domingo, 16 de março de 2014

Curtas: Seeking Her, Catch, The Scarlet Plague

Seeking Her, Cora Carmack
Uma curta história ou novela contada do ponto de vista do protagonista masculino de Finding It, Jackson Hunt. A narrativa começa algum tempo antes de Finding It, e mostra-nos o Hunt no início do trabalho de babysitter/guarda-costas/stalker da Kelsey, e quais foram as impressões dele sobre ela.

Gostei da história precisamente por causa do ponto de vista do Hunt. Dá para conhecer um bocadinho melhor o seu passado, e compreendê-lo. Acho interessante que ele tenha ficado fascinado com a Kelsey, e com a "chama" que ela emite, e que tenha compreendo tão bem que ela estava a trilhar o mesmo caminho que ele no passado. E que a quisesse ajudar e impedir de seguir por esse caminho.

Por outro lado, a história é tão curta... queria mais, bem mais. Permite-nos acompanhar alguns acontecimentos do Finding It do ponto de vista do Jackson, algo como 1/4 ou 1/3 da história... mas não inclui muitas das melhores partes. Gostava de saber o que motivou o Jackson a levar a Kelsey a viajar Europa fora, o que pensou em certos momentos, especialmente quando estão em Itália. Quando as coisas estavam a ficar interessantes, a novela acaba, infelizmente.

Catch, Michelle D. Argyle
É curioso. Sigo o blog da autora há sei lá quanto tempo, originalmente porque estava interessada numa história que ela tinha escrito, Cinders, uma espécie de sequela da Cinderela. Nunca cheguei a ler nenhum dos seus livros, vergonhosamente. No entanto, gosto muito de seguir o seu blog, e gosto de ler o que ela escreve... por isso achei que esta era uma oportunidade boa para parar de ser pateta e ler alguma coisa ficcional escrita pela autora.

Catch conta a história de Miranda, uma jovem que vai de férias com a família a Las Vegas, e que é assaltada por um ladrão bastante peculiar. Os dois envolvem-se num jogo bastante engraçado que poderá permitir à Miranda recuperar as suas coisas, e o resultado é algo surpreendente e bem giro.

A história em si agradou-me bastante. Acho que não estava à espera da maneira como as coisas se desenrolaram, mas foram uma boa surpresa. Deu para compreender os dilemas dos protagonistas, conhecê-los um bocadinho, e torcer por eles.

Contudo, gostava que a história fosse maior, pois a premissa é tão boa que adorava vê-la mais desenvolvida. O facto de ser tão curtinha também não me deu uma boa ideia de como é a escrita da autora. Acho que vou querer ler mais coisas dela.

The Scarlet Plague, Jack London
Esta é uma pequena história muito interessante. Publicada em 1912, postula que um evento apocalíptico, uma "peste escarlate", devasta quase por inteiro a população mundial em 2013. O tempo presente da história ocorre 60 anos após esta peste, em que um idoso que viveu os tempos da peste conta as suas vivências aos netos.

Não sou muito fã do enquadramento da narrativa. É um bocado inútil, o uso do avô a contar aos netos aquilo que aconteceu quando a peste começou. O autor refere que as pessoas neste mundo 60-anos-após-a-peste usam um modo de falar meio selvagem, e que os netos mal o compreendem com o seu uso de inglês culto, por isso não devem perceber uma grande parte da história que conta. Por isso, como artifício para apresentar a narrativa é frágil.

Por outro lado, adoro a ideia da peste como evento apocalíptico. As vivências do avô são muito vívidas e extremamente interessantes. É nesta parte que a prosa se destaca, e foi a parte que mais me cativou. Gosto imenso da maneira como o autor descreve o desmoronamento da sociedade e até lhe encontro algum mérito na descrição da peste (apesar de ter algumas dúvidas acerca do quão científica será... mas não lhe posso levar a mal, o autor escreveu isto há 100 anos, o conhecimento científico não era bem o mesmo). E o facto de imaginar o mundo todo ligado, em permanente comunicação, numa previsão da globalização que temos hoje, é algo de louvar.

Questiono, no entanto, a imaginação do autor nalgumas partes. Particularmente, no que toca à sociedade e costumes que vislumbra em 2013. Aquilo que menciona dá a sensação de uma sociedade altamente estruturada, uma sociedade de classes, muito como aquela de há 100 anos atrás. Acho que tendo mostrado a sua capacidade de previsão noutras áreas, foi muito modesto na estrutura social apresentada, ainda que fosse uma para ser destruída pela peste.

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