sexta-feira, 26 de julho de 2013

Colecção Super-Heróis DC Comics - Volumes 1 e 2

Desde o ano passado, com a publicação da Colecção Heróis Marvel (Série I e Série II) pela parceria Levoir/Público, que ficou a expectativa de se fazer uma colecção semelhante para a DC. Que chega agora às bancas, à Quinta-feira, para apresentar uma série de histórias seleccionadas de vários personagens da editora. Estou bastante curiosa, conheço muito menos a DC e espero que esta colecção ajude um pouco a preencher essa lacuna.

Em jeito de primeiras impressões, parece-me que a qualidade de edição se mantém. A capa dura, o papel (que é tão bom que me cortei nele, coisa que nunca me acontece), e a impressão parecem-me igualmente bons. Nota-se uma diferença no número de páginas - ambos os livros que já li (e comentarei a seguir) têm talvez umas vinte páginas a menos que a média da colecção da Marvel. Calculo que é uma escolha calculada para manter o preço de capa (8,90€) e não ter de o subir.

Nota-se mais algum trabalho nas capas (algo que já se via na Série II, acho eu), com o uso de imagens "por trás" do fundo a cores e a preto. (Se bem que passava sem esse artifício no fundo preto. Pelo menos na lombada, onde fica estranho.) Tenho é saudades do símbolo do herói que colocavam nas lombadas da colecção da Marvel. Acho que aqui também podiam tê-lo feito. Não sou a maior fã do fundo azul para ambas as capas, pela repetição da cor e pelo símbolo da DC, que já é azul e se "perde" um bocado no meio da capa.

E agora sobre o nome da colecção - para a Marvel o ano passado eram "heróis", este ano para a DC são "super-heróis"? Mas isto  aqui há filhos e enteados ou alguém está aqui a tentar compensar alguma coisa? (LOL) Fora de brincadeiras, isto não me incomoda por aí além, mas fiquei intrigada com a mudança. Talvez tenha algo a ver com exigências da editora? No blogue de um dos organizadores da colecção há uma referência a exigências da DC quanto ao que podia ser abordado nos editoriais, por isso imagino que hajam outras directivas que tenham condicionado a produção da colecção.

Liga da Justiça - Terra Dois, Grant Morrison, Frank Quitely, Ed McGuinness
Gostava que tivesse havido alguma homogeneidade no uso da expressão "Terra Dois/2" ao longo do volume. Compreendo que o original em inglês é "Earth 2", e também compreendo que tenham preferido ter o 2 no título por extenso para evitar confusões com as histórias que estiverem divididas por dois volumes, e que são distinguidos com os numerais. Mas então que ficasse "Terra Dois" pelo livro todo, bolas, que confusão. É que fica a sensação que se está a falar de dois conceitos diferentes.

Gosto muito da premissa desta história, porque apresenta as histórias de super-heróis e as noções duais de bem e mal sob uma nova perspectiva. É muito interessante ver a inversão de papéis e acontecimentos entre as duas Terras, as reviravoltas que ocorrem devido a nesta outra Terra o mal vencer sempre, em vez do bem. Quis ler mais sobre este mundo, soube-me a pouco e acho que seria fascinante conhecê-lo.

Sobre a arte, não sou a maior fã do desenhador. Reconheci-o da série Novos X-Men e não gosto muito da maneira como desenha as caras. Faz os olhos muito pequenos, desproporcionais para o tamanho da cara, e não têm expressividade nenhuma. Os olhos dos personagens parecem-me todos iguais e dão a sensação que estão sempre todos zangados.

Sobre a segunda história, JLA: Classified, não me captou tanto a atenção. Gostei da ideia de conhecer uma equipa de super-heróis que não a JLA, mas senti que estava a começar a história in media res e que não havia suporte suficiente para um leitor ocasional se aperceber de certas coisas. De onde veio esta equipa? De onde veio o vilão? A situação que tem de ser resolvida é apresentada de forma desconexa e não ajuda a perceber as coisas.

Por outro lado, gostei muito da arte, particularmente do dinamismo do desenho e do trabalho com as vinhetas e a sua orientação na página. Lembro-me de uma página em que as vinhetas eram as faces dum cubo em perspectiva isométrica. Ou uma em que as vinhetas eram o símbolo do Batman. Ou umas páginas com 4x4 vinhetas.

Batman - Herança Maldita, Grant Morrison, Neil Gaiman, Andy Kubert
A história titular, Herança Maldita, acaba por ser outra que me deu a sensação de lhe faltar um bocadinho de trabalho expositivo e de começar a história a meio. Achei a história apressada e que podia ser melhor desenvolvida. É uma ideia interessante, a do Batman ter um filho. Mas nem sequer vemos grande reacção do Batman a isto.

A história é só basicamente o puto a arranjar sarilhos, dar cabo do Robin e no fim o Batman aperceber-se dos motivos ulteriores da mãe do miúdo. E fim. Quero dizer, acontece uma coisa séria ao Robin, mas a história rapidamente varre-o para baixo do tapete e não há impacto emocional nenhum. Por outro lado, em termos de arte, gostei do trabalho de sombras e de algumas vinhetas de página inteira.

No entanto, adorei a segunda história, O Que Aconteceu ao Cavaleiro das Trevas?. É uma ideia tão, tão boa - apresentando na mesma história uma reflexão sobre a mortalidade do Batman, a natureza cíclica das histórias de super-heróis, e como a diferente perspectiva das pessoas forma memórias diferentes. As histórias contadas no funeral são fascinantes de seguir (especialmente a do Alfred, o mordomo). Uma história mesmo boa, 5 estrelas.

A arte agradou-me, aqui também pela projecção das vinhetas na página e do uso das silhuetas do Batman. A coloração tem em geral um tom escurecido, mas adequa-se à história.

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