quinta-feira, 31 de março de 2016

Este mês em leituras: Março 2016

Fim de Março, a Páscoa já foi, a Primavera começou, e esperemos que os dias estejam mais perto de ficarem mais longos e com melhor tempo; já chega de chuva e frio. Peço desculpa em avanço pela minha ligeira (só muito ligeira, mesmo) obsessão com a Cassandra Clare e a maneira como ela tem gosto em torturar-me, é sempre assim quando ela lança um livro. A leitora calma e contida retornará de seguida. (Excepto... nem por isso. Eh, quem estou a querer enganar?)

Livros lidos


Opiniões no blogue

  • Oitava Campa ao Anoitecer, Darynda Jones;
  • Curtas: Super-Heróis DC, vols. 1 a 4: Liga da Justiça: Origem, Geoff Johns, Jim Lee; Super-Homem: Contra o Mundo, Grant Morrison, Rags Morales; Batman: Corte das Corujas, Batman: Cidade das Corujas, Scott Snyder, Greg Capullo;
  • Stars Above, Marissa Meyer;
  • The Power, Jennifer L. Armentrout;
  • Curtas BD: Black Widow v.2: The Tightly Tangled Web, Nathan Edmondson, Phil Noto, Mitch Gerads; Rat Queens v.2: The Far Reaching Tentacles of N'rygoth, Kurtis J. Wiebe, Roc Upchurch, Stjepan Šejić; Jessica Jones: Alias v.2, Brian Michael Bendis, Michael Gaydos; The Wicked + The Divine v.3: Commercial Suicide, Kieron Gillen, Jamie McKelvie, Matthew Wilson, Clayton Cowles;
  • P.S. Ainda Te Amo, Jenny Han;
  • Mais Um Dia, David Levithan;
  • Meg Cabot: Airhead, Being Nikki.

Os livros que marcaram o mês

  • Harry Potter e os Talismãs da Morte, J.K. Rowling - eu nem tenho coragem ou energia para fazer uma opinião disto, vai ser o tempo todo palavreado do género "ohhh já acabou" e "é perfeito ela ter feito isto, encaixa tão bem" e "esta parte foi tão emocionante, só dava vontade de chorar baba e ranho" e "porque é que eu não posso começar de novo???";
  • P.S. Ainda Te Amo, Jenny Han - gosto mesmo da sensibilidade da Jenny Han para escrever histórias simples e caseiras, mas com uma fantástica caracterização dos personagens, do primeiro amor, primeira relação, primeiros ciúmes, ...;
  • Lady Midnight, Cassandra Clare - se, no fim desta trilogia, e da The Last Hours, que faz par com esta e é capaz de ajudar à festa e bater mais no ceguinho, não houver uma estátua erigida aos Blackthorn, muito particularmente ao Julian Blackthorn, eu atiro os livros pela janela fora, porque a Cassie é tão tortuosa, e faz estes personagens passar por tanto, e é tão triste e credível e encaixa tão bem com a sociedade dos Shadowhunters, e eu estou obcecada com isto, e tenho neste momento (estou a acabar as últimas páginas) a sensação que se este pessoal não tiver todo um final feliz, eu nunca mais serei feliz novamente, e sim, sei que estou a ser dramática, a Cassie é má e deixa-me assim.

Outras coisas no blogue


Aquisições

O mês da banda desenhada, aparentemente. Temos os 4 volumes da colecção Super-Heróis DC, mais os 4 da colecção Graphic Novels Marvel da Salvat. Da qual recebi os deste mês, e do mês passado, porque em Fevereiro o débito directo teve de entrar mais tarde, já que houve uma confusão qualquer porque os NIBs agora têm de ser IBANs. Que é só tipo o mesmo número com PT50 antes, portanto vê-se mesmo onde é que houve a confusão, não é? Bem, pelo menos avisaram.

Os quatro volumes da editora G. Floy apanhei nos Dias Aderente Fnac com 20% desconto, e em boa hora os apanhei todos juntos, porque encontrar variedade dos livros desta editora na Fnac é mais difícil que encontrar uma agulha num palheiro, o que é inteiramente culpa da Fnac, porque são tão maus a ter stock dos livros, e entretanto a editora é nova e não se encontra em todo o lado facilmente, por isso acabo a esperar para comprar na Fnac, mesmo que tenha de ser às pingas.

