sábado, 31 de outubro de 2015

Este mês em leituras: Outubro 2015

Mais um mês que termina. Um mês calminho, no que toca à minha vida literária, mas ainda assim agitado na vida real. Como sempre, lá vou gerindo a coisa conforme posso, e aproveitando os momentos livres para ler, ou descansar e fazer outras coisas, quando a vontade me leva nessa direcção.

Livros lidos

Falta o livro de contos da Meg Cabot, que é um e-book.

Opiniões no blogue

  • Queen of Shadows, Sarah J. Maas;
  • Meg Cabot: Boy Meets Girl, Every Boy's Got One;
  • Harry Potter e a Câmara dos Segredos, J.K. Rowling;
  • Curtas: Poderosos Heróis Marvel: Capitão América: Sonhadores Americanos, Ed Brubaker, Steve McNiven, Giuseppe Camuncoli, Travis Charest, Ed McGuinness, Frank Tieri, Paul Azaceta; Wolverine: Ilha da Morte, Frank Cho; Demolidor: Partes de um Todo, David Mack, Joe Quesada, David Ross;
  • Imunidade, Eula Biss;
  • Every Word, Ellie Marney;
  • Curtas: BD: The Unbeatable Squirrel Girl vol. 1: Squirrel Power, Ryan North, Erica Henderson; Batwoman vol. 3: World's Finest, J.H. Williams III, W. Haden Blackman; Batgirl vol. 3: Death of the Family, Gail Simone, Daniel Sampere; Hawkeye vol. 4: Rio Bravo, Matt Fraction, David Aja, Chris Eliopoulos, Francesco Francavilla;
  • Volta Para Mim, Mila Gray/Sarah Alderson.

Os livros que marcaram o mês

  • Harry Potter e a Câmara dos Segredos, J.K. Rowling - oh, descobri que gosto mais deste livro do que me lembrava... é mais sério e escuro do que lhe dava crédito, e adoro o mistério em torno da Câmara dos Segredos;
  • Imunidade, Eula Biss - surpreendentemente, gostei da abordagem da autora ao tema, e as ideias que traz à area;
  • Every Word, Ellie Marney - este livro, esta série e esta autora acertam em todos os items de uma checklist imaginária sobre coisas que eu gosto de ler, fazendo de mim uma fã incondicional e ligeiramente histérica;
  • Hawkeye vol. 4: Rio Bravo - é o fim desta série, e terminou com um estoiro... vou ter saudades.

Aquisições

As aquisições de ficção do mês. Uma série de livros muito esperados (Six of Crows, Carry On, The Rose Society), mais uns quantos que me deixam curiosa, e não podia resistir a ter a edição portuguesa do Trono de Vidro, um dos meus favoritos.

As aquisições de BD do mês, com livros da colecção Poderosos Heróis Marvel, e o primeiro livro duma colecção nova em estilo fascículos da Salvat (a Colecção Oficial de Graphic Novels Marvel). Mais o segundo livro de Lumberjanes, e uns livros da Panini Brasil que vi à venda na Fnac, e por isso quis espreitar.

A ler brevemente

Livros a ler para o próximo mês: alguma BD que adquiri este mês; Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, para o meu desafio improvisado de releitura da série; os livros da Meg Cabot, para o meu desafio da autora. Junto ali mais umas aquisições do mês, e estou com esperança de ler o Winter, que sai este mês, e o Saga vol. 5, que me está quase a chegar, creio eu.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Volta Para Mim, Mila Gray/Sarah Alderson


Opinião: Estou contente por finalmente ver um livro da Sarah Alderson em português (Mila Gray é um pseudónimo), ainda que gostava tanto que publicassem o Hunting Lila. Esse livro era fabuloso. Contudo, as editoras portuguesas descobriram foi a onda New Adult, e como podem vender estes livros como um qualquer romance, lá terá de ser assim.

Estava a pensar no que havia de escrever para esta opinião e não me ocorria nada. A sensação geral com que fiquei depois da leitura foi de que foi giro, e tal, mas não deixou marcas, não mudou o meu mundo e não fez de mim uma totó que acha que nunca poderá ler mais nada, porque mais nada se comparará. Eu sei que nem todos os livros podem ser assim, e há muitos que não sendo assim ainda me agradam muitíssimo, mas deste ficou uma sensação geral de "meh".

O problema é que aprofundando a coisa, ele tem tantos ingredientes que me agradam, que eu gosto de ver numa história, que gostei de ver nesta história, que é quase paradoxal este sentido de quase-indiferença.

Ora vejamos: os protagonistas começam a história cientes da atracção entre ambos, e não andam a dança à volta da coisa. Agem de acordo com essa atracção. Gosto quando os casais de um romance (e consequentemente, a autora do livro) não andam a engonhar, e foi delicioso simplesmente poder acompanhar a "corte" do Kit e da Jessa, sem grandes dramas.

Depois: gostei do uso dos militares na história. A forma como isso condiciona o romance dos protagonistas, como afecta o pai de Jessa - foi bastante impressionante, ver o comportamento dele, que apesar de nunca ser violento fisicamente, era-o psicologicamente, e deixava toda a gente aterrorizada de pôr um pé fora da linha. Achei interessante ver como ele tentou sair dessa, finalmente, pela sua família, e como a tragédia o ajudou a ganhar juízo. Ainda na mesma linha: como a relação da Jo e do Riley é afectada pelo serviço militar dele. Surpreendentemente fiquei fã destes dois.

Gostei da introdução de uma certa tragédia e de como condiciona o comportamento dos nossos personagens. (Ainda que fosse bastante óbvio como ela ia resultar, por isso o suspense não era necessário.) Gostei de acompanhar o longo caminho até à recuperação, à superação, ainda que preferisse que esta secção fosse mais longa. Houve partes com saltos temporais que eu gostaria de ter visto preenchidas.

Ponto bónus: a mãe do Kit era portuguesa, e ensinou-lhe a fazer pastéis de nata. Quase morri de animação ao ver este detalhe.

Pontos negativos da edição: por amor da santa, paremos de comparar todos os romances à Nora Roberts ou ao Nicholas Sparks (no caso deste livro). Não tem nada a ver; o campo do romance é tão vasto que estamos a comparar alhos com bugalhos.

Ponto negativo para a tradução: credo, acho que nunca mais ponho as mãos num livro traduzido por esta senhora. Dei conta de várias frases traduzidas à letra, em vez de traduzir o contexto; traduz coisas que não devia, como "Madonna" (nome artístico) para "Madona" (até me atirei para o chão com esta), ou "Portia" (do Mercador de Veneza) para "Pórcia" (ainda que perceba se houver historial de se traduzir o nome nas traduções da peça, tenham paciência, traduzir nomes próprios é normalmente feio e errado).

E por fim, compreende muito mal o público-alvo. Traduz aquilo que eu agora sei que deve ser "Second Coming" por "Parúsia". Tive de ir ao Google para esta. O que havia de errado em pôr "Segunda Vinda de Cristo"? Ao menos a expressão é auto-explicatória, e evita-se usar um termo obscuro que pouca gente vai saber o que é. Só complica a vida ao leitor, em vez de lha facilitar, como era suposto que a tradução fizesse. Enfim. São estas as parvoíces que eu tenho de aturar. Não admira que eu passe a vida a queixar-me dos tradutores em Portugal.

