de "então e o que se passa com aquele personagem??".

Do lado das ilhas de ferro só aparece um personagem, Victarion Greyjoy, que perdeu o trono para o irmão mais velho e se lança a mando deste numa série de conquistas e invasões no zona sudoeste de Westeros - o capítulo serve só praticamente para criar uma ameaça nesta zona e infuenciar o desenrolar o enredo numa certa direcção em Porto Real. De Dorne também só temos um capítulo, cujo POV é o da Princesa Arianne Martell. Os pontos altos deste capítulo são o aprisionamento da princesa na torre, com a sensação de sufoco e prisão muito bem transmitidas, e também a revelação dos planos do regente de Dorne, o pai de Arianne, em relação ao casamento da mesma e da insinuação de como isso poderia trazer vingança em seu nome e dos Targaryen.

Do lado dos Stark, tivemos um POV para a Arya e outro para a Sansa. No primeiro caso, o POV é baseado na identidade que Arya adopta ao trabalhar nas ruas de Bravos a vender marisco. Fica mais interessante para o fim, quando esta comete um assassínio, mas cuja execução atribui à personalidade errada (Arya). O seu fim fica em suspenso. De destaque os seus "sonhos de lobo", que sugerem que também poderá ser um warg como o irmão Bran. No segundo caso, o de Sansa, esta adoptou bastante bem a nova identidade, a de bastarda do Mindinho. Destaque neste capítulo para a revelação final do mesmo a Alayne em relação aos seus planos. Continuo a achar que este tipo tem muito na manga e planeia as coisas como um general. Promete muito.

Com o Sam há o esforço de chegar a Vilavelha a partir de Bravos, mas não consigo destacar nada a não ser que espero que este rapaz vença a sua cobardia e timidez naturais. Quanto à Brienne, ainda acho que anda numa caça aos gambozinos, mas ao menos ficou/ficámos a saber o paradeiro do Cão de Caça (que desilusão, achei que este personagem tinha mais para dar, gostava que pudesse atingir algum tipo de redenção ou paz) e a verdadeira identidade da jovem Stark que este "arrastava para Correrio" - da maneira como disseram à Brienne esta achou que fosse a Sansa, mas descobri que seria a Arya. Talvez este conhecimento a possa safar, ja que o seu destino ficou em suspenso.

E o foco deste volume acaba por ser massivamente nos gémeos Lannister, Jaime e Cersei. Os capítulos do primeiro são bastantes interessantes, dando-nos conta de alguma mudança de atitude da sua parte. Conhecemos também alguns personagens que me despertaram alguma curiosidade - Sor Ilyn Payne, que pelo facto de não poder falar, acho que um capítulo no seu POV seria muito engraçado; e também a Senhora Gemma Lannister Frey, uma tia do Jaime que não tem papas na língua e diz muita verdades quando os outros não as querem ouvir. Ela chega a dizer que acha que o verdadeiro filho de Tywin é Tyrion e não Jaime - o que é irónico, dado que Tywin desprezava o filho anão por achar que este matou a mãe ao nascer; no entanto só posso concordar com ela, pois se Tywin tivesse olhado para além do ódio e da fealdade, teria visto o filho capaz de o orgulhar mais, pois é o mais esperto, o melhor estratega e o mais capaz para governar um reino se for preciso.

O que me leva à Cersei. É a que perde por ser exposta mais ao longo do livro, porque podemos ver todos os seus defeitos, sem lhe conseguir achar alguma virtude. Eu pelo menos fiquei-lhe com um pó... É muito má estratega, reage a quente em tudo, toma decisões que não lembram ao Diabo, tem um complexo qualquer de paranóia, vendo inimigos em tudo, e acabando por perigar a relação com outros pares do reino, numa altura em que Westeros está à beira da desagregação. As suas decisões são tomadas a partir de uma profecia que lhe foi feita em jovem, mas é incapaz de ver que as decisões que toma a estão a levar para mais perto da realização da parte final da profecia. o seu fim, ficando em suspenso, é merecido, e só espero que signifique que vai morrer quando a voltarmos a ver, porque já não a suporto mesmo.

