quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Este mês em leituras: Dezembro 2014

E chega o ano ao fim! Dezembro foi um bom mês para fechar leituras, estar com a família, receber umas coisinhas giras no sapatinho, e preparar e planear o novo ano, que espero que seja tão bom e rico em termos de leituras como este.

Livros lidos

(montagem às três pancadas porque não era exequível andar com os livros às costas para tirar uma foto; além disso, tive a oportunidade de usar o serviço Marvel Unlimited por um preço ridiculamente baixo, daí a adição à imagem, era mais fácil que adicionar as capas dos livros todos que li)

Opiniões no blogue

  • Curtas: BD parte I: Fatale - Volume Um: A Morte Persegue-me, Ed Brubaker, Sean Phillips; Tony Chu - Volume Um: Ao Gosto do Freguês, John Layman, Rob Guillory;
  • A Todos os Rapazes que Amei, Jenny Han;
  • Curtas: BD parte II: Sex Criminals Vol. 1: One Weird Trick, Matt Fraction, Chip Zdarsky; Velvet Vol. 1: Before The Living End, Ed Brubaker, Steve Epting, Elizabeth Breitweiser;
  • Dash and Lily's Book of Dares, David Levithan, Rachel Cohn;
  • Meg Cabot: O Diário da Princesa; O Diário da Princesa II; As Lições da Princesa;
  • A Revelação, Lissa Price;
  • Landline, Rainbow Rowell;
  • All Broke Down, Cora Carmack;  
  • Curtas: Mixórdia de Temáticas, Ricardo Araújo Pereira; Cama Supra, Rick Kirkman, Jerry Scott; Inside HBO's Game of Thrones, Bryan Cogman;
  • Curtas: BD: X-Men: Battle of the Atom, Jason Aaron, Brian Michael Bendis, Brian Wood, Chris Bachalo, Giuseppe Camuncoli, Frank Cho, Stuart Immonen, David López, Esad Ribić; Wolverine and the X-Men: Alpha & Omega, Brian Wood, Mark Brooks, Roland Boschi; New X-Men Vol. 7: Here Comes Tomorrow, Grant Morrison, Marc Silvestri;
  • A Prova do Ferro, Holly Black, Cassandra Clare;
  • Era uma vez...: Lady Thief, A.C. Gaughen.

Os livros que marcaram o mês

  • A Todos os Rapazes que Amei, Jenny Han - que livro totalmente adorável, com uma família amorosa, uma protagonista a descobrir como sair da sua zona de conforto, e uma história simples, mas que acabou por me cativar;
  • Landline, Rainbow Rowell - é a Rainbow, e não preciso de dizer mais nada... só ela para me pôr a ler sobre um casamento em crise, e ainda gostar de cada passo do caminho;
  • All Broke Down, Cora Carmack - melhor reviravolta de personagem, via o Silas como meio idiota no primeiro livro, para passar a sentir compaixão por ele e pela maneira como a cabeça dele está... e foi uma história fascinante de seguir, a viagem de descoberta dele e da Dylan.

Outras coisas no blogue


Aquisições

Outra montagem, porque é mais fácil do que andar com os livros atrás. Comprei o Landline num momento de fraqueza, porque a Rainbow Rowell tornou-se rapidamente numa autora favorita. O livro do Percy Jackson comprei com descontos em cartão, a ver se finalmente me ponho a terminar a série. De resto, temos ali BD Disney, e uma boa surpresa no topo.

É que encontrei Tempo de Segredos à venda numa papelaria, editado pela Harlequin, e foi completamente inesperado. Normalmente até costumo cuscar o site deles, para ver se editam alguma coisa que me chame a atenção (grande parte das vezes nem por isso), mas não me recordo de ter reparado no livro este mês. E ando há que tempos para espreitar o livro, por isso foi mesmo uma bela coincidência. Sempre achei que uma editora portuguesa lhe pegaria, o que acabou por nunca se verificar.

Tive a oportunidade de no início do mês aderir ao serviço Marvel Unlimited por uma pechincha, o que foi como que um bálsamo depois de descobrir que as revistas em português iam deixar de ser editadas. O serviço permite a leitura de todos os comics deles (os que estão em base de dados, pelo menos) com mais de 6 meses, e serviu para terminar os arcos que tinham ficado pendurados com as revistas, e explorar algumas coisas que andava interessada em ler. Hei de falar brevemente da minha experiência aqui no blogue.

A primeira parte das aquisições de Natal, que se deve às queridíssimas Patrícia do Chaise Longue e Elphaba do As Histórias de Elphaba. Foi uma surpresa giríssima, com os autocolantes, o marcador, e os chocolates - e no topo do bolo, a cereja, Predestinados da Josephine Angelini, um livro que ambas me têm gabado tanto e que me suscita a curiosidade, mas que tem sido difícil de encontrar nas livrarias. Por isso, muito obrigada, meninas! :D

A segunda parte das aquisições de Natal, oferecidas pela família. Aquela The Steampunk Bible tem um ar delicioso, a box do Batman tem três histórias que queria muito ler, e gosto sempre de ler companions de séries e filmes favoritos, por isso desta vez calhou aos livros da série Sherlock virem-me parar às estantes.

