segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Este mês em leituras: Novembro 2015

Este foi um mês... curioso, e singular para mim. Acabei de, er, terminar três histórias bastante queridas (uma colecção de livros, uma saga de filmes, e as temporadas disponíveis de uma série que andei a ver à maluca), e estou de ressaca. Completamente. Já estou a morrer de saudades e com uma vontade brutal de me perder novamente nestes mundos. É uma sensação desconcertante.

Livros lidos



Opiniões no blogue

  • Meg Cabot: Short Stories, O Tamanho 42 Não é Para Gordas;
  • Curtas: Poderosos Heróis Marvel, volumes 12 a 15: Thor: Coração do Mundo, Matt Fraction, Olivier Coipel; Hulk: Futuro Imperfeito, Peter David, George Pérez, Dale Keown; Marvels: Através da Objectiva, Kurt Busiek, Jay Anacleto; Gavião Arqueiro: Quem Pelo Arco Vive, Matt Fraction, David Aja, Javier Pulido, Alan Davis;
  • Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, J.K. Rowling;
  • The Epic Adventures of Lydia Bennet, Kate Rorick, Rachel Kiley;
  • Beastly Bones, William Ritter;
  • Curtas BD: Amazing Spider-Man: Edge of Spider-Verse, David Hine, Jason Latour, Dustin Weaver, Clay McLeod Chapman, Gerard Way, Fabrice Sapolski, Robbi Rodriguez, Elia Bonetti, Jake Wyatt; Batwoman vol. 4: This Blood is Thick, J.H. Williams III, W.H. Blackman, Trevor McCarthy, Francesco Francavilla; Batgirl vol. 4: Wanted, Gail Simone, Fernando Pasarin, Jonathan Glapion, Blond; Saga vol. 5, Brian K. Vaughan, Fiona Staples;
  • Meg Cabot: Size 14 is Not Fat Either; Size Doesn't Matter.

Os livros que marcaram o mês

Winter, Marissa Meyer - não desfazendo para os outros livros que li este mês, mas o Winter é tudo aquilo em que consigo pensar, ou melhor, obcecar; não posso voltar para lá? ou alguém me escreve livros infinitos passados lá? por favor? qualquer coisa? raios. ah, passei o tempo todo a roer as unhas, a querer dar um abraço a toda a gente (menos os vilões, os vilões cheiram mal), ou a guinchar de quão adoráveis todos eles são (menos os vilões, os vilões cheiram muito mal).

Aquisições

 
Pronto, aquisições mistas do mês. Os do Tolkien comprei na Fnac, apanhei em várias ocasiões diferentes, e aproveitei para lhes deitar as mãos porque estavam a um preço jeitoso, e porque são bem giros, gosto tanto de dicionários e enciclopédias e outros que tais sobre mundos ficcionais que apreciei.

Os livros deitados comprei no mesmo local, nos dias aderente, por causa do desconto, e porque me suscitavam curiosidade. (Há que aproveitar quando os lançamentos de BD em Portugal me parecem tão suculentos.) O Sonhos Esquecidos comprei na Wook, a metade do preço. Queria continuar a série, depois de ter lido o primeiro, mas é difícil de encontrar livros desta editora em promoção. Não podia deixar de aproveitar. Os livros que sobram, em pé, foram comprados com vales Fnac e descontos em cartão Continente.

As encomendas do mês, entre BD que me interessava e livros de ficção. Estava tão curiosa acerca do Winter, e continuo-o acerca do Menagerie - mas ao mesmo tempo tenho um bocado de medo dele. Acho que a história vai ser forte. Ah, e o Illuminae é tão giro! O design está fantástico, enche mesmo o olho.

A ler brevemente

 
Oh, eu nem sei bem o que vou ou não ler. Com duas excepções: o livro do Harry Potter, para o meu desafio pessoal de reler a série. Quanto ao desafio da Meg Cabot, vou fazer uma pausa este mês. Esqueci-me de mandar vir os próximos livros que devia ler, e assim fica uma pausa improvisada, que não me importo de fazer. De resto, aqui ficam algumas sugestões ou ideias para eu vir consultar no mês que vem.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Meg Cabot: Size 14 is Not Fat Either, Size Doesn't Matter (Big Boned)

Título original: Size 14 is Not Fat Either / Size Doesn't Matter (Big Boned)

Páginas: 352 / 288

Editora: Macmillan / Macmillan

Este par de livros continua a história da Heather Wells, ex-estrela da pop que perdeu tudo, e está no caminho para refazer a sua vida. Encontrou um emprego como assistente da direcção de uma residência universitária, e vive perto do trabalho, com o irmão do ex-noivo.

Só que entretanto o seu pai volta a entrar na sua vida, arranja um namorado quase perfeito, só que não perfeito para ela, e os seus patrões não conseguem parar de perder o emprego, seja para a morte, para as suas acções nefastas, ou para as promoções que recebem.