Esta é a principal razão pela qual não concordo com a ideia da divisão geográfica dos capítulos - neste livro tivemos demasiados capítulos centrados na Cersei, na Brienne e no Jaime, e embora tenham algumas pérolas, levam também a uma sensação de saturação. Outra coisa que reparei é a tentativa de "acertar o tempo" dumas personagens em relação às outras - nos capítulos da Arya e da Arianne Martell há artifícios de passagem do tempo. Por fim, não achei muita piada ao autor achar por bem deixar os destino de muitas personagens - Cersei, Arya, Brienne - em suspenso. Um bom escritor como o George R. R. Martin não precisa (ou não devia precisar) desses artifícios para cativar os leitores para o(s) livro(s) seguinte(s).

Em suma, não posso deixar de recomendar, até porque as coisas menos consguidas deste senhor são muito melhor conseguidas que muita coisa que por aí anda, e porque esta saga deixa o leitor completamente imerso na história, com tanta intriga e paixão e drama, mesmo sendo este livro um dos mais "fracos" da série.

POVs: Jaime - Cersei - O Pirata (Victarion Greyjoy) - Jaime - Brienne - Cersei - Jaime - Gata dos Canais (Arya Stark) - Samwell - Cersei - Brienne - Jaime - Cersei - A Princesa na Torre (Arianne Martell) - Alayne (Sansa Stark) - Brienne - Cersei - Jaime - Samwell
 
Título original: A Feast for Crows (2005) [2ª metade do original]

Páginas: 336

Editora: Saída de Emergência
 
Tradutor: Jorge Candeias

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O Festim dos Corvos de George R.R. Martin

Sinopse: Continuando a saga mais ambiciosa e imaginativa desde O Senhor dos Anéis, As Crónicas de Gelo e Fogo prosseguem após o violento triunfo dos traidores.

Enquanto os senhores do Norte lutam incessantemente uns contra os outros e os Homens de Ferro estão prestes a emergir como uma força implacável, a rainha regente Cersei tenta manter intacta a força dos leões em Porto Real.

Os jovens lobos, sedentos por vingança, estão dispersos pela terra, cada um envolvido no perigoso jogo dos tronos. Arya abandonou Westeros rumo a Bravos, Bran desapareceu na vastidão enigmática para além da Muralha, Sansa está nas mãos do ambicioso e maquiavélico Mindinho, Jon Snow foi proclamado comandante da Muralha mas tem que enfrentar a vontade férrea do rei Stannis e, no meio de toda a intriga, começam a surgir histórias do outro lado do mar sobre dragões vivos e fogo...

Opinião: Pensei que tinha perdido a minha queda para os calhamaços depois da desgraça que foi ler A Lenda do Cisne, mas felizmente o senhor Martin curou-me facilmente disso. Isto dito, cuidado com o texto que se segue, pois deverá estar pejado de spoilers para praticamente todos os livros da série.
 
Este livro corresponde à primeira parte do original, A Feast for Crows [AFfC]. É um livro com uma tarefa difícil, pois segue-se ao que é considerado o melhor da saga até agora (A Storm of Swords [ASoS], em português divididos em A Tormenta da Espadas e A Glória dos Traidores); por outro lado, é o livro que marca um certo desnortear da história por parte do autor. Pelo que percebi, originalmente o autor tencionava que o livro a seguir ao ASoS se passasse cronologicamente cinco anos mais tarde; depois abandonou esse plano pois teria de fazer muitos flahsbacks e coisas do género; então parece que aquilo que estava a preparar após o ASoS acabou por ser dividido em dois livros, este [AFfC], e o A Dance with Dragons [ADwD], em que o autor iria dividir mais ou menos os capítulos dos personagens entre um e outro geograficamente. Parece-me que também já terá deixado para trás este plano, pois passaram-se cinco anos desde a publicação do AFfC... Muitos fãs queixam-se da demora, e alvitram que o senhor terá perdido o fio à meada.
 