A ler brevemente

Esta pilha é baixinha de propósito. Os únicos livros que tenho a certeza que vou ler são os do Diário da Princesa, da Meg Cabot, para o meu desafio da autora, e o North and South, da Elizabeth Gaskell, que a Patrícia do Chaise Longue me desafiou a ler para a nossa rubrica A rainha manda....

Fora isso, ainda não sei bem o que vou ler. Esta época é sempre um pouco turbulenta, e é-me difícil focar nas leituras, quanto mais planear para os próximos tempos. Por isso, prefiro deixar ao acaso e ler conforme a minha inspiração na altura.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Desafios de leitura para 2015

Depois de ter resumido e avaliado os meus desafios de leitura de 2014, vou agora apontar uns desafios para o ano de 2015. Em princípio, vou manter os temas, com uma reserva (distopia/pós-apocalíptico, em que prevejo ler principalmente o que tenho em casa e as séries por acabar), uma eliminação (vou retirar o Steampunk dos géneros para desafio), e uma adição (juntar oficialmente o desafio Meg Cabot à lista).
  • YA/NA contemporâneo
  • YA fantasia épica
  • ficção histórica
  • distopia/pós-apocalíptico
  • desafio Meg Cabot

Vou manter o separador na barra superior do blogue dedicado aos desafios, e apesar de não as usar muito, vou também manter ali as listas de livros dedicadas às séries que tenho por terminar, e a séries que um dia gostava de ler. É uma espécie de wishlist de leituras, que me lembra dos livros que lá estão, apesar do factor psicológico não ter funcionado lá muito bem nos anos anteriores - sou demasiado distraída e teimosa para me manter no plano.

Vou continuar a acompanhar alguns objectivos de leitura, ou mini-desafios, mas não aqui no blogue, apenas no ficheiro onde registo as minhas leituras. Os objectivos são:
  • ler em inglês
  • ler autores portugueses
  • ler autores não anglo-saxónicos
  • ler audiolivros
  • ler clássicos
  • ler BD
  • ler contos/novelas/antologias
  • ler não ficção

São objectivos sem pressão, e não me importo se não chegar a ler de um ou outro tipo de livro. É mais uma maneira de ver a evolução das minhas leituras ao longo do tempo que outra coisa. E vou voltar a listar um conjunto de objectivos gerais que costumo listar todos os anos, a ver se os tenho em mente na minha vida literária ao longo do ano:
  • diminuir a lista de livros por ler
  • o que passa por comprar menos livros
  • gostava de terminar algumas séries
  • e tentar não começar muitas outras

E creio que é isso. Como já tenho dito, gosto bastante mais de fazer desafios pessoais, porque acabam por correr melhor e motivar-me mais, e por isso tenciono continuar a fazê-los. De resto, espero continuar a poder ler e opinar por aqui, e que o ano que vem traga mais boas leituras.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Balanço dos meus desafios de leitura de 2014

Chega agora a altura de avaliar os desafios de leitura a que me propus durante o ano de 2014. São desafios pessoais a que me propus, para me incitar (ou lembrar) a mim própria a ler determinados géneros, e vou avaliar cada desafio, considerando se estou satisfeita com as minhas leituras em cada um. É possível que o post seja longo.

YA/NA Contemporâneo

Livros lidos:
Acabei por alargar um pouco o âmbito deste desafio, que era originalmente só YA contemporâneo. Já o ano passado o tinha feito, mas este ano introduzi oficialmente o NA no nome. Dei-me conta que ultimamente tenho orbitado bastante também à volta do New Adult, para uma faixa etária ligeiramente mais elevada que Young Adult, e que valia a pena reconhecer isso.

Na minha cabeça são faixas etárias bastante ligadas, porque apesar do foco ser um pouco diferente, são ambas sobre uma idade crucial e com desafios muito próprios que passam pelo crescimento e desenvolvimento do protagonista. Tenho-me divertido bastante com ambas, e encontrado bons livros, definitivamente. Quanto a livros lidos, li 35 livros, contra os 13 livros do ano passado, por isso diria que definitivamente é um sucesso no que toca a dedicar-me mais ao género contemporâneo.

YA Fantasia Épica

Livros lidos: 
Gosto muito de fantasia épica, e tenho encontrado coisas fabulosas no género, dentro da faixa etária YA (tosse*Sarah J. Maas*tosse*). Portanto, é um desafio que faço com gosto, apesar de não ser um com muito peso nas minhas leituras.

Desta vez não incluí a Robin LaFevers nem a Juliet Marillier porque honestamente nunca sei onde meter os livros delas - este ano decidi-me a colocá-las debaixo do grande guarda-chuva da ficção histórica, porque me parecem mais fantasia histórica que outra coisa. Se tivesse excluído as duas autoras da minha lista o ano passado, teria 8 livros, como este ano, por isso diria que o peso do género manteve-se igual.

Ficção Histórica

Livros lidos:
Este ano alarguei o âmbito do desafio, que era originalmente só YA, para toda a ficção histórica, seja que em faixa etária for. Nesse espírito, incluí todos os tipos de livros que retratem um cenário histórico de modo satisfatório e cuja importância seja definitiva para a narrativa.

Temos ficção histórica realista (notação: H), romance histórico ou de época (notação: RE), fantasia histórica (notação: FH), quando a história contém elementos fantásticos, mas uma base histórica real, e até algo a que vou chamar retelling histórico (notação: RH), uma categoria que inventei para os livros da A.C. Gaughen.