E por isso, em suma, vê-se que foi realmente uma leitura normal, na média, ainda que tenha feito várias coisas que me agradaram bastante. Continuo a gostar da Sarah Alderson, ainda que pense que ela tem mão mais apurada para outras coisas; de qualquer modo, as capacidades dela deram para escrever uma história que me entreteve, e gosto de como ela pensa a escrever a sua história, notando-se isto mesmo assim aqui.

Título original: Come Back to Me (2014)

Páginas: 304

Editora: Presença

Tradução: Manuela Madureira

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Curtas: BD

Oh, céus, isto é tão divertido. Boa aposta, Marvel. Não é muito usual as grandes editoras de BD apostarem neste género de coisa, tão fora da caixa, e pelo menos não me recordo de ter lido sequer algo neste estilo - por isso, foi uma bela oportunidade e uma boa surpresa.

A Doreen Green é adorável, na sua dedicação aos seus amigos esquilos e no modo como vê o mundo. Gosto que ela tenha uma visão tão positiva do mundo, que seja tão determinada, e mais importante - resolve os problemas e conflitos a discutir as coisas, antes de partir para a porrada. (A não ser quando saca a armadura do Homem de Ferro e a refaz à sua imagem. Brilhante.) Dois dos vilões que enfrenta ela "derrota" a argumentar com eles. E um é o Galactus. Fantástico.

Também gostei bastante da amiga e companheira de quarto da Doreen, a Nancy, graças à sua dedicação ao seu gato e a fanfiction do Cat Thor. O sentido de humor é brutal (adorei a música-tema da Squirrel Girl). Já a arte é engraçadita, toda cartoonesca, no geral divertida, mas não sou fã das caras. (São sempre as caras que me lixam.)

Pontos bónus para a edição, que tem uma profusão de capas, e o material que vem normalmente nas revistas - as cartas dos leitores, bem divertidas por sinal. Além disso, este volume tem a história com a primeira aparição da Doreen, também bem engraçada, com o Homem de Ferro, e a derrota do Dr. Destino às mãos de... esquilos.

Batwoman vol. 3: World's Finest, J.H. Williams III, W. Haden Blackman
Acho que tinha dito no comentário ao volume anterior que estava um pouco aborrecida com a história, porque não se conseguia fazer um puzzle coerente nem encontrar interesse na coisa, e que o que me mantinha a ler o livro era a personalidade da Kate e as peripécias que lhe acontecem - pois bem, plot twist, conseguiram recaptar a minha atenção.

Oh, a mitologia aqui toma um rumo muitíssimo interessante e as coisas finalmente fazem algum sentido, e por isso adorei seguir o desenvolvimento do enredo. A isso não é estranho terem introduzido fortemente mitologia grega (a minha pancada por mitologia revela-se), e juntado em equipa a Kate com a Wonder Woman. As duas a trabalhar juntas fazem uma equipa fantástica, e gosto mesmo da relação que se desenvolve entre elas.

Ambas quase descem aos infernos, ou pelo menos ao mais escuro e complexo que a mitologia grega tem para lhes oferecer, e a imaginação dos autores nos detalhes é fabulosa e fascinante. Gostei muito de ver a arte nestes pontos, porque se excedem, no melhor dos sentidos.

Outros pontos altos: uma Hidra (yep, o monstro mitológico) no meio de Gotham, a Medusa (sim, outro monstro mitológico) no meio de Gotham, a Bette Kane - qual fénix renascida - no seu novo uniforme, verdadeiramente impressionante, que miúda rija, a relação da Kate e da Maggie, que (apesar de eu lhes ver um ou outro problemas) são adoráveis.

Destaque ainda para o número zero da revista, um número publicado após um ano (ou o número 12), se bem compreendi. É uma retrospectiva da Kate sobre como se tornou a Batwoman, o que fez para lá chegar, para obter o treino necessário, com ajuda do pai. Enquadrada como uma espécie de carta ou mensagem para o pai, é comovente, pelo estado da relação dos dois, e impressionante, pela relação que tinham antes, que levou o pai a tentar protegê-la da maneira que sabia, ensinar-lhe a defender-se e a suportar uma série de coisas terríveis.

A arte, como sempre, deixar-me um pouco apaixonada por ela, e aqui nas partes da mitologia então é linda, intrincada, obrigando-nos a pensar e a esforçar. O final é ligeiramente cliffhangeresco, e estou tão curiosa em ver como eles vão descalçar esta bota.

Batgirl vol. 3: Death of the Family, Gail Simone, Daniel Sampere
Ao contrário da Batwoman, a Batgirl tem conseguido manter-me super interessada no desenrolar da sua história ao longo destes livros, e este volume não é excepção. Entre o término do enredo das Corujas, uma reaparição tétrica do Joker, e a presença cada vez mais ominosa do seu irmão, James Gordon Jr, a Batgirl (Barbara Gordon) tem as mãos cheias.

As fraquezas do volume prendem-se com as partes em que é suposto haver uma ligação com os eventos maiores a acontecer simultaneamente em várias revistas. No caso do fim da história das Corujas, a aparição da assassina Talon é mesmo interessante, e adorei a colaboração da Batgirl com a Catwoman. Mas é uma história que ficava melhor no volume anterior, com o resto desse evento.

No caso do segmento Death of the Family, again, mesmo interessante. O Joker volta, decidido a aterrorizar novamente a Barbara, mas ela recusa-se a ser um joguete nas suas mãos e lida fantasticamente com a situação. A parte chata é quando é necessário meterem no meio deste volume um número da revista Batman para terminar a história. (Se não estivesse aqui, o salto entre números da revista Batgirl não faria sentido.) Ugh. Uma revista devia valer por si própria, poder-se ler sem muletas de outros lados.

Mas, atenção, continua a ser uma storyline fascinante. O Joker, coitado, não tem mais nada que fazer, e passa o tempo a ver se inventa maneiras de chatear o Batman, e o ataque a todos (quase todos) os (anteriores e presente) Robins e a à Batgirl é só mais uma. É uma boa história pelas questões que coloca sobre a relação do Batman com os seus protegidos.

O último segmento do volume é sobre o irmãozinho psicopata da Barbara, o James, e o caos que ele gera, os dois tentando-se superar um ao outro. Uma história que traz algum drama quanto ao passado da família Gordon, e que gera mais drama no presente. Pelo final stressante, pontos bónus.

A escrita é quase toda feita pela Gail Simone, que escreve duma maneira que me faz mesmo gostar da história e da personagem; menos em dois números, numa altura em que a DC meteu a pata na poça e a despediu por duas semanas. (O drama nos bastidores dos comics é melhor que qualquer revista de cusquices.) Nota-se bastante que é um escritor diferente. Ele tenta fazer algo diferente, que não se cole à Gail, e não é mau, mas perde na comparação com ela, coitado.

Quanto à arte, gostei bastante do trabalho deste artista, captou-me o olho, e gostei em especial do trabalho da equipa no primeiro número do volume, o das Corujas, porque o trabalho de cor é lindo, quase parece uma pintura.