Apesar de me desgostar ter de esperar sabe-se lá mais quantos anos pelo próximo livro, consigo compreender se tal desnorte tiver acontecido. A série tem uma miríade de personagens, e conquanto no primeiro livro os capítulos eram quase todos no ponto de vista de membros da família Stark, entretanto isto tem vindo a mudar, tanto por o raio do homem ter matado uma data deles, como pela separação destes personagens, como pela entrada no verdadeiro "Jogo de Tronos", que acaba por ter mais jogadores que uma pessoa poderia prever no início da série. Isso implicará, suponho, que alguns personagens muito queridos não apareçam e outros aparentemente sem importância tenham um capítulo sob o seu ponto de vista [POV].
 
No primeiro caso, temos Tyrion Lannister, que está completamente desaparecido, tal como Varys, devido ao envolvimento de ambos na morte de Tywin Lannister. Quem me dera ser mosca para descobrir onde estas duas almas estão! Varys, descobrimos neste livro, devia empolar a sua importância, pois um ex-meistre, Qyburn, toma o seu lugar, e os "passarinhos" que sussurravam a Varys sussurram agora a Qyburn. Tyrion, cujos capítulos eram sempre muito interessantes de seguir, era para ir de barco até às Cidades Livres, mas com o prémio pela sua cabeça pergunto-me se terá ido para aí. Quem sabe se não terá fugido ainda mais para Oriente, e a esta altura do campeonato estou a vê-lo a cruzar-se com a Daenerys Targaryen (cujos POVs também não aparecem neste livro, e ainda bem, já que não a suporto) no próximo livro [ADwD].
 
No segundo caso, aparecem POVs de persongaens pouco importantes, o que poderia ser evitado nalguns casos usando personagens mais importantes - caso neste livro dos capítulos O Capitão dos Guardas ou O Cavaleiro Maculado. Alguns dos capítulos dos personagens nas ilhas de ferro (família Greyjoy) também me deixam algumas dúvidas sobre a sua importância, mas vou avaliá-la depois de ler O Mar de Ferro. No entanto, estes personagens das ilhas de ferro divertem-me e são algo interessantes, pois estão enrolados numa disputa pelo trono. O Aeron com aquela coisa toda do respeito e temor ao Deus Afogado parece-me um fanático religioso; quanto à Asha, gostava de a conhecer melhor, pois uma mulher que prova que pode fazer tudo o que um homem faz (lutar, conquistar e quem sabe reinar) merece mais um tempinho de antena.
 
Os capítulos da Brienne irritaram-me um bocado, porque ela anda numa demanda inútil (encontrar Sansa Stark), dum lado para o outro, sem fazer nada de especial (a não ser procurar inutilmente Sansa Stark), e os capítulos dela parece que estão a encher chouriços. Até gosto da personagem, também por ser uma mulher a tentar afirmar-se num mundo de homens, mas é tão boa pessoa que ainda se vai meter em sarilhos. A Sansa era das minhas personagens menos favoritas, pois era uma florzinha de estufa, mas este novo rumo promete. Aprender uns truques do jogo de tronos com o Mindinho pode ser o que esta rapariga precisa; ela encarna tão bem a personagem que lhe foi atribuída (filha bastarda do Mindinho) que o segundo capítulo dela já aparece com o nome dessa personagem (Alayne). O Mindinho é um personagem que salvo erro nunca teve um capítulo; se o autor quer pô-lo a ser um jogador importante devia dar-lhe um capítulo ou outro para nos esclarecer sobre os seus motivos e intenções.
 