Por um lado podiam ser ficção histórica, porque ela descreve detalhadamente um período muito específico da história, mas ao mesmo tempo está a recontar uma lenda dum personagem ficcional (Robin Hood), por isso não me parece que faça muito sentido pô-la na ficção histórica realista.

De qualquer modo, a classificação por géneros tem o peso que lhe damos, nem mais, nem menos, e às vezes inventamos tanto nos géneros que se tornam artificiais, por isso não vou perder sono por isto. Não é algo assim tão significativo.

No total, tenho aqui 20 livros, que é bem mais que no ano passado (10 livros), o que se explica possivelmente pelo alargar do desafio. Considero-me satisfeita com o que li, e quero continuar para o ano.

Steampunk

Livros lidos:
  •  
Pois... não li nada. Nem livros que tivesse na estante, nem livros da wishlist, nada. Este foi um desafio que mantive da altura em que participava em desafios organizados por blogues, e como gosto do estilo, estética e género steampunk, achei que valia a pena continuar com ele, apesar de claramente nâo ter grande preponderância nas minhas leituras. O resultado é que vou deixar de fazê-lo, porque não vale a pena insistir. Se ler, boa, fico contente, se não, tudo bem na mesma.

Distopia/Pós-Apocalíptico

Livros lidos:
Ok, estou um bocado saturada do género, principalmente das distopias. Entre este e o ano anteriores, li quase 50 livros, e já deito distopias pelos olhos. Vou manter o desafio para o ano como um semi-desafio, ou desafio secundário, porque tenciono continuar a ler o género, no sentido em que quero ler os livros que tenho em casa, ou os livros que continuam séries que estou a seguir.

No entanto, não tenciono procurar livros ou séries novas. Talvez o peso venha a ser maior para os livros pós-apocalípticos, que foi um género menos explorado por mim e que acho que ainda tem algo a dizer-me. Li 19 livros, contra os 29 do ano passado, mas não me importo com a diminuição, porque foi deliberada. Foi um bom desafio, e diverti-me a fazê-lo em leituras conjuntas com outras pessoas, mas prefiro não continuar, não com esta intensidade.

Leituras Natalícias

Livros lidos:
Acabei por não ler os Contos de Natal, de Charles Dickens, como tencionava, mas substituí-o pelo Landline, que também ocorre nesta época. (Não desfazendo, foi uma bela troca, pois é um livro da fantástica Rainbow Rowell.) E foi um bom conjunto de leituras natalícias, que ajudou a conjurar o espírito da época.

Desafio Meg Cabot

Comecei este desafio com o intuito de reler duas séries da autora, a do Díario da Princesa, e a da Mediadora, pois brevemente vai sair mais um livro para cada série, mas acabei por estender o desafio a toda a backlist da autora, para ver se finalmente releio o que já li dela, e leio o que não ainda li dela, coisa que para uma fã como eu é quase criminoso.

Li 19 livros, e pretendo continuar no próximo ano (ela ainda tem muitos livros publicados), por isso prevejo que o número aumente em 2015, já que em 2014 comecei o desafio quase a meio do ano. É um desafio que me está a dar muito gozo fazer, porque sempre fui fã da autora, e estou a gostar de a ler em várias frentes, comparando géneros e estilos e modos de escrever.

Outros desafios pessoais

  • Ler audiolivros, ler não-ficção, ler noutras línguas que não o inglês: yep, nada de nada. São desafios não essenciais para mim, suponho. Os audiolivros continuam uma curiosidade para mim, e depois duma experiência não muito boa, é complicado voltar a ter vontade de voltar a eles. Não-ficção é um género que não me é habitual ler; se um livro me chamar a atenção, tudo bem, mas não corro à procura do género só para dizer que li. Ler noutras línguas acrescentei o ano passado por ter lido um livro em espanhol, e achei que podia tentar repetir a gracinha este ano, mas não se proporcionou.
  • Ler clássicos e ler autores portugueses: muito fraco. Li dois no primeiro caso (uma novela e uma adaptação de um clássico, na verdade), e três no segundo caso (dois dos quais BD que incluía autores portugueses, e um um livro de crónicas). No caso dos clássicos, acho que simplesmente não estive para aí virada. Ainda considerei reler alguns favoritos, mas não cheguei a vias de facto. No caso dos autores portugueses, infelizmente é rara a coisa que me capta a atenção, e mais raro ainda eu pegar-lhe atempadamente, para mal dos meus pecados
  • Li 26 livros cujos autores eram de nacionalidades que não as do mundo anglo-saxónico (excluo os portugueses também, por estarem num mini-desafio à parte), o que é um bom número, e que se deve somente à banda desenhada. Uma forma narrativa que acaba por ser bastante mais abrangente do que a edição de ficção, que pelo menos aqui em Portugal me parece bem dependente do mercado anglo-saxónico - e como a oferta de autores de outras nacionalidades acaba por ser reduzida, a minha leitura também não se orienta para aí. Já a banda desenhada tem focos de BD pelo mundo fora, sendo que li alguma coisa franco-belga, e algum manga (japonês); e mesmo entre o mercado norte-americano, no qual me foquei bastante, se encontram facilmente artistas de outras nacionalidades, e ainda bem.
  • Li 22 contos, novelas, ou antologias dos mesmos: 15 contos ou novelas, 1 antologia ilustrada, e 6 antologias de contos ou novelas. É um bom número, bem melhor que no ano passado, e fico contente por estar a apostar neste formato, pois encontrei algumas coisas interessantes, e é uma bela maneira de complementar as minhas leituras, além de permitir explorar novos autores e conhecer histórias secundárias à narrativa principal de algumas séries.
  • Li um pouco menos de BD este ano (e até li mais livros no total), 70 livros, mas não é uma diferença significativa (provavelmente deve-se ao peso dos contos/novelas), e sem dúvida que aprecio muito ler histórias nesta forma narrativa, que é fascinante e encanta-me aprender qualquer coisa nova a cada leitura.
  • Um pouco mais de metade das minhas leituras foram em inglês (99 livros), tal como no ano passado, porque lá está, continuo algo desmotivada com a edição em português, que se afasta muitas vezes dos meus gostos, para não falar de outros pecadilhos que comete... mas a percentagem de livros em inglês, em relação ao total de livros lidos, é ligeiramente menor, o que talvez se deva a que este ano até tive boas surpresas, encontrando uma boa quantidade de livros que me suscitavam interesse e que foram prontamente editados em português.