Hawkeye vol. 4: Rio Bravo, Matt Fraction, David Aja, Chris Eliopoulos, Francesco Francavilla
Ah, acabei de ler esta série e já estou com saudades. Foram alguns momentos bem passados com esta série, que me tornou fã de toda a gente envolvida, autores e personagens incluídos, e foi um belo fim para a história desenvolvida ao longo dos quatro volumes.

Acho que posso dizer, depois de ler, que não sou muito fã da divisão entre o volume da Kate (o 3) e este volume do Clint. Faz sentido, a divisão, mas sinto que preferia ter lido os números da revista pela ordem em que foram publicados. Teria sido mais fácil acompanhar certas transições e certas referências, e mais fácil localizar onde é que as histórias encaixam.

Este volume começa com uma história que se passa no Natal, durante a primeira história do segundo volume. Nela, o Clint fica a acompanhar a vizinha e os filhos numa visualização de "Winter Friends", um desenho animado que os miúdos adoram. O Clint rapidamente se deixa dormir, e a sua imaginação constrói um mundo que reflecte o seu, só que com os personagens de Winter Friends.

Foi superdivertido ler a história, para encontrar os paralelos entre a vida real e a imaginada. Adorei particularmente ver as versões das mulheres na vida do Clint Barton, a Jessica, a Bobbi e a Natasha. Oh, e a Kate. Totalmente adorável, a versão dela. Dá uma boa ideia de como o Clint a vê. A sidekick fofinha, demasiado animada. Eh. Acho que a Kate teria um problema com isso.

Outros destaques do volume: a aparição do irmão Barton, o Barney, e a exploração da relação dos dois. A completa falta de jeito e clareza do Clint para lidar com as mulheres da sua vida. (A cena dele a escrever à presente ex-namorada e telefonar à ex-mulher para saber como se escreve uma palavra... pateticamente hilariante.) O showdown final, que me fez ficar a roer as unhas. O final do número 15 e o número 19, que são tocantes à sua maneira.

A arte continua deliciosa para o olho. O número 17, dos Winter Friends, é um pouco diferente, mas muito adequada. O número 12 tem o Francesco Francavilla, com um estilo mais escuro, mas que encaixa. E o resto é David Aja. O número 19 tem muitas imagens com linguagem gestual, e é brilhante, pela desconexão que transmite, e as dificuldades de uma pessoa com surdez que mostra. Mas tudo o resto enche-me o olho, também, e continuo a admirar o trabalho de cor.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Every Word, Ellie Marney


Opinião: Wattscroft, estão proibidos, ouviram bem, PROIBIDOS, de voltar a fazer-me passar por uma destas! Isso inclui-te a ti, Ellie, criadora e gestora de tanto stress pelo destino dos nossos personagens, sua malvada.

...

Oh pá, quem é que eu estou a enganar? Adoro isto. E já estabelecemos que sou uma leitora masoquista, por isso têm permissão para continuar a torturar-me, seus desgraçados.

Every Word começa algumas semanas depois do livro anterior, o primeiro da série. Aparentemente as coisas estabilizaram, mas um crime ocorrido em Londres, com circunstâncias bem semelhantes àquele que lhe levou os pais, leva James Mycroft a atravessar meio mundo sem dizer água vai. É claro que a Rachel Watts fica furiosa, primeiro, pelo subterfúgio, e depois preocupadíssima, sem saber como ele vai reagir a estar tão próximo de um acontecimento, uma época e um local que lhe trazem tanto sofrimento - e larga ela também para Londres, num repente de decisão e engenho como poucos.

Oh, céus. Passei uma semana a obcecar com o que iria dizer deste livro. Nos primeiros dias nem conseguia formular um pensamento coerente. (A não ser que coerente seja agora uma torrente histérica de fangirlismo, melhor dizendo.) Tive que me obrigar a afastar, a começar a ler outros livros, porque parece-me que hoje em dia só isso me permite a clareza de espírito para, bem, conseguir um mínimo de coerência depois de ter lido um livro que me encha particularmente as medidas.

Creio que o que eu gostaria de destacar mais, acima de tudo, é que amo a maneira como a Ellie Marney escreve as suas personagens. Se eu alguma vez escrevesse um livro, gostava de o fazer como ela, com o nível de realismo e credibilidade que lhes imprime.

É que os nossos protagonistas são adolescentes, e fazem todo o tipo de acções impensadas, e alimentadas a hormonas que qualquer pessoa da sua idade faria. Mas também... não são tontinhos nenhuns. Às vezes parece que os adolescentes de livros contemporâneos são um cliché, ou patetas irracionais, ou demasiado infantis ou assim. Parecem uma caricatura do que as pessoas pensam saber sobre adolescentes. (Digo dos adultos que escrevem, que geralmente já passaram por isso há algum tempo, e a sua memória deve ser selectiva o suficiente para os levar a isto - afinal, quem é que quer lembrar-se de toda a sua adolescência? O horror.)

Com isto quero dizer que a Rachel e o James são também relativamente maduros em algumas decisões que tomam, são relativamente razoáveis e racionais nas suas acções, e o seu processamento de emoções está próximo da idade adulta. Faltando-lhes só um bocadinho assim, um pouco mais de experiência e amadurecimento para poderem entrar nessa idade mística e elusiva que é a vida adulta. Oh, não sei se estou a fazer sentido, mas acho-os brutalmente credíveis, nunca infantis, é muito fácil empatizar com eles, e compreender o que fazem e porque fazem. Só lhes falta aquele bocadinho assim, que é o bocadinho que lhes permite ainda fazer uns disparates de vez em quando.

A outra coisa que eu adoro, e que acho que a Ellie faz fantasticamente bem, é escrevê-los como equipa e como casal. Há um equilíbrio nas atitudes deles, e entre as mesmas, que simplesmente faz sentido. A Rachel vai para Londres apoiar o James, mas nunca o deixa ser palerma com ela e nunca o apaparica. O James tem, compreensivelmente e merecidamente, momentos de tristeza e desespero em que tenta afastar a Rachel, por não se achar merecedor de coisas boas, mas nunca resvala para terreno de idiota paspalhão. Acho mesmo que tem um "spideysense" para nunca chegar a ser palerma. Podia ser tão facilmente o bad boy com uma bagagem que dava para encher um avião e que chega a ser mau para com a protagonista. Mas não é, há um pouco mais de nuance que isso. (Já disse que te adoro, Ellie?)

Oh, e como equipa detetivesca são fantásticos. As suas capacidades e formas de pensar complementam-se, e os mistérios que resolvem são complexos o suficiente, mas não impossíveis. Chegam lá com deduções, estudando as provas e testando teorias; e ainda, com uma sorte ou azar inenarráveis para se meterem no pior sarilho possível. (Mais sobre isso mais à frente.)

Acho que a Rachel tem uns desafios interessantes que lhe são colocados, como pessoa. Primeiro a reacção dos pais a ela basicamente fugir do país atrás do namorado, que compreensivelmente não será a melhor. Não que a Rachel não venha a ter razão, ao perceber muito cedo que as coisas podiam ter ficado mesmo más, mas podia haver melhores maneiras de lidar com a situação.