Samwell "Sam" Tarly tem um par de capítulos que eu li sem tanto gosto como alguns outros; o ponto alto é quando ele está no navio em que partiram da Muralha e descobre a identidade verdadeira do bebé que Gilly traz; outro ponto alto é quando ele se cruza em Bravos com uma personagem que penso que será a Arya Stark (já agora, este rapaz passa a vida a cruzar-se com membros dos Stark sem poder dizer que os viu ou sem os [re]conhecer). Esta, por sua vez, tem sempre uns capítulos que são sempre uma delícia de ler. Em Bravos, é acolhida na Casa do Preto e Branco, onde será iniciada na Guilda dos Homens Sem Rosto; para isso, terá de descartar a sua personalidade, e todos os nomes que já terá assumido, e iniciar-se na arte de assumir uma personagem e personalidade inventadas - a que ela assume, a Cat, é a que se cruza com o Sam. Ao ler os capítulos da Arya, é fácil esquecer que esta rapariga tem 10 ou 11 anos, tanto devido às situações por que passa como devido ao seu ponto de vista único.
 
Jaime Lannister, depois de perder a mão direita, ficou diferente; creio que gosto mais de como está agora do que como era apresentado, sendo simplesmente o Regicida; no entanto os seus capítulos de ASoS eram melhores. Tem no entanto uma visão única e que vai evoluindo sobre os que o rodeiam, especialmente a sua irmã gémea, Cersei. Apesar de serem apaixonados incestuosamente desde miúdos, Jaime tem-se vindo a afastar emocionalmente da irmã. E creio que o compreendo. Cersei pode parecer uma mulher forte, a tentar afirmar-se num mundo de homens, mas passa por tola, é casmurra, e muitas vezes parece um daqueles cavalos com palas nos olhos - só vê o que tem imediatamente à frente. Acho que ela acredita mesmo que é uma magnífica jogadora no jogo de tronos, mas reage demasiado a quente, levada muitas vezes pela raiva, e confia demasiado na sua beleza, sem desenvolver outros aspectos que lhe poderão dar vantagem. Ora a beleza irá um dia desaparecer; que fará então?
 
Cersei podia também usar a sua beleza de uma forma mais inteligente do que usar homens pouco importantes para lhe fazer um favorzinho enquanto lhes promente sexo; uma verdadeira jogadora usaria outros jogadores mais importantes para lhe fazer as vontades. O que me leva à raiva - ela age muito por raiva ao irmão Tyrion, mas este jogava muito mais subtilmente o jogo de tronos e tinha uma combinação de carisma e lábia para levar a sua avante; achei que tinha estabelecido bases muito mais fortes no controlo de Porto Real enquanto foi Mão do que o controlo que Cersei tem. Está tão obececada em afastar aqueles que entende como inimigos (todos os que possam estar relacionados com os Tyrell; até Jaime ela começa a ver como inimigo) que se esquece duma máxima: mantém os teus amigos perto, mas os inimigos ainda mais perto. É no jogo de cedências com inimigos, seja de posições ou de refens importantes, que se ganha vantagens sobre o inimigo; alienando-o, creio eu, nada conseguirá. É neste momento a personagem que mais me irrita, mas cujos capítulos acabo por devorar.
 
Bem, fiz aqui quase um raio-x psicológico aos personagens, pois a verdade é que esta série continua muito apaixonante e cheia de intriga, com personagens que podemos adorar ou adorar odiar, com um enredo complexo e ao mesmo tempo cativante, e com promessa de muito mais. Espero que os próximos livros cumpram o prometido.
 