E pronto, este é o resumo muito alargado do que andei a fazer este ano em leituras, do que me desafiei a ler e do que consegui realmente ler. Prefiro este tipo de desafios pessoais, sem limites, sem pressão, porque não faz sentido para mim obrigar-me a ler assim e assado, que só vai dar asneira.

É por isso que evito pôr objectivos concretos, e quando os ponho (como no Goodreads Reading Challenge), ponho limites razoáveis e realizáveis. Não faz sentido pôr a fasquia nas nuvens, se não tenho esperança de lá chegar, isso é deitar abaixo a minha leitura, e ler só para chegar a um número. Prefiro pôr a fasquia onde a possa ver, e saltar, porque vou ficar bem mais animada e satisfeita com o que estou a fazer, em vez de ter vontade de atirar os livros da janela porque não cheguei a um limite imaginário.

Ler é um passatempo, é algo que me dá gozo, e não vou fazer nada que me tire o prazer que tiro de ler. Este tipo de coisas é só uma brincadeira que faço com as leituras, por graça, e porque sou uma taradinha das estatísticas, e adoro programar o ficheiro Excel que tenho para acompanhar estas coisas, apesar de ser uma esquecida a actualizar os desafios. (Estive ainda hoje a verificar se tinha tudo certo.) De qualquer modo, tenciono continuar a desafiar-me nestes moldes, porque é como funciona melhor para mim, e essa é a parte importante da coisa, é fazermos como resulta melhor para nós.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Era uma vez...: Lady Thief, A.C. Gaughen


Opinião: E lá estou eu a voltar a usar esta rubrica para recapturar um livro que li há algum tempo, mas que não cheguei a opinar. Podia ter deixado esta opinião para trás por muitas razões, mas no caso deste Lady Thief, foi por ser demasiado fabuloso e emocionante e lindo. Não estou a exagerar. Na altura em que o li fiquei sem palavras, e foi uma altura complicada, por isso temi que se as arranjasse, não lhe fariam justiça. Contudo, não podia deixar terminar o ano sem o opinar, por isso aqui vai. (Não que ache que as minhas palavras se tenham tornado mais adequadas entretanto.)

Depois do final repleto de problemas e drama que teve Scarlet, Lady Thief coloca os nossos protagonistas numa posição difícil. Robin está num mau lugar, mentalmente, sem esperança, e isso complica as relações interpessoais entre os integrantes do bando, mas particularmente a ligação que a Scarlet e ele têm. Tenho muito orgulho que ela o defenda e o tente proteger, mas também que se afaste e aceite que não pode fazer nada, e evite magoar-se mais no que é uma situação bastante complicada.

Devido às circunstâncias do final do livro anterior, Scarlet aceita então uma nova posição, posição essa que a vai atirar para o meio da corte inglesa da altura. O Príncipe John vem escolher um novo xerife, com uma competição para ver quem é o melhor, e é esperado que a Scarlet se "comporte". Mas estamos a falar da Scarlet, não é? Demasiado indomável para fazer o que realmente se espera dela.

Acho que esta questão da introdução da corte acaba por ser tornar fascinante. Quero dizer, a Scarlet já fez parte deste mundo, e afastou-se deliberadamente, e sente que não pertence nele, porque é demasiado directa e insubmissa e tem falta de paciência para salamaleques. E é um mundo traiçoeiro, e ameaça engoli-la viva e cuspir só os seus ossinhos. Contudo, como o Much (grande Much) lhe faz ver, ela tem uma posição aqui. E uma que pode usar para os seus objectivos, para ajudar aqueles que não se podem defender.

Continuo a achar a Scarlet uma protagonista fabulosa, dura e difícil, corajosa e feroz, decidida a fazer o que é preciso, mas recusando-se conforto, achando que por carregar uma sombra, espelho das tragédias do passado, não é merecedora de mais. E a relação dela com o Robin é a coisa mais adorável de sempre, porque ele também é um pouco assim, e é essa humildade que os vai levar a fazer coisas grandiosas, tenho a certeza. Além disso, são fantásticos juntos, têm uma ligação forte e profunda e de iguais, o que era sem dúvida algo raro nestes tempos.