Depois porque os acontecimentos da parte final têm um efeito muito pesado sobre ela, e já conseguimos ver vislumbres disso. É uma questão que estou interessada em ver explorada no terceiro livro, porque ninguém passa pelo que eles passaram, pelo que ela passou, e sai sem marcas. Vai ser curioso, até agora o torturadinho era o James, mas penso que agora a Rachel tem direito a vestir um pouco esse papel.

Além disso, ela reconhece no final que algo mudou, que não consegue falar com os pais da mesma maneira, e isso é tanto um reconhecimento do como eles têm direito a estar zangados, como de que as suas experiências a mudaram. Que talvez esteja um pouco mais perto da idade adulta.

O James, oh bolas, coitado do rapaz, aquela cabeça está uma confusão. (És tão má, Ellie, com o rapaz.) A história dele é pesada e trágica, mas mais merecedor de atenção e compaixão é o que esse acontecimento fez a um rapazinho de dez anos que cresceu para se tornar um jovem de dezassete muito determinado e focado na área criminal e forense, precisamente por causa dessa tragédia - mas também cresceu para alguém que tem dificuldade em se determinar para além dessa tragédia, que não se sente merecedor de querer e esperar melhor, não enquanto não se resolver, e não resolver esse mistério. Certas cenas em que ele se expõe e revela são de arrancar o coração do peito.

A investigação ganha tracção na segunda parte, e eu nem queria acreditar que íamos passar o último terço do livro numa espécie de clímax da história, por encontrarmos o vilão do livro. Mas funciona. E adoro mais daquelas pequenas referências ao cânone sherlockiano. Como o Coronel, claramente um Sebastian Moran. Tão divertido na sua concepção, e tão assustador. Também há uma Irina Addington (Irene Adler, duh), e ela aqui tem um pequeno papel, tão pequeno que me pergunto se não aparecerá no terceiro livro, talvez com maior destaque. Talvez para fazer o mesmo que esta personagem faz em Elementary? (Ideia que eu adoro, já agora, mas aqui talvez não funcione tão bem.)

Esta recta final é cheia de emoção, e oh, tantas cenas deliciosas da equipa Wattscroft. O reencontro deles, a razão para se reencontrarem, o que passam naquele armazém, as confissões do Mycroft - que só tenho pena que a Watts não estivesse em condições de registar tudo, porque o que apanhamos é adorável. Oh, e a coisa da explosão, tão assustadora, e o retorno abastecido a adrenalina, e as reacções da Rachel a tudo. Que intensidade de acção, e que certeza me dão que vai tudo deixar sequelas.

Apreciei bastante a mudança de cenário, porque Londres é uma cidade fantástica para se dar a conhecer, e as descrições são vívidas o suficiente para evocar as cenas. Também gosto da ideia de toda a gente falar com sotaque britânico ou australiano. Adoraria ler/ouvir o audiolivro disto.

Gostei bastante da Alicia, porque foi um bom apoio para a Rachel, quando precisava, e uma boa conselheira, sem se impor. O Professor Walsh também foi alguém que se revelou interessante, e muito preocupado e interessado no futuro do James, sem ser condescendente. Senti falta da Mai e do Gus, que só vemos na cena inicial (a do roller derby, que soou muito fixe).

Também senti falta do Detective Pickup, que preferia realmente que Wattscroft parassem de se meter em sarilhos, portando-se como "adolescentes normais", mas que por trás se vê que se preocupa. Tem um pequeno papel recompensador nos últimos capítulos. Oh, e o director Conroy! Cheguei à conclusão que o imagino como o director da escola da Veronica Mars, e que imagino que o exaspero deste com ela é o mesmo do Conroy com o Mycroft.

E por fim, aquele tipo chamado Mr. Cole disse uma coisa tão intrigante no último capítulo, que eu simplesmente sei que tem de ser explorada. É sumarenta. Além disso, certas coisas anunciam um pretenso Moriarty para o nosso par de detectives, e a coisa promete. Estou a morrer de curiosidade. Venha lá o próximo livro. (Daqui a um muito longo ano, isto é.)

Páginas: 352

Editora: Tundra Books (Penguin Random House)

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Imunidade, Eula Biss


Opinião: Um livro tão pequenino e aparentemente tão simples, e ainda assim tão informativo e com uma introspecção singular, bastante impressionante no sentido em que a autora leva as ideias. Se pudesse, punha toda a gente a ler este seu livro, porque escreve muito bem, explica maravilhosamente as suas ideias, e nunca se torna aborrecida ou morosa, mesmo a explicar conceitos científicos.

Este livro faz mais sentido no seu país de origem, é verdade. Há uma corrente anti-vacinação nos EUA, presa a estudos que comprovadamente eram falsos e/ou errados, mas que persiste nas suas ideias. E aqui a inteligência de Eula Biss é que ela nunca se radicaliza, apesar de podermos facilmente lê-la como pró-vacinação.

A autora fala da sua experiência com a maternidade e como isso a pôs a pensar nestas questões, e é ao escrever do ponto de vista de uma mãe preocupada, para outras mães preocupadas, que ganha autoridade para discutir a questão sem extremismos ou histeria. É-lhe muito mais fácil captar a atenção do leitor porque ela nunca insulta quem não vacina os filhos, e valida as suas preocupações, ainda que lhes mostre porque estão errados. Gosto muito do tom dela a discutir a questão precisamente por isso, é caridosa mesmo para quem tem uma posição diferente da dela.

Achei muito interessante os pontos que ela fez sobre a vacinação, porque é o tipo de coisa que nunca nos ocorreria no dia-a-dia, mas que está tão integrado no subconsciente das pessoas e na sociedade que simplesmente faz sentido. Como as origens da vacinação na inoculação de varíola nos séculos XVIII e XIX, um procedimento menos seguro e mais "sujo", acabam por levar a que subconscientemente a vacinação seja vista como um procedimento invasivo e mais perigoso que realmente é.

O paralelo com o Drácula e com as transfusões de sangue, e com as práticas médicas de sangramento também é curioso. As questões políticas e económicas por trás de muitas mudanças na área também são abordadas, e formam mais uma razão para rejeição da vacinação. Ainda mais num país como os EUA, com uma história tão recente e tão baseada na rejeição da autoridade, e essa saudável desconfiança da autoridade torna-se numa não tão saudável desconfiança da vacinação, que está associada a essa autoridade, pois é geralmente o estado que promove a vacinação.

O ponto alto, no entanto, para mim, foi a ideia de vacinação como um serviço que não fazemos só a nós próprios, mas como um serviço público, para os outros. Como a imunidade prevalente numa sociedade com altas taxas de vacinação impede a circulação de certas doenças e protege assim aqueles com problemas imunitários, ou que não se podem vacinar por alguma outra razão.

E como esse aparente egoísmo da não-vacinação promove a circulação e ressurgimento dessas doenças, o que enfraquece a imunidade de grupo, e em última análise, o próprio. É uma questão fascinante de observar, especialmente (e ainda) nos EUA, com uma filosofia muito própria e focada no eu e na responsabilidade própria e individual, e com falta de foco na sociedade e na integração do indivíduo nesta. Há aqui ainda uma questão social e de classe que é abordada, e é bastante importante que seja abordada.