POVs: Prólogo (Pate, aprendiz de Meistre) - O Profeta (Aeron Greyjoy) - O Capitão dos Guardas (Aero Hotah, em Dorne) - Cersei - Brienne - Samwell - Arya - Cersei - Jaime - Brienne - Sansa - A Filha da Lula Gigante (Asha Greyjoy) - Cersei - O Cavaleiro Maculado (Arys Oakheart) - Brienne - Samwell - Jaime - Cersei - O Capitão de Ferro (Victarion Greyjoy) - O Afogado (Aeron Greyjoy) - Brienne - A Fazedora de Rainhas (Arianne Martell) - Arya - Alayne (Sansa Stark) - Cersei - Brienne - Samwell
 
Título original: A Feast for Crows (2005) [1ª metade do original]

Páginas: 448

Editora: Saída de Emergência
 
Tradutor: Jorge Candeias

terça-feira, 10 de agosto de 2010

México, 1850 de Sebastian Rook

Sinopse: Um demónio antigo. Um amuleto desaparecido. A praga de vampiros está prestes a conseguir um poder inimaginável...

Camazotz conseguiu juntar quase todas as peças de um amuleto que lhe dará poderes indescritíveis. Resta recuperar uma que está no México - o centro do seu poder. Agora, Jack, Ben e Emily correm contra o tempo para chegarem à Península de Yucatan.

Embora os três amigos vão à frente do deus-vampiro e dos seus servos, sabem que Camazotz não se atrasará. A única esperança é encontrar a peça do amuleto em falta antes que o deus-vampiro o faça. Para isso, terão ajuda da mais inesperada fonte.

Mas a selva é um lugar perigoso, onde as coisas nem sempre são o que parecem. Lutar contra Camazotz no seu próprio território revelar-se-à o maior dos desafios... até agora.

Opinião: E termina assim o confronto entre os três jovens e o terrível deus-vampiro Maia. Na maior parte do livro este não aparece, mas os seus súbditos mantêm o perigo para os jovens, que encontram uns aliados inesperados, incluindo alguém que supunham morto.

A escrita e a história continuam fáceis de acompanhar, o fim era algo que eu estava a prever a algumas páginas de distância, mas outras cenas foram capazes de me surpreender. Os jovens conseguem finalmente derrotar Camazotz, mas com a presença dos adultos o perigo deixa de se sentir um pouco; a separação dos jovens em vários caminhos acaba por melhorar a situação.

Destaco ainda o desenvolvimento da mitologia dos vampiros, como são criados, as limitações e como são destruídos. Em suma, um livro final satisfatório para este arco de história.

Título Original: Mexico (2005)

Páginas: 160

Editora: Quidnovi (livros disponíveis com o Correio da Manhã)

Tradutora: Cristina Paixão

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Contest on Facebook/Passatempo no Facebook

I'm posting this to divulge a contest on Facebook - you can check the link below. To enter, you're supposed to leave a comment with a list of books you are interested in from the list available, and the odds of winning increase with the ways in which you "spread the word" - hence my post here. =)



 
Estou a postar isto para dar a conhecer um passatempo no Facebook, que pode ser consultado no link abaixo. A ideia é deixar um comentário com uma lista de livros em que estamos interessados/as dos que estão disponíveis, e quanto mais divulgarmos mais probabilidades temos de ganhar - daí estar a postar aqui. =)

Shadow, O Confronto de Joana Miguel Ferreira

Sinopse: “Shadow, o Confronto” é o livro de estreia desta jovem escritora, que nos transporta para um mundo de magia, fantasia e mistério, povoado de elfos, duendes e gnomos, criaturas de um mundo fantástico e deslumbrante, no qual imperam sonhos, aventuras e emoções.

Enredados em incríveis jogos de poder, autênticos labirintos sufocantes que os obrigam a ultrapassar inúmeros obstáculos, Shadow e Niadji aprendem o valor da lealdade, da abnegação e, acima de tudo, do amor, assente na partilha e na cumplicidade.

Auxiliados por um cortejo de figuras fascinantes, vivendo aventuras mirabolantes e absolutamente surreais, em que o Bem e o Mal se confundem e se misturam vezes sem conta, fazendo-os questionar-se sobre a essência do Ser, os dois jovens emaranham-se nas suas próprias emoções, culminando na verdadeira descoberta do seu íntimo.