Gosto bastante do sentido de humor destas histórias, porque continua a acontecer uma boa quantidade de coisas loucas, e a Heather e companhia não perdem o humor. Por vezes é humor macabro, por vezes é humor em face de acontecimentos dramáticos, por vezes são os personagens a meterem-se uns com os outros.

Os mistérios que ocorrem também são bastante doidos, o que é bastante adequado ao tom dos livros. Não é muito difícil adivinhar o culpado, mas as circunstâncias em que as coisas acontecem são o mais doidas que se possa imaginar.

O segundo livro da série, o primeiro destes dois, lida com uma cabeça de uma aluna que aparece a cozinhar no refeitório da residência onde a Heather trabalha; e pouco depois, o corpo é encontrado numa máquina de moer restos. Pelo meio, mete tráfico de droga e uma pseudo-sociedade secreta numa fraternidade.

No terceiro livro, o segundo destes dois, o patrão de Heather é assassinado com um tiro na cabeça, no próprio escritório. E se no livro anterior a explicação é mais doida que o que se pensaria, neste a explicação é bem mais simples e óbvia.

Gosto bastante de ver descrita a vida universitária pelos olhos da Heather. Os dramas entre professores e outros responsáveis da universidade. Os dramas entre alunos. É estranhamente cativante, ler sobre a tensão entre os personagens e a vida mundana, particularmente este pedacinho de vida mundana.

Outra parte que gosto de ver descrita é sobre a vida passada da Heather, e o que lhe sobrou dela. A falta de relação que tem com o pai, que não a viu crescer, e como rapidamente ele se torna uma parte da vida da Heather. As aparições do Jordan, ex-noivo que agora está noivo de outra mulher, por exemplo. O Jordan é hilariante na sua insistência em continuar a ser parte da vida da Heather, e em que ela continue a ser parte da vida dele. E é hilariante pelos sarilhos em que se mete.

A Heather e o Cooper como casal até são interessantes, mas continuo a desejar que houvesse mais cenas com eles os dois, com mais química. Que pudéssemos ver por que raios é que eles devem ser um casal. Há coisinhas pequenas, mas soam-me mais a telling, não tanto a showing. E esta coisa do namorado de ressaca até pode fazer algum sentido, muito até, e é divertido ver a Heather tentar perceber as coisas, e ver o Cooper a morrer de ciúmes.

Contudo, sinto que eles se entenderam bem demais, depressa demais ali no fim. Como isto era previsivelmente o fim da série fazia sentido este avanço na narrativa, mas sabendo que há mais dois livros, já não tanto. É um sacrifício a ver a série prolongada, suponho. Não me posso queixar muito, já que fico contente por poder ler mais com estes personagens, e divertir-me mais um pouco.

Nota: não sei se compreendo porque é que a edição britânica do terceiro livro é vendida com um título diferente; talvez achassem que Big Boned podia dar em trocadilho malandro? Por outro lado, ambas as edições, americana e britânica, usam uma modelo na capa com um véu, como se se fosse casar. É uma piada a algo que a Heather pensa que o namorado de ressaca lhe vai perguntar, eu percebo. Mas também dá uma ideia errada da direcção do enredo.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Curtas BD: Edge of Spider-Verse, Batwoman, Batgirl

Amazing Spider-Man: Edge of Spider-Verse, David Hine, Jason Latour, Dustin Weaver, Clay McLeod Chapman, Gerard Way, Fabrice Sapolski, Robbi Rodriguez, Elia Bonetti, Jake Wyatt
Este volume faz parte de um evento maior em torno do Homem-Aranha, um que junta inúmeras iterações de Aranhas de inúmeros universos. E nas cinco histórias reunidas, conhecemos cinco diferentes pessoas que tomaram o manto de Aranha.

A primeira história é uma versão noir, passada nos anos 30. É aquela mais semelhante à história do Peter Parker, reimaginando o personagem nessa época. Gosto da estética da época e do estilo, e apreciei-a por isso. Achei curiosa a história da Mary Jane, que esteve a lutar na Guerra Civil Espanhola. Gostava de ler mais sobre isso.

A segunda história é a história que cativou a imaginação dos leitores, ao ponto de ter merecido o lançamento de uma revista própria. É sobre a Gwen Stacy, e o que teria acontecido se ela tivesse sido a pessoa picada pela aranha. Acho que o melhor que esta história faz é tirar a Gwen do pedestal de namorada morta tragicamente e dar-lhe uma história própria, fazendo dela a protagonista. É isso que é refrescante e cativante. Estou muito interessada em continuar a ler.

A terceira história é sobre Aaron Aikman, um génio biotecnológico que ganhou os poderes aranha através de resequenciação ADN, e que usa um fato aranha muito ao estilo do Homem de Ferro. O estilo de narração da história e o tipo de desenho faz-me lembrar o estilo japonês de contar uma história em manga, não sei se é propositado. Aqui o que gostei de ver foi o twist cibernético da história do Homem-Aranha, porque de resto não se destaca.

A quarta história é sobre a iteração mais creepy que o Homem-Aranha já teve. As circunstâncias em que este alter ego do Peter Parker cresceu são bastante semelhantes, mas ao mesmo tempo tão diferentes. O miúdo é um psicopata em potência, as suas circunstâncias não ajudam, e a parte final é aterrorizadora.