Gosto tanto dos rapazes do bando, particularmente o Much, um miúdo espectacular, praticamente o melhor amigo da Scarlet, que muito a apoia, mas pragmático, e sem problemas em chamar-lhe a atenção para a verdade quando está a ser tola. Discreto e cheio de bom senso, e quero muitas coisas boas para ele.

Quanto ao John, parte-se-me o coração. Não gosto totalmente da personalidade dele, mas acaba por ser boa pessoa, leal, cheio de sonhos, querendo apenas os prazeres simples da vida. E nem sempre se pode ter tudo. No fim de contas, custou-me ver uma certa coisa que lhe acontece, porque não o merece, de todo.

Dentro do elenco secundário, quero destacar três pessoas. O Allan a Dale, que é agora introduzido, e já é o maior defensor da Scarlet, leal à sua lenda e com vontade de a ajudar. O príncipe John, que faz jus à lenda, sendo um puto mimado, mesquinho e vingativo. E a rainha viúva Eleanor, que parece ser como a história a retrata, uma mulher formidável, esperta, defensora dos seus, capaz de usar as capacidades que tem à mão para navegar as complexas águas da sua vida.

Vemos em detalhe, na história, como a rainha é capaz de guardar os seus segredos, e como tenta gerir o filho execrável que tem, defendendo que ele tem a faísca para ser grande. Gosto bastante dela, e da relação que acaba por ter com a Scarlet, porque acho que elas reconhecem que têm algumas coisas em comum. A Scarlet reconhece nela uma mulher que tenta fazer o melhor que pode, numa época que não era generosa para as mulheres, e há um certo feminismo nisso, algo que me agrada.

A lenda do Robin Hood acaba por ser mais um pouco explorada, com a situação do concurso de habilidades (particularmente o arco), e é uma questão cativante, que põe todo o peso nos ombros dele e da Scarlet, pois tanto depende da vitória.

Esta situação, combinada com algumas certas revelações finais, é motor para a mudança do status quo, mas preocupa-me, porque nem tudo é bom, e quando parece que a Scarlet e o Robin vão poder ficar finalmente juntos, raios, acontece alguma coisa para borrar a pintura. A autora é exímia nisso, que tortura.

E não me parece que eu vá ter descanso no terceiro livro. Falta retratar alguns pontos da lenda do Robin Hood, pontos esses a que eu acho que a autora não vai resistir, e que vão contribuir para fazer sofrer ainda mais um bocadinho os pobres do Robin, da Scarlet, e até de mim.

Bem, acho que a melhor prova que o livro é fantástico, e que eu amo esta série, é que eu escrevi isto tudo de cabeça e nem precisei de rever o livro, mesmo após uns 10 meses - tudo o que queria dizer estava já cimentado, só precisava de deitar cá para fora. (Não resisti a voltar a virar as páginas, mas isso é porque estava com saudades.) Se faz jus ao livro, não sei, mas espero que sim, que a magnífica Scarlet merece muito.

Páginas: 320

Editora: Walker (Bloomsbury)

sábado, 27 de dezembro de 2014

A Prova do Ferro, Holly Black, Cassandra Clare


Opinião: Tenho gostado bastante do trabalho da Cassandra Clare até agora, e delicia-me que ela se tenha dedicado a explorar o mesmo mundo (o dos Caçadores de Sombras) ao longo de várias séries, mas também fiquei satisfeita com a notícia de ela ir escrever uma série diferente, pois estava curiosa para ver como se dava.

Sinto que devia começar por abordar a questão das comparações com Harry Potter, e tirar logo isso do caminho. Bem, são duas séries/livros sobre escolas mágicas, e o que não falta por aí são livros sobre escolas mágicas, mas suponho que compará-las é como comparar uma alface e uma couve. Sim, se franzirmos os olhos até se encontram semelhanças, mas ambas são usadas de modo distinto e o sabor é completamente diferente, por isso...

Quero com isto dizer que as autoras de ambas as séries são escritoras bem diferentes, com preocupações e estilos distintos, e que usando o mesmo tema as abordagens serão necessariamente diferentes. Suponho que se partisse para a leitura com a ideia fixa de implicar e de encontrar pontos de comparação, era tudo o que teria feito; contudo, prefiro focar-me nas diferenças, no que torna esta história única, porque é aí que Cassandra Clare e Holly Black se destacam.

Achei que as autoras pegam nos clichés, no que é esperado neste tipo de história, e dão-lhe uns beliscões, umas torcidelazinhas, e o resultado final acaba por ser agradável precisamente por fugir ao esperado. Callum, o protagonista e narrador, está longe de ser o herói típico, sendo mal-humorado e desconfiado e lidando mal com a sua incapacidade.

Aaron podia ser o sidekick, mas acaba por ser o menino bonito, o potencial Escolhido. Tamara é a que conhece o mundo dos magos e é pressionada para ser a melhor pelos pais, mas debate-se com isso, preferindo ser uma pessoa melhor que o legado familiar. Jasper, o bully de serviço, acaba por ser menos eficaz do que se esperava.