Opinião: Um livro duma jovem autora portuguesa que me deixou uma sensação dual. Por um lado, gostei da história em si, tem alguns laivos de originalidade, e o fim é algo inesperado, por não ser um final "e viveram todos felizes para sempre. A capa também é muito gira, tal como o desenho à volta do título - que é pena que só se veja bem na página de título e não também na capa, por esta ser muito escura.

Por outro lado, creio que esta jovem escritora tem muito a melhorar na sua escrita. Temos as palavras que são usadas erroneamente (louquice em vez de loucura por exemplo), a falta de caracterização das personagens ou a falta de indicadores de passagem do tempo - tudo isto contribui para que a escrita seja bastante confusa e dificulte a compreensão dos diálogos, das acções, enfim, da história em geral. Há pequenos pedaços de diálogos e descrições que se salvam, até se nota a tentativa de ser algo poética, mas em geral a escrita precisa de muito trabalho antes de voltar a ser publicada.

A edição também peca por algumas coisas - o deixar passar erros, o não fazer parágrafos - o que por vezes dificulta a compreensão do texto.

Páginas: 216

Editora: Papiro Editora

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Paris, 1850 de Sebastian Rook

Sinopse: Uma estranha doença está a devastar Paris. Uma doença que deixa as suas vítimas literalmente sem uma gota de sangue.

Jack, Ben e Emily acreditavam que os vampiros ficariam desaparecidos durante mil anos devido ao ritual que enviara o seu líder para as profundezas do Inferno. Agora já não estão seguros disso. Terão as maléficas criaturas emigrado para terrenos de caça mais férteis?

Se os sugadores de sangue estão em França, então os três amigos têm de os seguir...

Opinião: Mais uma aventura de Ben, Emily e Jack que tive o prazer de acompanhar. A história acompanha-se muito bem, lendo-se o livro num ápice. Os três jovens encontram-se novamente com o deus Maia e vampiro Camazotz, enquanto este conspira para recuperar do Louvre um artefacto que o poderá tornar ainda mais poderoso...

Como seria de esperar, os três metem-se de novo em sarilhos, mas também ganham novos aliados - o visconde de Montargis e a sua sobrinha, Dominique. A certa altura, por um lado, congratulo-me por estes jovens tentarem resolver as coisas; por outro, lembro-me que é um pouco irreal eles conseguirem andar dum lado para o outro quase sem supervisão de adultos. Mas isso não estraga o prazer da leitura, e dá um certo sentido de liberdade à história.

Bem, esta é uma boa continuação da história, resolvendo algumas coisas que ficaram em suspenso do outro livro mas sem deixar de lançar perguntas para o ar que serão com certeza respondidas no livro seguinte da série. A acção deixa-nos alerta à medida que acompanhamos o desenrolar dos acontecimentos e o enredo toma algumas reviravoltas que não estava à espera. Mais uma leitura agradável.

Título original: Paris (2004)

Páginas: 160

Editora: Quidnovi (livros disponíveis com o Correio da Manhã)

Tradutora: Idalina Morgado

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Londres, 1850 de Sebastian Rook

Sinopse: Londres, 1850. Ben cambaleia ao longo da prancha de um navio recém-chagado. O que viu persegui-lo-à até ao fim da vida.

Jack torna-se amigo dele e ouve a sua história. É um incrível relato cheio de aventura, superstição e uma doença estranha e fatal. Os dois rapazes não têm ideia daquilo que terão de enfrentar. Londres está à beira de uma terrível praga de vampiros e só eles poderão impedir a destruição total.

Opinião: Apesar do livro ser escrito com uma linguagem mais simples, para miúdos, isso não me impediu de disfrutar do mesmo. Lida com três jovens, Ben, Jack e Emily, com idades entre os 12 e 13 anos, que farão de tudo que uma praga de vampiros-morcegos vindos do México se espalhe por Londres. A mitologia criada à volta dos vampiros é curiosa e algo inovadora, baseando-se nas lendas antigas de um deus Maia antigo da morte muito, muiro mau, recém-libertado de um sono milenar....