A quinta história é a minha favorita a par da da Gwen. Neste caso, porque pega no género mecha e faz-lhe uma homenagem, muito particularmente a Evangelion. Pelo menos, o meu apreço por Evangelion fez-me ver os paralelos, e adorei encontrá-los. Uma adolescente encontra-se a controlar uma máquina gigante (em forma humanóide, ao estilo aranhiço), uma que só ela pode controlar, numa cidade futurista. Enfrenta seres parecidos com os Angels, e veste-se ao estilo Sailor/uniforme de escola japonesa. Adorei cada segundo, e gostei do estilo mais sossegado de narrar.

Batwoman vol. 4: This Blood is Thick, J.H. Williams III, W. Haden Blackman, Trevor McCarthy, Francesco Francavilla
E cá está mais um título tramado pelo drama de bastidores e interferência editorial que parece ser demasiado frequente lá por terras da DC. Neste caso em particular, um desacordo quanto ao rumo que a história iria tomar levou os autores a bater com a porta e pôr-se na alheta - e pelo caminho, em jeito de manguito, deixaram um cliffhanger e uma situação meio difícil de resolver, só porque podiam.

Este volume foca-se muito no círculo de pessoas que rodeia e apoia a Kate, e gostei mesmo dele por isso. Desde o início que é essa parte que me tem atraído na história, o modo como ao mesmo tempo a Batwoman opera separada da Bat-família, sendo que esta raramente se atravessa no caminho dela - acentuando a independência da Kate.

E ao mesmo tempo, ao longo dos livros temos percebido que a Kate não está sozinha, tem até um sistema de suporte fantástico, acho que ela é muito má a reconhecê-lo. Neste volume tem de ser a Maggie a obrigá-la a aceitar a ajudar de todos para cumprir a sua missão; e gosto bastante de ver que toda a gente tenta contribuir, até a madrasta, numa tentativa de proteger as "meninas" (a Kate e a Bette) dos momentos mais duros.

O enredo foca-se na tentativa da Kate, como Batwoman, fazer uma coisa que duvido que queira mesmo fazer, excepto pela chantagem a que é sujeita. O volume desenvolve a história à volta dessa tentativa, e das razões que a movem. O pai, o coronel, colabora no plano, especialmente no que toca à Bette e às acções dela, o que me agradou, porque são dois personagens que tenho apreciado ao longo da série.

Em termos artísticos, o traço passou para Trevor McCarthy (já no volume anterior, até), mas sinto que ele fez um bom trabalho a manter a estética anterior, ao mesmo tempo que tem o seu jeito próprio. Há um certo dinamismo e expressividade no modo como trabalha.

Batgirl vol. 4: Wanted, Gail Simone, Fernando Pasarin, Jonathan Glapion, Blond
No seguimento do volume anterior, seguimos a Barbara Gordon na sua tentativa de lidar com as suas acções, vendo como não se sente merecedora do uniforme que usa, e como duvida das suas capacidades e das razões pelas quais faz isto.

Pelo meio, uma vilã chamada a Ventriloquista anda a semear o terror, e cabe à Batgirl travá-la, com ou sem crise de fé. Foi uma vilã muito interessante de seguir, pelo factor arrepiante sempre que ela aparecia, com o seu boneco atrás, e as acções que tomava.

Acho um pouco triste, e até estranho, que as coisas tenham chegado a tal ponto com a Barbara, e o Batman não dá sequer um arzinho da sua graça. Uma das melhores aparições na série foi a que ele fez no primeiro volume, e tenho pena que nunca mais tenha partilhado cenas com ela (excepção feita a Death of the Family, no volume 3). Sei que as coisas estão más na Bat-família, mas a Batgirl cometeu aparentemente o pecado capital para eles.

O único que tenta confortá-la e confrontá-la é o Dick Grayson, o Nightwing, numa cena que até me fez ter pena que ele não aparecesse mais uma ou outra vez. Creio que ele e a Barbara funcionam como suporte um para o outro no meio do drama da Bat-família, e têm uma relação próxima gira, por isso era engraçado vê-los mais juntos.

Como se não bastasse a Barbara sentir-se culpada por.. coisas, tem um interlúdio doce proporcionado pelo Ricky, um jovem com que se cruzou anteriormente como Batgirl, e as coisas descarrilam rapidamente, num clímax desanimador. (Só a Alicia e a amizade dela com a Barbara animou a sua vida pessoal. A Alicia é adorável.)

Parte da tensão do volume prende-se com a determinação que o comissário Gordon tem em prender a Batgirl pelas suas acções, o que leva a uma cena gira dele com o Batman, a criticá-lo por deixar uma jovem seguir-lhe os passos até terminar nisto. Há, obviamente, um confronto final entre ele e a Batgirl, noutra cena fascinante (muito mal representada pela capa, porque as posições dos personagens estão invertidas, e isso faz a diferença). Suspeito que o comissário tenha as suas próprias ideias sobre a identidade deste pessoal que usa capas, incluindo a Batgirl, e que não tencione prová-las. É uma posição interessante, a dele, esteja ele certo ou não nos seus palpites.