Também aprecio ver aqui aplicada uma coisa que a Cassandra tem tentado fazer cada vez mais nos seus livros, e que é um esforço concertado para introduzir diversidade, uma variedade de experiências humanas que tornam a história mais rica. Torna-se refrescante perceber que os personagens não são, por defeito, todos caucasianos, e a questão da deficiência física do Callum é bastante interessante, porque mostra um miúdo a debater-se com a incapacidade que tem, a ficar frustrado com isso, e a não saber lidar muito bem com o assunto, como um pré-adolescente faria.

A história não é muito forte em termos de enredo, aliás, diria que não tem propriamente um enredo principal, um fio que ligue as partes que compõem a história. O livro é claramente introdutório ao mundo, mas foi isso que apreciei nele, pois aquilo que vi deixou-me bastante intrigada e com vontade de saber mais. Pelo menos, tem potencial para ser uma coisa bastante boa.

Em termos de worldbuilding até achei piada à escola e ao modo como funcionava, mas o que me interessou mais foi o sistema de magia, baseado nos elementos - aquilo que vi deixou-me fascinada, e quero muito descobrir mais. O modo como a magia tem um peso, como o esforço mental condiciona a manifestação física, e até a maneira como a magia funciona e que levou à criação e evolução do vilão... promete.

O elenco de personagens secundários encerra algumas personalidades interessantes... o mestre Rufus, por exemplo, principalmente porque é alguém difícil de ler e gostava de saber quanto é que ele sabe realmente sobre certos assuntos. Ou o pai de Callum, que sabe muito mais do que diz, e é até perturbador pensar no tratamento que deu ao miúdo ao longo deste tempo todo, mentindo-lhe e escondendo-lhe coisas, e grande responsável pelo estado físico em que o rapaz está. Ou a figura do vilão que aparece no fim e cuja relação com Callum me deixa extremamente curiosa.

Quanto ao final, passei o tempo todo a tentar adivinhar a reviravolta, e sabia que vinha aí uma, mas não posso dizer que tenha adivinhado a situação em questão. Contudo, quanto mais penso nela, mas lhe acho piada, mas intrigante se torna, porque pode vir a ser uma fonte de um desenvolvimento extraordinário de personagem para o Callum. Só de pensar nas potencialidades até fico animada, mas também curiosa em como as autoras vão desenvolver a história a partir daqui.

Em suma, uma história bem gira, muito introdutória, mas que me fez passar um bom bocado e conseguir captar a minha atenção e cativar-me o suficiente para me manter investida na história e me dar vontade de continuar a ler a série. É um pouco mais juvenil do que estou habituada a ler (é middle grade, aponta para as idades 8 a 12 anos, mais ou menos), mas isso não foi entrave à leitura. Não conhecia propriamente a escrita da Holly Black (só li um conto dela), mas estou com vontade de lhe dar uma oportunidade no futuro.

Título original: The Iron Trial (2014)

Páginas: 320

Editora: Planeta

Tradução: Catarina F. Almeida

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Uma imagem vale mil palavras: O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos (2014)

Bem, não me queria armar em espertalhona e dizer que eu bem disse, e que eu sabia, mas a verdade é que tinha uma ideia certeira ao torcer o nariz quanto a este esticanço do livro para três filmes. Com o material novo introduzido, dois teria sido o ideal; porque este terceiro filme falha um bocado em termos narrativos, e em bastar por si só.

Se visse os três filmes de seguida talvez não me fizesse diferença. Em conjunto acredito que façam uma narrativa mais coesa e satisfatória. Mas assim, a transição entre o segundo e terceiro (este) filmes é fraca. Não basta o segundo filme ter acabado numa cena extremamente anti-climática, com o Smaug a dirigir-se para a Cidade do Lago... este filme pega logo no momento a seguir.

O que é que isto quer dizer? Bem, passou um ano. O espectador médio (eu incluída) não teve oportunidade de rever o segundo filme, e não tem bem presentes as posições e preocupações dos personagens... por isso, sei lá, seria adequado um par de cenas para (re)conhecermos e nos voltarmos a preocupar com as gentes da Cidade do Lago, e o Bard e a Tauriel e os anões que por lá ficaram. Ora não há nada disso, e começamos logo em força com o dragão a bufar e a deitar fogo, e somos logo lançados na acção - não me parece um modo orgânico de começar a história.

E depois a partir daqui? Bem, o filme dá jus ao nome. Muita conversa e muita preparação para a titular batalha, e depois a dita cuja. Talvez isso me tenha feito parecer que o filme se arrastou um bocadito.

Oh, até gostei da exploração da história aos poucos, o crescendo para a batalha, mas quando chegámos às lutas em si, dei por mim às vezes a pensar "mas este tipo nunca mais morre?": no caso de Bolg e Azog, ambas as cenas duraram e duraram, e em ambos os casos bem que podiam ter sido derrotados mais cedo. (Ainda percebo o arrastar do Azog - temos de justificar a perda que inflige.)

Em certos pontos, tornou-se fácil perder o curso da batalha, quem estava aonde; e fiquei com a sensação que exageraram um pouco a seriedade da dificuldade que as coisas estavam para a equipa anões-humanos-elfos. Por muito que a chegada das águias tenha salvo as coisas, pergunto-me se elas seriam capazes de virar a batalha assim tão facilmente. Bem, em suma, aborreci-me um nadinha com tanta luta, e isto é vindo duma pessoa que adorava As Duas Torres por causa da batalha de Helm's Deep, portanto...