BD em inglês vieram os livros da Jessica Jones, e do The Wicked + The Divine. Por cima, à direita, um livro de marcadores da Dom Quixote, também obra dos Dias Aderente. Tal como o par de livros da Jane Austen, só para a colecção. Temos ali o Kindred Spirits, da Rainbow Rowell, em que me aconteceu uma coisa em tudo igual à da jen7waters, ou seja, tenho uma caixa com quase 50 livros iguais, e não sei o que lhes fazer, ainda estou a cozinhar ideias.

A piada da coisa é que à escrita deste post, o livro desapareceu da base de dados do Book Depository (mesmo que estejam esgotados, os livros não costumam desaparecer), e melhor, desapareceu da minha lista de encomendas feitas no site no passado. Caramba, o BD fez asneira tão da grossa que se quer mesmo esquecer da coisa, hmmm?

The Power é para continuar a acompanhar os livros da Jennifer L. Armentrout, os dois da Meg Cabot para continuar o desafio da autora, e o A Tyranny of Petticoats porque é histórico, porque me prometeram heroínas badass, e porque tem um monte de autoras que sigo.

O Lady Midnight serviu como tortura particular do mês, primeiro porque nunca mais chegava (levou três semanas, quando o habitual é levar duas a chegar do Book Depository, e não, o problema não é da Páscoa, chegou uma semana antes da mesma, e alguns livros de encomendas anteriores têm tido o mesmo problema).

E depois porque a Cassandra gosta particularmente de me torturar com personagens intensamente bem caracterizados e de os torturar de seguida só para espetar a faca mais fundo. Eu sei que ela vai resolver tudo, vai ficar tudo bem, eu também tinha a certeza que a Clary e o Jace não eram irmãos depois de ler o City of Bones, mas está um bocadinho difícil de acreditar em finais felizes neste momento.

Esta malinha vinha com este envio das Graphic Novels Marvel da Salvat, como oferta por subscrever a colecção. Muito gira.

A ler brevemente

Preciso, acima de tudo, de coisas felizes. Ainda não sei bem o que são, mas provavelmente vou começar com a banda desenhada, que não é provável que me cause emoções tão intensas como a Cassandra Clare. Não quero deixar acumular muitos livros das colecções de BD que estou a fazer por ler, por isso esses, e as aquisições recentes, são a prioridade.

Fora isso, tenciono ler os livros do Owlcrate, aquele que ainda há de me chegar às mãos, e The Love that Split the World, que já podia ter lido este mês, se não fosse a Cassie ter dado cabo de mim e inutilizado-me para outras leituras durante os dias em que estive completamente absorvida no Lady Midnight.

Juntei ali à pilha física mais algumas aquisições do mês, e na pilha virtual estão os livros que espero que me cheguem em Abril: os da Meg Cabot; o novo da Julia Quinn, que decorre uma geração antes dos outros dos Bridgertons; o A Study in Charlotte, que queria muito ler, mas não sabia se vinha no Owlcrate, e por isso esperei até ter a certeza que não; e o The Winner's Kiss, que a Marie Rutkoski é outra torturadora e vai-me espezinhar o coração, tenho a certeza, por isso Abril também vai ser um mês bonito, vai.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Uma imagem vale mil palavras: Batman v Superman - Dawn of Justice (2016)

Hmmm era preciso eu ir ver isto ao cinema para ter direito a ver três trailers que queria mesmo ver no grande ecrã? Porque isso nunca acontece. Pior, normalmente escolhem sempre trailers que não têm nada a ver com o filme em questão.

  • Suicide Squad: mostraram o trailer com a Bohemian Rhapsody como fundo, que gosto mesmo de ver, porque as batidas da música estão encaixadas tão perfeitamente com as imagens do trailer... fossem todos assim;
  • X-Men, qualquer coisa Apocalipse: tenho gostado muito de ver esta nova "vaga" dos filmes dos X-Men, portanto óbvio que estou animada para ver, especialmente porque alguns dos velhos personagens vão voltar, em versão mais jovem, e a miúda em mim que via os desenhos animados dos anos 90 está animadíssima só com a perspectiva de ver a Jubilee;
  • Capitão América e qualquer coisa sobre a Guerra Civil: ainda estou em dúvida sobre como é que a Guerra Civil vai resultar em filme, mas gostei muito do segundo filme do Capitão, e são os mesmos realizadores, e começo a perceber que às vezes os realizadores fazem toda a diferença (mais à frente sobre isso), e pelo menos parece que vai ser tudo tão dramático, e quase como um filme dos Vingadores, só que sem o nome deles no título... além disso, morri a rir quando percebi que no fim do trailer o Homem de Ferro chama por uma certa pessoa, chamando-lhe... "underoos". Ehehe.