A história final faz parte de um evento chamado Zero Hour, e creio que é suposto ser uma espécie de prequela/história de origem para a Barbara, numa sua versão adolescente no meio de uma tormenta em Gotham. Não achei assim tão interessante. Acho que tenho alguns problemas com histórias contadas assim, primariamente recorrendo à narração interna, e apesar de ter o potencial para ser um momento que a define, não me cativou.

Saga vol. 5, Brian K. Vaughan, Fiona Staples
Aquilo que vou dizer aplica-se a todos os volumes da série, e podia servir como a totalidade da minha opinião: é Saga, o que quer dizer que é uma boa viagem, uma pessoa diverte-se, mas acaba demasiado cedo. E agora que fiquei actualizada no que saiu cá para fora até agora, vou ter de esperar horrores de tempo até ler o próximo, e até lá vou esquecer-me de tudo, estou mesmo a ver.

Reflexões que vieram com este volume: é engraçado, no passado pelo menos duas pessoas me disseram que ficaram impressionadas com o quão gráficas as coisas são às vezes em Saga, e eu acho que nunca tinha reparado até me fazerem esses comentários. Acho que a única vez que franzi os olhos a algo foi no início do volume anterior, que tinha um nascimento em close up, e não dava para perceber nada da coisa até semicerrar bastante os olhos. Normalmente o traço da Fiona Staples é muito mais claro e directo, e nunca me incomodou. Até é refrescante.

O enredo continua a desenvolver-se a partir dos acontecimentos anteriores, e exploramos mais um cantinho deste universo. (Again, Fiona Staples com rasgos de brilhantismo, porque ela farta-se de criar raças e seres diferentes e exóticos e totalmente credíveis. Mas continuo a achar os robôs um bocado estranhos.)

Destaques: a parte do esperma de dragão. Hilariante. O Ghüs é adoravelmente fofinho. A última cena da Yuma no livro, completamente épica. Tenho pena da pobre Hazel, porque está a ser usada e trocada como mercadoria por uma série de partes, e isso não é bom para uma infância. E ela está tão fofa agora, já fala, e faz os comentários mais giros.

A parte final deixa-a num ponto intrigante. Ainda mais quando mais cedo ela tinha dito algo do género "iriam passar-se anos até ver o meu pai". (Continuo a detestar esta "antevisão" das coisas. Ugh. Seus provocadores.) Totalmente explicável a esta luz. Só espero que sejam poucos anos. A série tem feito passar o tempo quase sem darmos por isso, portanto imagino que até venha a correr bem.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Beastly Bones,William Ritter


Opinião: Há sempre algum receio e alguma relutância em torno da segunda obra dum artista, porque esta tem fama de ser um animal difícil de parir, e um mais indefinido e complicado que o primeiro... contudo, diria que Beastly Bones safa-se muito bem dessa maldição, mantendo tudo o que eu gostei de ver no primeiro, e oferecendo-nos uma nova história que desenvolve o mundo e os personagens.

Desta vez, Abigail Rook e o detective sobrenatural para quem trabalha, Jackaby, cruzam-se com uma raça de seres shapeshifter, cuja particularidade se centra em se transformarem naquilo que comem, quase literalmente. Se comerem, digamos, uma dieta regular de gatos, é nisso que se transformam; se na forma de gatos começarem a comer ratos, adivinhem em que é que eles se tornam?

Pois bem, o duo de investigadores tropeça nos gatinhos sobrenaturais, e a mulher que originalmente os acolhera morre misteriosamente; ao mesmo tempo, perto da cidade onde vivem, New Fiddleham, uma morte misteriosa que partilha detalhes com a primeira leva-os a viajar até ao local, onde uma escavação de ossos de um dinossauro está coberta de acontecimentos fora do normal que dão água pela barba à Abigail e ao Jackaby.

Aquilo que aprecio nestes livros é que são particularmente terra-a-terra. Sim, os personagens estão rodeados de coisas fantásticas, e há um certo senso de curiosidade e maravilhamento para com elas; Mas não se perde o senso de quem são, as minudências da vida normal, e mais importante, as idiossincrasias de cada um. As personalidades de todo o elenco ficam bem delineadas, e torna-se uma delícia acompanhá-los, sejam quem forem.

Algo que deriva disto é que as, digamos, regras sobrenaturais do mundo estão bem estabelecidas, e por mais que queiramos inventar coisas mirabolantes para explicar os acontecimentos, a explicação mais simples acaba por ser a mais correcta. Sobrenatural não quer necessariamente dizer extraordinário, e a resolução do mistério presente no livro acaba por ser tão fantástica de tão simples. Afinal, a resposta estava lá desde o início do livro, nós é que não lhe prestámos atenção. Gosto disso.