Ainda tenho a apontar o argumento que a autora faz acerca da percepção de risco. Todos os dias se faz tantas coisas muito mais perigosas sem pensar muito nisso, mas no entanto obcecamos com os cenários mais incomuns, mas que percebemos como mais perigosos e mais prevalentes. Também um argumento bastante válido para a questão da não-vacinação.

Por último, só tenho a apontar, e faço isto porque a editora abriu a porta a isso, apresentando uma breve biografia dos tradutores no fim - então deram-se ao trabalho de contratar dois tradutores da área das letras (para traduzir um ensaio de não ficção relativamente curto, ainda por cima), mas nenhum das ciências? Num livro com tema e conceitos científicos?

Porque, sim, dei por algumas ocasiões em que achei que as expressões traduzidas não eram as mais correctas para explicar e transmitir o conceito científico. Não que dificultem a compreensão do texto, mas a cientista em mim revolta-se contra incorrecções e imprecisões científicas.

Se eu, que estudei Imunologia básica, dei por isso, que mais valia não teria sido arranjarem alguém que estivesse à vontade na área? Nem que fosse para ler o manuscrito traduzido e dar uma opinião e/ou sugestões. A sério, não percebo a preguiça das editoras na área da tradução. Porque de resto a edição parece-me bem produzida, por isso não vejo porque não se há de ter esse cuidado.

Título original: On Immunity: An Inoculation (2014)

Páginas: 224

Editora: Elsinore (grupo 20|20)

Tradução: Joana Caspurro e José Pinto de Sá

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Curtas: Poderosos Heróis Marvel, volumes 9 a 11

Capitão América: Sonhadores Americanos, Ed Brubaker, Steve McNiven, Giuseppe Camuncoli, Travis Charest, Ed McGuinness, Frank Tieri, Paul Azaceta
Acho que o mais fascinante de ler histórias, a este ponto, sobre o Capitão América, e digo isto especialmente por ser um personagem tão icónico e conhecido, é ver como os escritores e artistas conseguem construir sobre o que está feito e acrescentar pormenores e detalhes ao seu mito e à sua história, contribuir para adicionar mais um pouco à sua biografia.

Neste volume em particular, descobrimos que uma equipa que trabalhou com Steve Rogers durante a Segunda Guerra Mundial ficou presa durante uma missão num mundo sonhado ou imaginário, mutável na presença e desejos dos seus habitantes (um pouco à Inception, eu diria). E assim ficaram, presos fora do tempo até aos dias de hoje, em que voltam com um intuito vingativo.

A história é cativante, o enredo corre bem sem engasgos, e até tem os seus momentos engraçados. É capaz de ser a primeira vez que vejo a Peggy Carter nos quadradinhos, e adoro um momento em que a Sharon diz algo do género "espera aí, roubaste a tia Peggy a outro homem???" ao Steve. A singularidade do momento é algo de nota. (Tendo em conta que a Sharon está ou esteve ou ainda está, I don't know, não tenho vida para seguir assim tão bem a vida amorosa dos personagens de comics, envolvida com o Steve.)

O volume tem ainda algumas histórias extra, de um número comemorativo, uma de uma página sobre a essência do personagem; outra sobre um momento em que se debate sobre se deve voltar a usar o uniforme; e a última sobre um clone de alguém que o Capitão conhece muito bem, e que fez muito mal - aqui a perspectiva é sobre se esta pessoa deve ser condenada por algo que ainda não fez, e talvez nunca venha a fazer, mas que o seu, er, original fez. Muito bem apresentado, o dilema.

Curiosamente, acabei a gostar bastante desta história. Não é nada o meu estilo, porque não costumo ler coisas com o Wolverine por aí além, e uma narrativa na Terra Selvagem também não me puxaria. Mas acabou a ser uma bela surpresa.

Combinando um estilo de aventura à Indiana Jones, ou à filme de sábado à tarde na TV, que puxa à nostalgia, com alguns elementos sobrenaturais e um cenário na selva que é mais ameaçador que encantador, acaba por ser muito divertida, com o seu quê de acção.

Gostei tanto de acompanhar os sarilhos em que o Wolverine e a Shanna se metiam, especialmente porque metade derivava de eles discordarem num curso de acção, e irem por caminhos diferentes sem se combinarem. (Mas também era assim que metade das situações se resolviam.) Fiquei curiosa por ver de onde este personagem do Amadeus Cho apareceu, porque acho que nunca o tinha visto, portanto assumo que é um personagem muito pequeno, ou então nunca tropecei em histórias em que ele apareça.

Gosto da reviravolta sobrenatural da história, e como afecta o percurso dos personagens. Não gosto do fato da Shanna, porque passei metade do livro a pensar como é que aquilo funcionava, se fosse só uma tira de pano à frente e atrás, sem ligação, era doloroso expor tanto os genitais, mas depois percebi pelo desenho que afinal é uma espécie de bikini por baixo. E assim, meus senhores é que se descobre os uniformes mais mal concebidos. Se o leitor tem de parar para pensar na exequibilidade da coisa, é porque não está bem feita.

O final é super interessante, pela ameaça que sugere; mas ao mesmo tempo frustrante, porque fica para resolver noutro livro, e é sempre isso que me aborrece nos comics, o não poder ler logo a seguir quando fico (muito ou pouco) pendurada. A arte, essa, bastante agradável ao olho, com uma planificação de vinhetas e pranchas pouco usual, mas que me cativou.

Demolidor: Partes de um Todo, David Mack, Joe Quesada, David Ross
O Demolidor não é um personagem que eu tenha lido muito, mas parece-me bastante mais interessante, pelos temas e ideias na base do personagem. E felizmente, tenho apanhado alguns livros que o confrontam com essas ideias e temas, histórias que mostram bem a sua essência.

Neste livro, os autores juntam-no com uma jovem que será o seu par ideal. Gosto do argumento e da ideia que um bom par para o Matt Murdock terá de ser alguém que entenda o que ele enfrenta todos os dias, uma combinação de uma incapacidade com uma capacidade extraordinária. E nesse aspecto, a Eco é fantástica, com uma incapacidade e uma capacidade que se complementa com a do protagonista.

Só que as coisas não são assim tão fáceis, pois não? Especialmente para o Demolidor, que parece ter um azar enorme com as mulheres, e parece-lhe ser impossível manter uma namorada por um período prolongado de tempo. Aqui, a interferência vem de Wilson Fisk (quem mais?), o Rei do Crime (esse tipinho que parece estar sempre a jeito para lixar a vida do Matt, mas adiante), que lança a Maya contra o Demolidor numa missão de vingança, sem ela saber que o super-herói e o homem por quem se apaixonou são a mesma pessoa.

Gosto mesmo da forma incomum como a narração é feita, a três vozes, dando espaço para os três personagens contarem o seu lado. E mais importante ainda, apreciei como a arte é usada para ajudar essa narração pouco habitual a transmitir algo ao leitor; é muito interessante como tenta mostrar a perspectiva do Matt e da Maya, vivendo com uma incapacidade. Fascinante de observar, a arte conta a história como poucas vezes vi fazer.

domingo, 11 de outubro de 2015

Harry Potter e a Câmara dos Segredos, J.K. Rowling


Opinião: E cá estou eu de volta, a reler o segundo livro da série. Depois de ter lido o primeiro livro o mês passado, achei que me podia dedicar a tempo inteiro à série, tentando reler um livro por mês. (Aparentemente será a primeira leitura de cada mês, mas não faço promessas.)