Bem, por outro lado, os efeitos visuais estão fantásticos, mesmo a jeito para a versão XPTO (IMAX+3D+HFR), e contribuíram para animar as cenas de batalha e manter o interesse. É algo de espantoso voltar ver as acrobacias do Legolas, ainda mais com aquela definição toda, que dão um novo ar àquela coisa de ele andar a saltar por cima das coisas (e das pessoas). As cenas do Smaug no início também estão boas, e destacaria também a apresentação de algumas das criaturas da Terra Média (minhocas gigantes! *tosse*Dune*tosse*; as montadas fabulosas dos anões e do Thranduil!), ou a cena em Dol Guldur com os Nazgûl e o Necromante.

Alias, a cena em Dol Guldur deve ser das minhas partes favoritas. É que não só temos direito ao Elrond e ao Saruman a distribuir porrada entre os Nazgûl, como também à Galadriel em modo sombrio e BAMF a tentar expulsar o Necromante. É lindo de observar.

Acho que uma das coisas que gostaria de destacar no filme e na trilogia é o desenvolvimento dos personagens e da relação entre eles, tanto o bom como o mau. Mudaram um pouco a dinâmica que o Bilbo tem com os anões, e a proeminência que tinha em certas partes; mas acabei por ficar satisfeita com o papel dele, e com o trabalho do Martin Freeman, que se revelou perfeito para o estoicismo e poder de encaixe que o Bilbo tem. Além disso, o Bilbo tem sempre as melhores tiradas.

Também acho que acabaram por trabalhar bastante bem o Thorin, um pouco diferente do livro, o que não é necessariamente mau, porque o Thorin do livro é resmungão até dizer chega, e não é difícil aceitar que tenha perdido a cabeça por causa da Arkenstone. Com esta versão do personagem podemos acompanhar uma queda de graça, e apreciar a relação que o Thorin e o Bilbo têm, e como a preocupação do Bilbo dirige a sua conduta no decorrer dos acontecimentos.

A relação que me fez alguma comichão ao longo da trilogia é o par Tauriel-Kili. Aceito o conceito e a ideia, mas a execução acabou por ser muito fraquinha. Não há momentos suficientes para o par brilhar, e o seu fim é ridículo. Bem, o da Tauriel, pelo menos. O destino do Kili é conhecido de quem tenha lido o livro; à Tauriel nem é dado qualquer tipo de fecho sobre o seu arco narrativo.

A sua última cena é uma conversa com Thranduil que explora um pouco a situação em que está, mas não esclarece nada sobre o que lhe vai acontecer daqui para a frente. A personagem é como que largada. Até acredito que o Peter Jackson tenha filmado mais qualquer coisa para ela e que a cena tenha sido cortada na edição, mas é um mau serviço feito a uma personagem que foi introduzida de propósito para o filme.

Uma pena, porque a Tauriel podia ter sido um belo comentário à atitude geral e posição dos elfos de Mirkwood, e um bom contraponto aos mesmos, mas perdeu-se no meio dum pseudo-triângulo amoroso mal amanhado. Tanto a Evangeline Lilly como o Aidan Turner mereciam um pouco mais que isto para trabalhar.

Gostei do bocadinho maior dedicado ao Thranduil, mas também a história dele não fica bem fechada, e o fantástico Lee Pace bem que podia ter mais um pouco de tempo de antena. Já o Bard é menos desenvolvido que nos livros, particularmente a sua linhagem, mas mantiveram coisas suficientes para ficar satisfeita. Também cortaram muito do Dain e da sua importância, e pelo que vi no filme era um personagem que adorava ter visto mais desenvolvido.

Em suma, estou dividida. Isto é claramente um trabalho de amor, e estou grata por poder ter visto mais da Terra Média no ecrã; no entanto, há demasiadas coisas na adaptação d'O Hobbit que me deixam frustrada. Consegui imergir na história durante partes desta trilogia, contudo não com a avidez que tinha na trilogia original.

É inútil fazer comparações com tanta distância temporal, mas é o mesmo material e fi-lo, em parte. Talvez eu já não tenha a mesma capacidade de maravilhamento, ou talvez tenha uma menor tolerância para asneiras. Talvez uma década e outros constrangimentos possam desculpar algumas coisas. De qualquer modo, seria interessante fazer o exercício de ver estes três filmes, e depois os d'O Senhor dos Anéis. (Versões extendidas à mistura.) Um dia hei de me dedicar a isso.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Neste Natal...

... desafio-vos a encontrar o "Wally":


["Wally" esse que não discrimina entre árvores, sejam artficiais ou naturais. Trepar é mesmo com ele.]

Bem, aproveito para desejar a todos um Feliz Natal, com coisas deliciosas na mesa, a companhia de boa gente, e umas prendinhas debaixo da árvore com o vosso nome nelas. (Se forem boas leituras, ainda melhor. :D)

P.S.: O "Wally" espera que não tenham de trepar à arvore de Natal para chegarem às prendas, como ele. ;)

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Curtas: BD

X-Men: Battle of the Atom, Jason Aaron, Brian Michael Bendis, Brian Wood, Chris Bachalo, Giuseppe Camuncoli, Frank Cho, Stuart Immonen, David López, Esad Ribić
Para um evento que foi espalhado por 5 revistas diferentes dos X-Men durante 2 meses, a história é bastante coesa, sem se engasgar, e corre muito bem. Fiquei com a sensação que toda a coisa foi minimamente planeada.