Ok, eu devia estar a falar do filme. Bem, o que eu tenho a dizer principalmente é que tive uma epifânia, ou vá, a compreensão de uma verdade meio triste: o Zack Snyder é um storyteller tão, tão mau. (O que é uma péssima coisa para se ser, quando se é um realizador.)

E isto é vindo de alguém que até gostou, mais ou menos, assim-assim, de outras coisas que ele fez. Gostei do Watchmen, mas aí a história estava toda feita, ele não podia estragar nada, e as duas coisas que mudaram no filme caíram-me no goto (tiraram a coisa dos piratas, que eu achei aborrecida na banda desenhada, e achei o "culpado" da banda desenhada um bocado pateta, por isso no filme resulta melhor).

Gostei das ideias e do visual do Sucker Punch, mas depois para um filme de acção pareceu-me algo estagnado. Gostei das ideias do filme anterior do Super-Homem, mas em retrospectiva há algo na execução que não me soou bem.

E é isso, o Zack Snyder tem ideias fixes, mas monta-as tão mal, conta tão mal a sua história, que me parte o coração, porque todos estes filmes podiam ser brilhantes (este provavelmente incluído), mas caem... em saco roto, sei lá.

Problema número um: o filme é demasiado longo, e engonha. Já acontecia no Man of Steel. Também aqui o clímax final se arrasta e toma a forma de vários pequenos clímaxes, que em vez de serem interessantes, quando se empilham, são aborrecidos. Um enredo que não fosse tão convoluto, que fosse cortado e aparado e costurado aqui e ali, tornava o filme mais "corrido".

Problema número um e meio: o homem lembra-se de meter ali pormenores que não lembram a ninguém, e depois aquilo não ajuda a contar a história, só empata. Toda a coisa do Lex Luthor com a senadora e o Wallace qualquer coisa é desnecessariamente complicada. (A maneira como o Lex executa o seu plano maléfico é desnecessariamente complicada.)

Ah, e a coisa do futuro distópico com que o Bruce sonha, e em que a Lois morreu e o Super-Homem parece mau? Tecnicamente, é fixe, é uma referência dos comics, mas não ajuda a contar a história, e quem não conhece, não sabe o que se está ali a passar. Não serve para nada, a não ser como nerdice. Eu nunca li qualquer comic relacionado com o assunto, e só percebi porque mesmo não lendo todos os comics vou arquivando na minha memória certas referências que apanho. (Funcionava melhor como cena extra, para preparar um próximo filme. Assim como a aparição do Flash no meio daquilo.)

Problema número dois: por favor, mais inteligência a construir o enredo. Podemos ter perfeitamente um enredo complexo, mas que seja inteligente. Como me queixei ali em cima, toda a trama do Lex Luthor é tão enleada e tão confiante que vai correr bem, mas que podia correr mal devido a um milhão de factores relacionados com o livre arbítrio dos personagens envolvidos.

Não há um milhar de maneiras mais simples e igualmente inteligentes de virar o Batman contra o Super-Homem um contra o outro? Eles já estavam predispostos para não gostarem um do outro, mesmo. E o Batman é supostamente este tipo muito inteligente e detectivesco, portanto vê-lo ser manipulado desta maneira é... irritante.

Problema número três: caracterização psicológica. As decisões dos personagens têm de fazer sentido com o que eles são, o passado deles, os medos, motivos e vontades. Era preciso uma melhor caracterização do Lex para os motivos dele fazerem sentido. Um ódio a figuras endeusadas, de autoridade, porque o papá lhe batia? Fixe, é uma boa ideia. Vamos explorar isso.

Assim, tudo o que me soou foi que lhe tentaram dar um motivo, mas ao mesmo tempo fazer dele um Joker à lá The Dark Knight (god bless you, Heath Ledger, oito anos depois e continuas a assombrar o pessoal). Só que para isso, era preciso que o Lex fosse menos "psicopata choninhas e desvairado" e mais "psicopata caótico e frio, mas contido e controlado".

Ok, chega com a negatividade, já bati suficientemente no ceguinho, parece-me, e apontei os piores problemas, e até estou a ficar furibunda só de pensar nisso. E fico furibunda porque depois o raio do filme tem pormenores e ideias fixes, mas não os usa com todo o seu potencial, e detesto ver uma história decente desperdiçada, e... grrr.