Ok, Harry Potter sobreviveu ao seu primeiro ano em Hogwarts, e está desejoso de para lá voltar, só para se livrar dos Dursleys. Só que alguém está muito determinado em impedi-lo de voltar à escola, e apesar de retornar com sucesso a Hogwarts, algo terrível se prepara nas profundezas... uma voz sem corpo que só Harry consegue ouvir traz consigo uma série de ataques a alunos que ficam petrificados, e se o mistério não for resolvido, a escola poderá fechar para sempre.

Uma coisa que observei neste livro, e que tenho a apontar (não só aqui mas em toda a série), é o quão divertido é ler sabendo o fim. Tanto no sentido do fim da série, em que sabemos o significado de certas coisas (o diário como Horcrux... e aliás, será que podemos dizer que a Ginny Weasley se esteve prestes a tornar, ou foi-o brevemente, um Horcrux? Inquiring minds want to know.), como no sentido de já saber a solução do mistério. Recordo-me que na primeira leitura estava mesmo investida no desenvolvimento do enredo, em descobrir o que se estava a passar. Ao reler, é mais divertido analisar as pistas, sabendo o que significam.

Outra coisa a destacar é que estes livros têm mesmo uma atmosfera mais juvenil, mas com uma excepção. Têm a saudável desconfiança da autoridade e dos adultos que muitos livros juvenis têm. (O Harry e os amigos têm muita dificuldade em confiar nos professores, o que faz sentido. O Harry nunca conheceu adultos confiáveis, em Hogwarts nem todos os professores parecem ter motivos claros, e num sentido mais geral, esta idade de pré-puberdade não parece ser facilitativa da coisa. Sinto que ao longo da série, quando estão mais à vontade com os adultos que os rodeiam, os nossos jovens estão mais dispostos a não esconder coisas.)

A excepção de que falava ali em cima é que este livro é mesmo sombrio e assustador, especialmente sabendo que tem um público alvo mais novo. As coisas ficaram mesmo sérias mesmo depressa. Um monstro misterioso que anda a petrificar alunos e fantasmas. Adultos que expõem meninas de 11 anos a material muitíssimo perigoso. Um plano que, a ter sido completado com sucesso, teria trazido Voldemort de volta, e dado-lhe a imortalidade, ou algo muito perto disso, de uma nova e inovadora forma, complementar com o uso dos Horcruxes. Acho que não damos o devido crédito a este plano do diário, que é em partes brilhante.

Um último ponto que queria destacar, é que adoro ver quando algo do passado de Hogwarts é desvendado. Desta vez é a história da Câmara dos Segredos, de Voldemort na escola e de como o Hagrid foi expulso. Mas em cada livro, descobrimos um bocadinho mais da escola, e da experiência que outros tiveram com ela, e acho isso fascinante, ver a variedade de momentos diferentes dos do nosso trio maravilha protagonista.

Ah, só mais uma coisinha. Vejo a Presença a fazer novas edições com novas capas, e acho muito bem, mas a preguiça é tanta que nem actualizam o design interior do livro. Vejo a página de título na mesma, com o título no mesmo tipo de letra que havia nas primeiras edições. O que encaixa tanto com a nova capa como uns ténis num evento formal, mas pronto.

Para além disso, ugh, que tradução. Farto-me de ver expressões que soam tão mal, porque foram traduzidas às três pancadas. Uma revisãozinha com o original ao pé já se justificava. Tanta gabarolice na capa sobre estas edições serem comemorativas dos 15 anos da série em Portugal, e nem sequer são capazes de dar uma mais-valia aos fãs e aos novos leitores. As capas são um bom bónus, mas não chegam.

Título original: Harry Potter and the Chamber of Secrets (1998)

Páginas: 280

Editora: Presença

Tradução: Isabel Fraga

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Meg Cabot: Boy Meets Girl, Every Boy's Got One


Páginas: 400 / 352

Editora: Avon (HarperCollins)

Ah, gosto mesmo do formato dos livros desta série. A ideia de livros epistolares nesta época da internet é brutal. Os personagens contam a história por e-mails, entradas de diário, conversas escritas pelo meio de memorandos e folhetos; podia descambar, mas a Meg Cabot consegue fazê-lo funcionar muito bem. Acho que li algures que ela planeava mais um livro nesta série, e seria muito bem vindo.

Boy Meets Girl tem como protagonistas Kate Mackenzie e Mitch Hertzog. A Kate trabalha para o mesmo jornal que era o foco no primeiro livro - trabalha nos Recursos Humanos, para a afamada Amy Jenkins. Os personagens principais e secundários do jornal que aparecem no primeiro livro conhecem-na bem.

O incidente incitador do enredo é uma senhora do catering, Ida Lopez, que recusa servir um advogado que trabalha para o jornal. A situação intensifica-se, ela é despedida, e um processo cai em cima do jornal. O Mitch Hertzog é o advogado escolhido pelo jornal para mediar o processo, só que as suas acções levam ao despedimento da Kate, e vai tudo para o inferno.

Oh, céus, adorei encontrar as ligações entre este livro e o anterior... a Mel, a protagonista de O Rapaz da Porta ao Lado, aparece, assim como os seus colegas, para defender a Kate e a sra. Lopez. (AMel engravidou, já agora. Ela e o John eram adoráveis.) A Stacy Trent, a cunhada do John, o protagonista do primeiro livro, é irmã do Mitch Hertzog. E a Amy Jenkins está noiva do irmão do Mitch e da Stacy, o Stuart.

O melhor disto tudo? A família Hertzog. Enquanto que o primeiro livro mostra uma família rica e de sociedade de Nova Iorque, os Trent, que é bem melhor e mais sã do que se lhes daria crédito... aqui, os Hertzog são (em parte) podres em primeiro plano. A Stacy e o Mitch são boas pessoas, mas o resto? Doidos.

O Stuart e a noivinha Amy cometem um crime para tapar uma asneirada (merecem-se), a mãe Hertzog passa a vida a desculpabilizar o Stuzinho quando fala com os outros filhos, e vive na idade da pedra no que toca a homossexualidade; ambos ficam chocadíssimos (mais a Amy) quando descobrem que a família tem ascendência judaica... safa-se a irmã mais nova, o Mitch e a Stacy. E o pai, que está sossegado a gozar as férias. Só aparece no fim para meter juízo em todos, mandar toda a gente dar uma volta e deixá-lo em paz.

A história de amor, curiosamente, é a coisa que me interessou menos. Acho-a muito precipitada. O drama dos despedimentos e das tramóias da Amy é divertido, mas tapa e ocupa o espaço que devia ser usado para desenvolver a relação da Kate e do Mitch. Com tanto drama, não há encontros entre eles, momentos partilhados que nos façam acreditar que se estão a apaixonar. Num momento conhecem-se, e depois parece que já estão nos braços um do outro.

Every Boy's Got One é tão mais divertido. Muito mais sólido e consistente como história. Os protagonistas, Jane e Cal, são os melhores amigos de Holly e Mark, respectivamente; estes últimos dois são um casal apaixonado que decidiu fugir e casar em Itália, pois a oposição das suas famílias está a dar com eles em doidos.