Já disse e mantenho que aprecio muito o sentido de humor do autor e de como escreve os personagens nesse aspecto. Há as pequenas coisas engraçadas no modo como Jackaby lida com o mundo e os outros, mas também a piada que se encontra em coisas como a Abigail ter de lidar com dois paleontólogos no local da escavação, um todo engatatão, outro todo machista para com ela - e até encontramos piada na rivalidade entre os dois cientistas, sempre prontos a atirar pedras (quase sempre figurativamente, excepção feita numa ocasião) um ao outro.

Falando na Abigail, adoro segui-la. É tão pragmática (o que faz dela um bom contraponto ao Jackaby), tão ciente do mundo em que se move mas tentando ultrapassar os obstáculos que este lhe põe; mas também sonha e deseja, e debate-se com o que quer, acreditando que a vida e o mundo não lhe permitirão alcançar as duas coisas que deseja.

Aprecio tanto que seja tão apaixonada pela paleontologia, e que mostre que sabe do assunto a quem quer que seja, e que não deixe que lhe estraguem a sua paixão. Além disso, está a aprender a navegar o feitio do Jackaby, a trabalhar com ele em equipa, e acho piada a ver isso acontecer.

Quanto ao Jackaby, que raios, mantém-se envolto num manto de mistério. Quero dizer, temos uma boa ideia da pessoa que ele é (na minha opinião do primeiro livro disse que era "distraído, alheado às coisas mundanas, mas francamente empático e um investigador dedicado", e mantenho a minha descrição, que este livro só reforçou). Mas e o passado dele? Quem foi, o que fez?

Não sabemos muito, quase nada, até, e ainda estou a tentar perceber se a intenção do autor é manter a coisa assim pelo resto da série, ou se pelo contrário haverá alguma altura em que levanta a ponta do véu. É que assim uma pessoa só consegue imaginar e inventar tragédias atrás de tragédias. Há sequer uma história ali? Como é que ele descobriu que conseguia ver o mundo doutra maneira, mais mágica? Como é que isso afectou as interacções dele com o mundo e os outros?

O elenco de personagens secundários continua a ser fabuloso. O Inspector Marlowe aparece pouco, mas com alguma fé agora na capacidade de Jackaby de resolver dilemas fora do comum. O Charlie Cane, agora Barker (os apelidos continuam a ter uma piadinha ao tipo de shapeshifter que ele é) continua a ser o tipo grande, calado e adorável que suspira pela Abigail (e a Abby por ele).

E como a maior parte da história é num novo local, há novos personagens a conhecer. Os dois paleontólogos, já o disse, foram tão divertidos de ler, pela sua rivalidade. A Nellie Fuller é fascinante, pela sua capacidade de se insinuar em qualquer situação e desarmar os homens com quem lida... a "lata" dela é qualquer coisa de extraordinário, e o feitio determinado dela é inspirador. O Hank Hudson é um caçador e interessado em seres fora do comum que conhece o Jackaby doutras andanças e dá uma mãozinha (heh, isto tem mais piada do que seria de esperar, em vários sentidos, mas só lendo) no desenrolar do enredo.

Para o(s) próximo(s) livro(s), o que espero? Bem, primeiro que tudo a investigação da história da Jenny, a fantasma da casa de Augur Lane, a residência do Jackaby e da nossa Miss Rook. O final insinua-o. Para além disso, suspeito que o autor tem história para mais que um terceiro livro, talvez um quarto e um quinto. Há a figura misteriosa que teve mão nos acontecimentos deste livro, e que se perfila para ser um Moriarty, um antagonista principal da série. E a haver algum mistério na vida do Jackaby, gostava que fosse explorado.

Até é uma coisa que aprecio, o autor deixar as suas opções em aberto. Tanto podemos ter uma trilogia como uma pentalogia (ou até ainda mais), e prefiro isso, e chegar ao fim sabendo que a história que foi contada no tempo em que era preciso, do que achar uma série demasiado curta ou demasiado longa para a história que tem. Por tudo isto, e pelo que apontei em ambas as opiniões dos livros, é definitivamente uma série e um autor que vou continuar a seguir.

Páginas: 304

Editora: Algonquin Young Readers

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

The Epic Adventures of Lydia Bennet, Kate Rorick, Rachel Kiley


Opinião: Este é um livro escrito no seguimento de The Lizzie Bennet Diaries (a série de vídeos no YouTube) e de The Secret Diary of Lizzie Bennet (o livro spin-off que segue os mesmos acontecimentos, em jeito de diário da Lizzie).

O ângulo deste livro é seguir a Lydia depois dos acontecimentos das duas histórias anteriores. A sua história foi daquelas que ficou mais inacabada, incompleta, depois de tudo. O quase-escândalo do vídeo deixou uma forte marca numa jovem que era tão animada e bem-humorada, e Lydia debate-se com como lidar com isso.

Gostei tanto de seguir a Lydia e o seu caminho. É interessante, uma coisa que eu acho que a série se pautou por fazer extraordinariamente bem é adaptar os conflitos da história original para o século XXI. E no caso da Lydia, isso é particularmente verdadeiro. Uma fuga escandalosa de casa com um homem com quem não se está casada... torna-se num escândalo na Internet, em que o Wickham pretende vender um vídeo de sexo deles.

