quinta-feira, 23 de maio de 2013

Revista Bang! 14

Desta vez com um interregno de quase 10 meses (deveria ter saído um número da revista no fim de 2012, mas existiram, segundo a editora da revista, constrangimentos que impediram o seu lançamento), a Bang! volta às bancas, e é muito bem vinda. Já estava com saudades, é uma revista que gosto de acompanhar. Prima pela variedade e pela qualidade, e termino sempre um número deliciada com o conteúdo.

Desta vez, a capa é um pouco mais ominosa e escura que a anterior, mas gostei. Tinha visto a ilustração original e não tinha ficado convencida, mas a incorporação com o conteúdo final ficou muito boa, particularmente no caso da chama, sobreposta à ilustração do canto superior esquerdo. O grafismo da revista, já tenho dito outras vezes, agrada-me, e neste caso não é excepção. (A única crítica negativa que tenho a fazer é no design do conto O Cemitério do Diabo - os rasgões ou quebras em fundo branco estão pixelizados, e o enquadramento do texto com algumas fotografias está muito "apertado".)

A revista começa com o editorial, que reflecte sobre os tempos negros que passamos e continua com um artigo a apresentar os responsáveis pela criação da capa. De seguida, o editor da Saída de Emergência apresenta alguns dos títulos previstos para o período de Abril a Julho - os lançamentos são mais escassos que há uns tempos, e o editor reconhece isso. Gostava de ter visto uma menção ao último título da saga de Kushiel, da Jacqueline Carey, mas por outro lado já pude ver a capa de Ponte de Sonhos, da Anne Bishop, o 3º livro da saga Efémera. Fiquei curiosa com a menção a uma plataforma online chamada Bang!, que estará prestes a ser lançada.

Fantasia e Realidade: A Fatrasia, por David Soares
Uma artigo como os que David Soares já nos tem habituado noutras revistas, a dar a conhecer um curiosidade obscura relacionada com o fantástico. Interessante, apesar de não ser a maior fã da forma como o autor escreve.

Metais Pesados: Por Toda a Parte, por Fernando Ribeiro
Estou ciente da relação entre o género musical heavy metal e o género literário fantástico, mas como não é um tipo de música que oiça, este tipo de artigos não me diz grande coisa, ainda mais quando está muito marginalmente relacionado com o fantástico. Mas achei curiosas as observações do autor sobre como o heavy metal está cada vez mais espalhado pelo mundo.

Enciclopédia da Estória Universal, por Afonso Cruz
É engraçado, os artigos anteriores do autor subordinados a este tema não me tinham chamado a atenção, mas gostei imenso dos dois textos incluídos desta vez nesta secção. Finalmente fizeram-me ter curiosidade em espreitar o livro com o mesmo título.

Espelho meu, espelho meu..., por Inês Botelho
Artigo fabuloso sobre o conto da Branca de Neve, as variações existentes da história, o simbolismo presente nelas, e as várias adaptações que têm havido do conto e como incorporam esse simbolismo. Adoro ler textos que interpretam e abordam o simbolismo dos contos tradicionais, por isso não me importava de ler mais textos desta natureza em futuras Bang!s.

As Mulheres de Negro, por António Monteiro
No seguimento do artigo do autor na Bang! anterior, apresenta-nos mais um autor de histórias sobrenaturais - Susan Hill, autora de A Mulher de Negro. O artigo fala da história do livro, das várias adaptações da mesma - uma peça de teatro, um filme para TV em 1989, e um filme recente, de 2012 - e compara-as com o livro original. Gostei.

As Cidades na Ficção Científica - Episódio #1: Uma Breve História Geral, por João Rosmaninho
Déjà vu, porque na Bang! 9 havia um artigo sobre FC e arquitectura, que na altura não conseguiu suscitar-me grande interesse. Gostei mais deste artigo, achei-o mais completo e faz um bom trabalho introdutório (é o primeiro duma série de artigos, ao que percebi).

O Senhor do Vento, de Gabriel Réquiem
Uau, que conto arrepiante. A atmosfera é bem assustadora, e conseguiu cativar-me e prender-me a atenção. Espero que a referência final relacionada com o personagem Zezinho não passe ao lado do leitor... o conto funcionaria sem o enquadramento da história do Zezinho, no entanto tem alguma piada ver a "transfiguração" das criaturas do conto.

Evocando Sérgio Toppi, por João Lameiras
Artigo sobre um artista italiano recentemente falecido, gostei de conhecer e fiquei intrigada com a sua arte.

O Cemitério do Diabo, de Pedro Ferreira
Pessoalmente preferia que os contos estivessem um pouco mais espaçados. Acabei por fazer uma comparação entre este e o anterior. Tem atmosfera, e gosto do cenário, mas não conseguiu arrepiar-me. Podia ser mais curto... há coisas que acontecem que não avançam propriamente a narrativa. E a escrita é, bem, algo barroca a mais para o meu gosto.

A Invasão dos Ladrões de Corpos, por João Monteiro
Aplica-se aqui um pouco o comentário que fiz a Metais Pesados: Por Toda a Parte - não é tema que me interesse ou que me diga muito, apesar de ser engraçado ler sobre estas bandas conceptuais e as ideias na base da sua génese.

A Fantasia e a Ficção Científica na Era da Interactividade, por João Campos
Gostei deste artigo sobre o modo como cada vez mais os criadores de videojogos se esmeram em desenvolver uma história bem contada, particularmente jogos subordinados a estes géneros. Reconheço que é uma boa tendência, apesar de não ser das pessoas que mais joga videojogos.

O Vampiro, de Jan Neruda
Apesar do título, parecia ser um conto que vai numa direcção, apenas para nos trocar as voltas no fim. Gostei da reviravolta final, pois dá outro valor ao conto, que até aí parecia não ter rumo.

As Crónicas de Dragonlance, por Safaa Dib
Um bom artigo a apresentar o mundo de Dragonlance e também a contar a experiência pessoal da autora com os livros. É uma saga da qual ando a ouvir falar há uns dez anos, e que por isso suscita-me alguma curiosidade.

Artigo 56º (Lei 107/2001), de Ágata Ramos Simões
Um conto divertido, especialmente no uso do Artigo citado, e com uma frase final muito gira sobre o que significa escrever (para a autora, assumo).

Távola Redonda - Três argumentistas partilham as suas experiências, por Safaa Dib
Gostei, especialmente por apresentar um lado do qual pouco se fala em Portugal, no mundo do F/FC e fora dele - a criação de argumentos para serem representados.

Arquivo Morto, de Gilmar Fraga e Paulo Stenzel
Nas outras Bang!s tenho gostado desta rubrica, e aqui não foi excepção. Gosto de como consegue contar uma história arrepiante em poucas páginas, do desenho cru, e do fim (quase) inesperado. E por alguma razão achei piada à onomatopeia BANG! na última página.

A revista termina com algumas críticas e recomendações, e a apresentação dos "Prémios Adamastor do Fantástico", organizados pela equipa Trëma. Sinto falta do segmento na última página que apresentava as novidades editoriais próximas de fantástico e ficção científica, mas percebo porque é que não se continuou a fazê-lo. Infelizmente em Portugal é muito raro as editoras divulgarem antecipadamente os lançamentos previstos para os meses seguintes, por isso o dito segmento não conseguiria trazer muitas novidades.

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