A piada da coisa é que o Cal é todo sério e estóico, sem grande sentido de humor, e pouco à vontade com relações, por uma relação passada falhada. É um bicho do mato; passou os últimos anos a trabalhar fora e não sabe nada de cultura popular. A Jane, pelo contrário, é grande devota de cultura popular, é uma romântica, uma mulher independente e dedicada ao seu trabalho.

Ambos implicam um com o outro à primeira vista, e passam o livro todo simultaneamente às turras e a apaixonar-se. É totalmente um Orgulho e Preconceito moderno. A Jane fica ofendida com algo que ele diz no início e passa o resto do tempo a arranjar desculpas para não gostar dele; ele começa por não a achar interessante, mas depois começa a arranjar pequenos detalhes que gosta nela.

Adorei o enquadramento da narrativa, a tentativa de fuga da Holly e do Mark para casar em Itália. Há tanta peripécia que os pobres têm de enfrentar... um verdadeiro teste à sua determinação. Mas o cenário é lindo, as pessoas são hospitaleiras, e estas férias que os personagens passam são de sonho. Gostei muito da dedicação que a Jane tinha ao seu gato e como isso a inspirou para criar uma tira de BD distribuída em todo o país, tornando-a muito popular.

Aprecio como as famílias são representadas nos três livros; já falei dos Trent do primeiro livro e dos Hertzog do segundo - mas são as famílias deste terceiro é que são uma boa peça. A Holly é duma família italiana católica, e o Mark é judeu - dá para ver o resultado, não é? Ambas as famílias parecem agir como se fosse o fim do mundo ter um genro judeu/uma nora católica.

A mãe da Holly é assustadora, age como se fosse uma tragédia ter um filho gay até descobrir que poderá ter um genro judeu - oh, céus, de puxar os cabelos. Falham em reconhecer o que faz os filhos felizes; e só quando não há volta a dar é que engolem o sapo e parecem acostumar-se à ideia. Na era em que vivemos, é chocante ver este tipo de atitude.

Gosto ainda mais do enquadramento narrativo deste livro. Além dos e-mails, que a Jane e a Holly, e o Mark e o Cal trocam mesmo estando ao lado uns dos outro, há os "diários" da Jane e do Cal (muito divertidos), e pequenos gráficos/imagens que complementam a história. Gosto ainda de como ambos os protagonistas se sentem em relação aos eventos do livro e ao outro, e como isso condiciona as suas atitudes no livro. Está bem melhor construído do que se lhe daria crédito.

Em suma, uma série que me agrada bastante, e que recomendo. Tanto por ser um romance contemporâneo como pelo formato único, usando primariamente e-mails, que funciona extraordinariamente bem e cria umas histórias deliciosas.

domingo, 4 de outubro de 2015

Queen of Shadows, Sarah J. Maas


Opinião: Oh, céus, não sei se consigo fazer isto. Passei tanto tempo a suspirar pelo livro, e depois ele chegou-me; e depois li-o, devagar, devagarinho, para o apreciar, e porque aquilo que trouxe à série merece reflexão; e agora estou aqui, com um milhão de pensamentos e coisas que quero formular, a atropelarem-se todos uns aos outros, e não sei o que há de sair primeiro. Credo, que é tão difícil pôr ordem nas ideias. Precisas mesmo de dar cabo de mim, Sarah? (Spoiler alert: sim, se não não era tão divertido.)

Ok, vamos lá tentar. Queen of Shadows é a evolução mais ou menos natural do livro anterior; só que sendo a Sarah, eu não sabia bem o que esperar especificamente; faltando ainda dois livros na saga, perguntava-me quanto é que ela tencionaria avançar quanto aos antagonistas principais e aos desafios que se colocavam aos personagens. Além disso, havia questões de outra natureza, mais emocional, digamos, a ser resolvidas, e era uma incógnita aquilo que a autora tinha planeado. Podia ir em tantas direcções.

Quanto ao enredo, acho que fiquei surpreendida ao ponto a que as coisas ficaram resolvidas. Digamos que o enredo tinha três pontos: um resgate muito necessário e dois antagonistas. O resgate era bem óbvio que ia acontecer. O primeiro antagonista, bem, podia ia para qualquer dos lados. Podia ser resolvido ou ser arrastado. Tenho pena de não poder ver mais dele, porque a sua relação com a Aelin é fascinante; mas adorei ver que recebeu o seu pagamento kármico.

O segundo antagonista, uau, nunca esperei ver a sua situação resolvida desta maneira, nem tão depressa. Fiquei surpreendida mas agradada com esta revelação, que alarga o âmbito das coisas e sobe a fasquia para os nossos personagens. As coisas vão ser muito diferentes a partir de agora. Encontram-se num lugar bom, no fim deste livro, e tenho tanta curiosidade em ver como vão levar avante aquilo a que se propõem.

O elenco de personagens é assim qualquer coisa de soberbo. Eu não consigo deixar de adorar toda a gente, independentemente da sua posição e atitudes. Há qualquer coisa na maneira como a autora escreve que os faz funcionar fantasticamente. Aprecio particularmente o elenco sólido de mulheres na história. Todas diferentes, umas fortes, outras frágeis, umas capazes de se defender, outras colocadas em posições periclitantes, mas todas com o seu tipo de força interior, de coragem sob circunstâncias esmagadoras. É tão refrescante e delicioso de ver.

Desde o livro anterior que ando a desenvolver uma teoria, baseada no saber que a Sarah é fã de Anne Bishop. É que não consigo deixar de estabelecer os paralelos entre os Fae da Sarah e os Sangue da Anne (aliás, desde então estou convencida que os Sangue são a maneira da Anne escrever sobre seres féericos), e bem, consigo ver tão bem as parecenças.

Tenho a sensação que a Aelin vai reunir em torno de si uma corte como a da Jaenelle, cheia de machos drama queens e armados em possessivos, com as mulheres a darem-lhes a volta sempre que podem. Eh, tenho a ser certeza que vai ser tão divertida de seguir como a corte da Jaenelle era. Só não posso tentar estabelecer paralelos entre personagens porque isso ia ser definitivamente spoiler.

Pequenos destaques a personagens... ora bem... Lysandra, das melhores personagens no livro toda. Adoro o volte-face na relação dela com a Aelin. No passado tinham sido inimigas, da maneira como só a vida em sociedade sabe colocar mulheres umas contra as outras, e por isso gosto de ver como conseguem ser mais adultas, ultrapassar as parvoíces e formar uma amizade sólida. Além disso, a posição da Lysandra é tratada duma forma sóbria, sem julgamentos, e gosto tanto do feitio tortuoso dela.

A Manon tem um desenvolvimento fantástico. Continua a ser uma bruxa sedenta de sangue como as melhores, mas aprendeu a não seguir cegamente, a questionar o que lhe põem à frente, e isso vai torná-la uma adversária mais feroz e mais impressionante de quem quer que se lhe coloque à frente. E mais, o encontro entre ela e a Aelin que eu queria dá-se, e é glorioso. Se estas duas alguma vez se virem do mesmo lado, vai ser lindo.