E o mais importante disto é que o conflito essencial mantém-se; mesmo separadas por dois séculos, ambas as Lydias vêem-se algemadas às expectativas da sociedade sobre como uma mulher deve ser e parecer. Em ambas as histórias, um comportamento aparentemente leviano é punido com a dose certa de consternação e horror e tragédia.

Acho que isso me fez apreciar mais a Lydia como personagem. Não há nada de errado com ter uma personalidade como a dela, mas fizeram-lhe sentir que ser ela própria é mau, e isso é verdadeiramente trágico.

Portanto, a Lydia está perdida, à deriva, à procura de dar um objectivo à sua vida depois de ela quase ser destruída. E ela engonha, e deixa tudo falhar, e uma coisa tão simples parece que é o mundo a acabar... gostei de ver isso. De a ver esforçar-se para encontrar o seu caminho, e tropeçar frequentemente até encontrar o que funciona para si.

A minha parte favorita do livro foi vê-la em Nova Iorque, e depois, vê-la resolver as coisas com a Jane e com a Mary. Discutir, mesmo, se for preciso. Era uma coisa importante que ela precisava de fazer para se resolver. Apenas tenho pena de não a ter visto com a Lizzie. Parte das acções da Lydia no passado foram em reacção aos conflitos que tinha com a Lizzie, e sinto que elas não acertaram a sua relação, como aconteceu com a Mary, por exemplo.

Apreciei um pequeno à-parte com os pais das irmãs Bennet. Mais uma vez, o livro faz um bom trabalho em relembrar-nos que eles têm a sua vida, coisas a passar-se com eles que as meninas não reparam por estarem demasiado embrenhadas nas suas vidas.

O livro fecha relativamente bem a história, mas gostava que isto ainda não fosse o fim das irmãs Bennet. Sinto que ainda há que explorar neste mundo, e gostava de saber mais do que se vai passar no futuro delas.

Páginas: 336

Editora: Touchstone (Simon & Schuster)

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, J.K. Rowling


Opinião: Há uma razão para eu relembrar este livro com uma certa predilecção. Tantas revelações! Adoro quando a J.K. Rowling se põe a escavacar o passado e derramar esta abundância de revelações no nosso colo.

Especificamente: aprecio particularmente este tipo de revelações, em que conhecemos a "verdade difundida", e depois a autora troca-nos as voltas e faz-nos questioná-la, mostrando-nos toda uma camada por baixo. Adorei rever a história dos Salteadores, o seu passado, o que realmente aconteceu que levou ao evento trágico da morte dos Potters. É algo pelo qual a autora sempre se pautou, estes mistérios dentro de mistérios, e é tão giro.

Outras coisas fixes do livro: o mapa dos Salteadores. Abençoado mapa, que tantas travessuras permitiu. As novas disciplinas de Hogwarts. A tensão derivada da fuga do Sirius Black, o que provoca em Hogwarts. A professora Trelawney. O professor Lupin, pobrezinho, que o homem não tem uma folga, e é capaz de ter sido o melhor professor de Defesa contra as Artes Negras que Hogwarts já viu.

A história com o Buckbeak é deliciosa, porque mostra um pouco de como funciona a burocracia mágica. Oh, e as cenas com o Vira-Tempo! O clímax já é bastante excitante, desde a Cabana dos Gritos até à enfermaria, às "cinco para a meia-noite" - mas rever as cenas anteriores com o Vira-Tempo é brilhante. Adoro a maneira como as coisas encaixam na cronologia.

Há uma coisa que me ocorreu sobre o Sirius. Duas, até. A primeira é que me mata completamente pensar na hipótese do Harry ter uma vida familiar completamente diferente, e não ter a oportunidade de chegar a esse ponto. Eu queria tanto vê-lo a morar com o Sirius. Mas enfim, a Jo acha bem dar-me cabo de todas as figuras parentais do Harry...

A segunda é sobre a natureza da personalidade do Sirius. Consegue-se perceber, pela sua recusa em ir para Slytherin, como a sua família, que tem um melhor fundo que eles. Mas há alguns laivos de quase maldade, provavelmente aprendidos com eles, a que não consegue escapar. A maneira como mandou um Snape jovem para uma situação de perigo, por exemplo.

E receio que os anos passados em Azkaban tenham piorado a questão. Quero dizer, ele na forma de cão morde o Ron, ferindo-o e arrastando-o para o Salgueiro Zurzidor, o que lhe parte a perna. E isto a um miúdo de 13 anos! Não interessa quão desesperado estivesse para agarrar o Scabbers. Sei lá, tudo isto me faz questionar acerca do que poderia ter sido se as circunstâncias fossem outras, em múltiplos sentidos.