Battle of the Atom lida com a questão de os X-Men Originais ainda se manterem no presente; e para resolver isso, alguns X-Men do futuro viajam até ao presente para corrigir a situação. Para uma história com tanta acção e reviravolta, o status quo não muda tanto como esperava, mas muda o suficiente para me manter curiosa. A Kitty mudar de poiso depois de tanta crítica ao Scott vai ser uma coisa interessante.

Parte da piada da história é os personagens encontrarem-se com versões mais antigas ou mais recentes de si mesmos e confrontarem-se com as mudanças que foram operadas: certos personagens chegam a ter 4 (!) versões de si mesmos no mesmo local. Achei terrivelmente divertido conhecer os vários Bobbys/Homens de Gelo, e as piadinhas que iam largando ao longo da história; e também ver o Quentin Quire, enfant terrible extraordinaire, aperceber-se que o seu eu futuro é capaz de ser o seu maior pesadelo. Oh, e as reacções da Maria Hill a cada vez que descobria mais uma asneira/coisa perigosa que os X-Men tinham feito foram hilariantes.

Acho que os escritores podem ter sido um pouco subtis a mais em certos aspectos (a razão da Jean mais nova aceitar voltar ao seu tempo é daqueles momentos blink and you'll miss it), e deixaram umas pontas soltas que gostaria de ver exploradas, mas no geral fiquei satisfeita, excepto num ponto: não posso uma vez na minha vida ver a Emma dar um enxerto de porrada psíquica à Jean? Nem quando tem três clones dela e uma Jean mais nova a ajudá-la? E quando depois a Jean mais nova consegue fazer o trabalho sozinha, por isso a Jean mais velha não era assim tão poderosa como isso? Bah, este endeusamento da Jean Grey é boring.

Wolverine and the X-Men: Alpha & Omega, Brian Wood, Mark Brooks, Roland Boschi
Ok, o Quentin Quire é daqueles personagens que anda a arranjar sarilhos desde que apareceu pela primeira vez, muitas vezes saindo incólume e sem um pingo de arrependimento. Mas é por isso que é um personagem tão divertido de seguir. Serve como uma representação da adolescência, todo ele arrogância, revolta e anti-sistema. E é por isso que é tão engraçado ver futuros Quentins em futuros alternativos, todos eles  bastante mais responsáveis e razoáveis. É interessante pensar no percurso que o leva a mudar de atitude.

Bem, aqui o objectivo não é de todo esse. Aborrecido e com vontade de executar uma vingançazinha contra o Wolverine, o Quentin cria um mundo virtual alternativo quase perfeito, e nele fecha a psique do Logan e da mutante Armadura/Armor, ou Hisako. Só que o Quentin distrai-se por um bocadinho, e as coisas correm mal, e quando dá por ele o mundo virtual tornou-se independente e ganhou um tipo de inteligência artificial.

Gostei bastante do design do mundo artificial. Os artistas envolvidos eram diferentes dos do mundo real, e criaram um mundo bem cativante visualmente. Além disso, achei muito interessante a sua concepção: lembrou-me um dos mundos sonhados no filme Inception na maneira como funcionava.

No fim de contas, acho que o Quentin devia ter sido mais castigado do que foi, se bem que ele também sofreu um bocadinho no mundo virtual. Mas o rapaz faz asneira atrás de asneira, apesar de todo aquele poder, e nunca mais aprende.

New X-Men v. 7: Here Comes Tomorrow, Grant Morrison, Marc Silvestri
Era uma vez, aquela altura em que a Devir editava muita banda desenhada e vendia nos quiosques, e eu comprava o que encontrava na papelaria da minha terra. Nessa altura, li quase toda a passagem de Grant Morrison por este título dos X-Men, menos este livro, que nunca foi editado, creio eu. E foi por isso que agarrei esta oportunidade para lhe dar uma olhadela.

Acho que tinha aproveitado muito mais se pudesse ter lido este livro na altura em que li os outros. Há coisas que de certeza me escaparam, mas também houve muita coisa que reconheci dessa série, pequenos pormenores que fazem parte da sua "mitologia" particular. E foi mesmo satisfatório encontrar esses detalhes.

A história em si podia estar apresentada dum modo menos confuso, acho que leva um bocadito a estabelecer este futuro quase distópico, e é difícil acompanhar a história enquanto não nos é explicado como é que este mundo veio a acontecer. Por outro lado, aquilo que é revelado é intrigante, fiquei bastante interessada quando reconheci algumas caras da série, e acrescenta mais um pouco à mitologia da Fènix.

O fim é algo anti-climático, ou melhor, não passa tempo suficiente no presente para estabelecer as mudanças que se virão a efectuar, e depois quando acontecem parecem um pouco abruptas. Mas aqui é bem provável que seja mais porque não tenho bem presentes os acontecimentos anteriores de New X-Men. A arte agradou-me, particularmente no design da Fénix.