E numa nota lateral do enredo com a Manon, cruzam-se com ela a Kaltain e a Elide. A Kaltain, pobre Kaltain, que era apenas mesquinha e pequenina, torna-se numa força imparável. Dá a volta aos abusos que sofreu e consegue a sua vingança, o que é lindo e assustador de ver. A Elide, pobre Elide, mais uma filha de Terrasen que perdeu a sua infância na guerra. E no entanto o seu espírito nunca desiste. Vou adorar ver o que ela tem para nós no futuro.

O Dorian, meu querido e pobre Dorian. No primeiro livro não era fã da ideia deste personagem, porque não gosto de meninos bonitos com queda para playboys; mas revelou-se tão mais que isso. O Dorian é uma bolachinha, aquele personagem que gostava de proteger de tudo mau que lhe acontece, mas isso não é possível, e da tragédia forja-se alguém diferente. Espero que ele possa manter alguma da sua pureza no início, mas sei que ainda tem um longo caminho a percorrer para lidar com o que lhe aconteceu. Tenho pena que as suas circunstâncias lhe dêem tão pouco tempo de antena neste livro, mas é compreensível.

O Aedion, bem, estou fascinada pela posição dele. Aquilo que fez em nome de Terrasen, a sua herança, a relação dele com a Aelin. Gosto do feitio dele. Já a Nesryn, bem, em teoria gosto dela. Do seu estoicismo, a sua atitude descomplicada. O modo como a sua presença se impõe de mansinho. Não sou fã de como ela parece um, er, "prémio de consolação", em certo sentido. O timing da sua introdução é suspeito e não aprecio que ela tenha aparecido só com esse fim, porque merece mais.

O Chaol. Oh, caramba, Sarah, não me dês cabo do rapaz. A parte final dele foi de cortar o coração, raios. Em retrospectiva, o percurso dele tem sido curioso. O Chaol só pecou por ser demasiado leal a um ideal em que acreditava, porque desde então creio que tem tentado fazer o melhor que pode pelos seus, o que numa cidade país continente em guerra, é difícil de levar avante.

Não sei se estou convencida com a maneira como ele e a Aelin lidam um com o outro. Passaram a primeira metade do livro a atirar acusações um ao outro, e a outra metade a sair duma guerra fria para umas tréguas inseguras. Não sei, não compro tanto drama. Consigo ver a verdade nas acusações dele, apesar da enormíssima falta de tacto aos fazê-las.

Mas a Aelin? Ainda estamos presos ao que aconteceu ao que aconteceu no segundo livro? A sério? Sério sério? Aquilo foi tanto culpa do Chaol como minha. O que esperávamos? Que ele negasse as suas convicções dum dia para o outro? Que adivinhasse o mal nos outros, com as suas limitadas capacidades humanas? Ugh, a Sarah tem insistido muito nisto e eu não percebo propriamente, não faz sentido tentar construir a narrativa assim, desfazer o carácter dele neste ponto. Confio nela, mas preferia perceber o que se passa aqui, o que está a tentar fazer.

Quanto à Aelin, gosto cada vez mais de como está a crescer, a evoluir. Uma mulher segura de si, capaz de atrair lealdade dos que a rodeiam. Capaz de ultrapassar preconceitos mesquinhos e ingénuos, e ver alguém para além disso, fazer uma nova amizade. Decidida a obter justiça, ou vingança, fazer aqueles que o merecem pagar. Capaz ainda de se afastar, quando é preciso, de trocar as voltas a um antagonista e se mostrar uma estratega. Determinada a salvar um amigo dele próprio, mesmo que isso peça decisões impensáveis. (Já agora, ainda estou zangada com essa. Mas percebo. Mais ou menos.)

Há ainda um certo desenvolvimento. Não posso revelar a sua natureza, porque é um enormíssimo spoiler, e um que temo que não se compreenda se não se ler como é que se chegou lá. Se há coisa que posso dizer, e reiterar, é que confio na Sarah e na direcção para que ela leva as coisas, porque acho que tem sido relativamente realista na evolução da história, do que o enredo e os personagens pedem e precisam. Se ela me diz que é isto que é preciso, compro para pelo menos ver o que sai daqui.

Voltando ao início, e muito por alto: não estou completamente convencida. É realista, sim, as pessoas mudam, sentem de forma diferente, e às vezes voltar para trás é um retrocesso. Contudo, a maneira como a Sarah o desenvolve faz-me pensar que ainda não é este o objectivo final. Sinto que podia ter sido uma situação desenvolvida mais em lume brando, para nos cativar completamente como fãs. No livro anterior não havia propriamente inclinação para esse desenvolvimento, e assim aparece um pouco de repente, acho eu.

Quero dizer, a semente está lá, muito muito pequena, mas com ar de ir noutro sentido. Enfim, estava bastante enamorada da ideia que o terceiro livro tinha apresentado. Era poderosa, e agradava-me que não fosse noutra direcção, nesta direcção, porque apresenta mais facetas da questão em relação ao que normalmente é apresentado nos livros. Nunca se vê uma situação destas, poderosamente descrita, e gostava da ideia. Este novo desenvolvimento desautoriza essa ideia, que era tão forte, e precisa de ser bem justificado para eu fazer paz com a coisa.

Ainda mais um aspecto da situação, há um certo desequilíbrio entre as partes da mesma, parece-me, e está a acontecer tão depressa e tão cedo que acho que a Sarah ainda me vai dar uma reviravolta à coisa e fazer acontecer uma tragédia. Não me convenço que é uma direcção definitiva a tomar. Ela já deu tantas reviravoltas à narrativa da saga que fez de mim uma céptica. E por isso, preciso de ser convencida.

Coisas para o futuro: quero ver Terrasen restaurada à sua glória. Quero ver onde o enredo das Wyrdkeys vai dar. Que mais podemos esperar dos Fae de Wendlyn, não vimos nem de perto o suficiente deles. Quero ver como o mundo evolui depois dos momentos explosivos do final. Quero ver os personagens do The Assassin's Blade, o pirata, os assassinos do deserto, a curandeira, e a Ansel. Estou meio a torcer pelo Aedion e pela Lysandra, porque seriam fantásticos juntos. E talvez o Dorian e a Manon. É uma ideia tão louca que talvez funcione, pela junção de opostos.

Uma última nota. É uma história fantástica, toda a saga o é, e solidamente merece a nota máxima da minha parte. Já o disse e repito, a Sarah escreve de maneira de vai de encontro ao que gosto de encontrar num livro, e tenho gostado muito da sua evolução e da que deu aos personagens e ao enredo.

Adoro que tenha tantas personagens femininas fantásticas, especialmente sendo fantasia épica. É dos meus géneros favoritos, apesar de agora não lhe dar tanta atenção. (Talvez porque o fandom parece ser um clube de rapazes. Demasiada predominância de personagens masculinos, demasiados fãs a negar a validade de perspectivas femininas.) Anyway, foi por isso que me virei para o YA, o pessoal é tão mais hospitaleiro, não há dramas, e tenho tido a sorte de encontrar coisas fantásticas. Algumas como estas, que combinam as duas coisas boas numa. Só quero continuar a encontrar mais bons livros, e serei feliz assim.

Páginas: 656

Editora: Bloomsbury (MacMillan)