Os personagens, sem deixarem de ser jovens, lidam com a situação com alguma maturidade, não sendo de deixar de louvar a maneira como resolvem o problema, e a coragem que exige lutar contra estes monstros. Pontos para a criação de vampiros maus e com vontade de dominar o mundo, ao contrário de monstrinhos bonzinhos. Uma boa leitura de Verão.

Curiosidade: Sebastian Rook é um pseudónimo criado para escrever esta série, cujos primeiros 3 livros foram escritos por um autor chamado Ben Jeapes, e os últimos 3 por Helen Hart.

Título original: London (2004)

Páginas: 160

Editora: Quidnovi (livros disponíveis com o Correio da Manhã)

Tradutora: Cristina Paixão

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A Ilha das Três Irmãs de Nora Roberts

Sinopse: Quando Nell Channing chega à acolhedora Ilha das Três Irmãs, acredita que finalmente encontrou um refúgio do seu marido violento... e da vida horrível que levara nos últimos anos. Mas mesmo nesse lugar calmo e distante, Nell nunca se sente inteiramente à vontade.

Escondendo cuidadosamente a sua verdadeira identidade, aceita um lugar como cozinheira num café e começa a explorar os seus sentimentos pelo simpático xerife da ilha. Mas há uma parte de si que ela nunca lhe poderá revelar, pois tem de guardar alguns segredos se quer manter o passado longe de si. Uma palavra a mais... e a sua nova vida tão cuidadosamente montada pode despedaçar-se.

E quando Nell começa a questionar-se se alguma vez será capaz de se libertar do seu medo, apercebe-se de que a ilha sofre de uma terrível maldição que só pode ser desfeita pelas descendentes das Três Irmãs: as bruxas que se instalaram na ilha em 1692. Então, com a ajuda de outras duas mulheres talentosas e determinadas – e com os pesadelos do passado a atormentarem-na constantemente – ela tem que encontrar a força para salvar o seu lar, o seu amor e a sua vida.

Opinião: Não sou muito fã de Nora Roberts, pois tenho a impressão de que quem publica tanto como ela deve seguir uma espécie de fórmula para os seus romances. No entanto, dou o braço a torcer, e descobri qualidades redentoras nesta narrativa de uma mulher à procura de paz e liberdade de um marido abusador. Os sentimentos de puro terror desta personagem em relação ao marido parecem-me realistas; e a descrição do marido em si, com algumas partes dos capítulos finais sob o seu ponto de vista, está bem feita - ao entrarmos nos pensamentos deste personagem só conseguimos pensar "bolas, que idiota", não só pelos seus pensamentos em relação à personagem principal como em relação ao que o rodeia em geral.

A parte do romance acaba por sair menos destacada, ou não ter tanto relevo como estava à espera, em favor da caracterização das personagens. Os capítulos finais também conseguem manter bem o suspense em volta do encontro com o antagonista (o marido), mas a resolução da situação pareceu um bocado murcha. Outras cenas também beneficiariam de um pouco mais de trabalho - as cenas de sexo parecem fracas e um bocado confusas, e a maneira como a personagem principal consegue cozinhar comida em 3 ou 4 horas para servir num café, o dia inteiro, para tanta gente, parece-me absolutamente irrealista.

Destaque ainda para o grafismo do livro, a capa está muito gira, e gosto muito dos desenhos nas páginas de título e no início de cada capítulo.

Em suma, um bom romance para passar o tempo, mas acho que não vou repetir a dose tão cedo, para não me sentir cansada da fórmula e escrita da autora.

Título original: Dance Upon the Air (2001)

Páginas: 304

Editora: Chá das Cinco

Tradutor: Henrique Cavaleiro