Última questão, que me ocorreu ao ler este livro. É assim, tiveram o trabalho de passar o livro para o Novo Acordo Ortográfico. E era assim tão trabalhoso fazer também uma revisãozinha à tradução? Porque as traduções dos livros em português desta série continuam a ter ocasionalmente asneiradas vergonhosas. Ugh. Detesto quando consigo perceber que a tradução de uma frase está mal feita.

Título original: Harry Potter and the Prisioner of Azkaban (1999)

Páginas: 352

Editora: Presença

Tradução: Isabel Fraga

sábado, 7 de novembro de 2015

Curtas: Poderosos Heróis Marvel, volumes 12 a 15

Thor: Coração do Mundo, Matt Fraction, Olivier Coipel
Este livro decorre, ao que sei, depois do evento Siege, e Asgard e os Asgardianos ainda se mantêm junto a uma cidadezinha do Oklahoma. Thor e Sif são enviados por Odin ao fundo de Yggdrasil, para encontrar uma misteriosa Semente do Mundo. Esse acto chama a atenção de Galactus, que vem para a Terra com o objectivo de a adquirir; só que Odin tem outros planos...

Normalmente não leio muita coisa que envolva os Asgardianos: é paradoxal, em teoria gosto muito da mitologia envolvida, e o que tenho encontrado agrada-me; mas há uma gravidade na atitude dos personagens que não me leva a lê-los muito.

Tendo dito isto, é uma premissa meio interessante. Frustra um bocadinho não saber o objectivo mais geral da introdução da Semente, mas a ideia é provocante, especialmente quando leva a questionar a natureza de divindade e dos deuses asgardianos. Tendo a desconfiar das aparições do Galactus, porque é suposto ser tão assustador, mas toda a gente e o primo deles quer usar o Galactus numa história, e dá a sensação que depois se arranja uma maneira demasiado fácil para derrotá-lo. Diminui a ameaça que é suposto representar.

Pontos altos do livro: a presença de Broxton, e a preocupação normal dos seus cidadãos com os vizinhos asgardianos; o Volstagg e o seu alheamento da realidade; e o Kid Loki, que é uma apresentação curiosa do personagem (e a tentativa dele roubar o cabelo da Sif é extremamente divertida).

O Thor parece um pouco estranho, está desenhado duma forma que não me parece visualmente muito interessante; e por outro lado, vejo a Sif por ali apenas a servir de enfeite do cenário, que também não é nada interessante.

Hulk: Futuro Imperfeito, Peter David, George Pérez, Dale Keown
Huh. Quem diria que o Hulk se torna 100 vezes mais interessante num futuro distópico e/ou pós-apocalíptico? Talvez seja da minha preferência pelo género, mas achei que ambas as histórias trouxeram ao cimo os conflitos essenciais do personagem.

Futuro Imperfeito mostra um Hulk do presente, a ser levado para um futuro distópico regido pelo Maestro. A relação entre os dois é fantástica de ver na página, e gostei bastante da exploração psicológica da mesma. O final é muito bom, usa elementos da mitologia do personagem e elementos da história, e fecha o ciclo.

Gostei tanto da arte, visualmente era bem estimulante, com uma bela cor, e tão detalhada. Algumas páginas eram estonteantes. (A sala dos artefactos de heróis do passado também era muito fixe.)

O Fim é totalmente pós-apocaliptico. Todo o mundo morreu num evento apocalíptico, e apenas o Hulk sobreviveu, passando os dias na dualidade entre o Bruce Banner e ele próprio. A desolação da paisagem é impressionante e assustadora, e aquela coisa dos insectos é simplesmente aterradora. Além disso, a ideia de outrém a vigiar a Terra durante o apocalipse é preocupante. Além disso, a dualidade entre as duas facetas do personagem é explorada duma forma que me agrada dentro do contexto.

Marvels: Através da Objectiva, Kurt Busiek, Jay Anacleto
Gostei bastante do primeiro Marvels, mas sabia que este era um pouco menos bem visto, e então estava curiosa e ao mesmo tempo de pé atrás quanto a lê-lo. Pois bem, é uma história de natureza um pouco diferente, mas igualmente satisfatória, parece-me. Funciona como sequela, mas algumas cenas mais do início estão intercaladas com os acontecimentos do primeiro livro, e gostei de seguir novamente o Phil.

O tom é menos esperançoso, mais negativo. Contudo, tendo em conta a condição do Phil, é o que faz mais sentido. Em adição, o Phil está a envelhecer, ao passo que estas maravilhas continuam na mesma e a salvar o mundo, o que compreensivelmente o deixa algo amargo. A velhice também pode trazer algum conservadorismo, que pode mudar a perspectiva do Phil.

Em último, o mundo também mudou. O sensionalismo das épocas mais tardias é muito certeiro, e compreende-se a desilusão de Phil com o seu meio, e a sua reaproximação dos que admirava. É isso que aprecio no livro, a relação de Phil com as maravilhas que continua a observar, a perspectiva do homem comum no meio do caos.

Pontos para a escrita, que achei mesmo emocional, capaz de evocar aquilo que Phil sentia no momento, de forma poderosa. Fiquei impressionada. O final é algo amargo, e inevitável, mas fico feliz pela reunião que trouxe. A arte, bem, isto não é nenhum Alex Ross - é injusto metê-lo ao barulho e permitir sequer a comparação, porque não é justo para os outros artistas. Até gostei deste trabalho, e como de certo modo era mais sombrio que no volume anterior. Muito adequado.

Gavião Arqueiro: Quem Pelo Arco Vive, Matt Fraction, David Aja, Javier Pulido, Alan Davis
Eu já opinei este livro aqui, e adorei, e a minha opinião mantém-se. Só queria uma oportunidade para o destacar outra vez. Agora que acabei a série estava a ficar com saudades, e aproveitei esta oportunidade para a releitura.

Este volume tem todos os números da revista contidos no primeiro volume da revista, mais o número 6, que já faz parte do segundo volume. E já agora que tenho oportunidade, destaque para as introduções incluídas em todos os volumes, são a primeira coisa que leio e são frequentemente interessantes, informativas e uma boa forma de entrar na história.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Meg Cabot: Short Stories, O Tamanho 42 Não É Para Gordas


Título original: - / Size 12 is Not Fat (2005)

Páginas: 39 / 372

Editora: Auto-publicado / Aletheia

Tradução: - / Cristina Queirós

Os dois livros lidos em Outubro para o meu desafio da Meg Cabot são um par bastante distinto. O primeiro é um e-book que reúne alguns contos da autora, publicado gratuitamente no seu site.

Entre eles, conta-se Reunion, um conto que encaixa no mundo da série Boy. Apenas marginalmente, porque não há exactamente cruzamento entre personagens. (Talvez um espaço.) O que têm em comum é o uso de e-mails para contar a história, e nesse aspecto a autora consegue sugerir uma com o curto espaço que tem. É uma história fofinha de uma reunião entre antigos alunos de uma escola secundária.

Back to School é curtinha, mas bem gira no sentido de empoderamento e de como as coisas mudam com os anos. You Rock, Jen Greenley é uma história que serviu de protótipo para o livro Teen Idol, e é delicioso de ler, porque dá para ver as raízes, os pontos cruciais do livro. Já Girl's Guide to New York Through the Movies é mais um artigo de opinião sobre como Nova Iorque é representada nos filmes, muito curioso.

My Character é uma história escrita para um evento ao vivo, com inspiração numa imagem com uma fila de personagens, e o resultado é super original e engraçado. Every Girl's Dream é sobre a Suse e o Jesse, da série Mediator, ainda no início, ambos embeiçados um pelo outro mas incapazes de o dizer.

O segundo livro lido é O Tamanho 42 Não É Para Gordas, e céus, já quase me tinha esquecido de quão divertido este livro é. A premissa é tremendamente divertida, para começar... a protagonista, Heather Wells, é uma antiga estrela da pop, caída em desgraça após a sua editora a deixar "cair", e o seu ex-namorado, outra estrela da pop, ex-boyband, a trair com ainda uma terceira estrela da pop. Oh pá, isto só tirando das manchetes dos jornais, que nem podia ser inventado.

Para cúmulo, a mãe de Heather roubou-lhe o dinheiro todo, que juntou durante a sua carreira, e Heather vê-se em dificuldades. Arranja emprego numa residência universitária, o irmão do ex-namorado oferece-lhe um local para ficar, mas em cima de tudo, Heather vê-se a perder a forma que tinha durante a carreira na música, o que a deixa insegura.

É simplesmente uma premissa fabulosa, divertida, que só podia sair da cabeça da Meg Cabot, que se lembra sempre das coisas mais malucas, mas estranhamente fá-las funcionar. Gostei tanto da Heather e do seu percurso, de como a sua "queda de graça" a deixou desamparada mas ao mesmo tempo decidida a voltar a pôr-se de pé e a resolver a sua vida. Além disso, ela não tem todas as respostas, e mete os pés pelas mãos, e é crescidinha mas mal resolvida, e isso é refrescante e reconfortante de ler.

Além disso, a Heather é essencialmente uma boa pessoa, e é isso que a coloca na peugada de um assassino, ao compreender que as mortes na sua residência universitária não são um acidente (a versão das autoridades), mas sim o trabalho de uma pessoa com intenções nefárias. O mistério não é terrivelmente complicado, mas cativa, e dá o mote para uma série prometedora.

O grupo de personagens secundários é cativante, reunindo alguns com o estilo característico da autora. Pode-se dizer que alguns são arquétipos do "tipo" que ela costuma escrever, e que são os detalhes que ela lhes dá que os preenche. Alguns momentos com estes personagens são os mais divertidos da trama.

Só acho um pouquinho frustrante não ter mais resolução do aspecto amoroso. A Heather tem um fraco pelo irmão do ex-namorado, o Cooper, mas não passa da paixoneta, não há momentos de fazer suspirar, e para um livro adulto da Meg, esperava mais química com os dois personagens à partida. Eu quero shippar esta gente! Preciso de um osso, Meg. Ajuda-me a torcer por este parzinho.