Passemos a coisas boas, coisas que gostei. Os três actores principais. Fazem o melhor que podem, com a história que lhes é dada, e não lhes consigo apontar defeitos. O Henry Cavill é adorável e carismático, e encaixa bem no personagem; o Ben Affleck é credível no papel de Batman assim mais experiente *cof*velhote*cof*, e até tem uma cena ou outra engraçada.

O destaque é mesmo a Wonder Woman, que é bastante intrigante quanto aos seus motivos mal entra no ecrã, e quando finalmente a vemos no fato e entra aquela música fantástica a introduzi-la... ah, maravilhoso. Ela a lutar era cativante, parecia mesmo que se estava a divertir, o que faz sentido com alguém com um perfil mitológico e habituado a lutar com monstros.

Fiquei intrigada com a maneira como isto encaixa com a trilogia do Christopher Nolan. A mansão Wayne está destruída, o que encaixa nessa continuidade, a cena inicial é claramente uma menção à trilogia, o Batman começou a lutar contra os criminosos há 20 anos, mas ao mesmo tempo o filme dá a sensação que esta cruzada dele é um recomeçar, como se tivesse estado parado... o que até encaixa com o fim da trilogia também, mais ou menos, mas gostava de perceber melhor se é mesmo suposto encaixarem na mesma continuidade.

Gostei mesmo do Alfred, o papel do Jeremy Irons, uma combinação de sarcástico e depreciativo das atitudes do Bruce, ainda que continuando a apoiá-lo. Gostei do Perry White, com o seu feitiozinho. Gostei das aparições do resto da Liga da Justiça, que até souberam a pouco. (A aparição do Flash, vindo do futuro, até é gira, se ignorarmos o resto da cena onde ela encaixa.)

Não gostei do Lex (já falei dos meus problemas com ele), não gostei da Lois. Depois dum filme em que ela parecia ser a sua própria pessoa, aqui parece servir mais de... elemento decorativo?

Gostei da história tentar lidar com a questão da destruição que aconteceu no outro filme, que até é um motivador bom para o enredo (apenas não foi gerido bem), e tentar lidar com a posição que o Super-Homem pode tomar no mundo (que também não foi gerido bem, e desviado pelo confronto titular e a missão de... vingança? do Lex Luthor).

E... estou a tentar encontrar mais coisas giras para destacar, mas já é tarde, está-me a falhar a memória, e quando tento encontrar coisas boas, são meio boas, e trazem algo mau atrás, e eu começo é a lembrar-me das coisas que não gostei. Ugh. Porque é que eu me torturo?

domingo, 27 de março de 2016

Meg Cabot: Airhead, Being Nikki

Airhead (2008) / Being Nikki (2009)

Páginas: 352 / 352

Editora: Point

Ok, tenho de tirar isto do peito primeiro: o designer destes livros devia ser obrigado a segurá-lo durante DOIS ANOS, obrigado a passar as páginas, e a ficar com dores nas mãos de o fazer. Ugh. Normalmente num paperback o papel é fino e maleável o suficiente para o passar das páginas e o agarrar no livro com uma mão serem confortáveis; aqui não. Não, não, não.

O papel é tão rijo que mal se mantém aberto com duas mãos, quanto mais com uma, que é o que eu preciso que aconteça se vou no autocarro em pé e tenho de me agarrar a alguma coisa para não dar com o nariz no chão. Portanto, mau trabalho, senhor designer. Muito mau trabalho. Parece que ainda estou a sentir dores nos dedos.

Voltando aos livros: isto é tipicamente uma premissa Meg Cabot. Louca, completamente doidivanas, mas ela fá-la funcionar. Essencialmente, a personagem principal, Emerson Watts, ou Em, está no lançamento de uma nova loja da corporação Stark, quando é esmagada por um ecrã de televisão mal preso, que lhe cai em cima.

Quando acorda, Em não é a mesma pessoa. Quase literalmente. Ao mesmo tempo que a Em teve o seu acidente, a estrela representante dos produtos Stark, a supermodelo Nikki Howard teve um aneurisma cerebral. A solução? Um transplante cerebral: o cérebro da Em no corpo da Nikki. Parece que a empresa Stark financia a pesquisa dos médicos que estudam este procedimento, e já foi feito várias vezes.

Cabe à Em continuar a viver como Nikki, a fazer o trabalho de modelo e representante da marca, o que seria mais fácil se a empresa não fosse uma dessas corporações sem alma, maléfica e com fins nefastos. E seria certamente mais fácil se ela não tivesse de se desligar da família e de tudo o que conheceu, o que é algo difícil para ela.

Por outro lado, é super divertido ver a Em adaptar-se à vida da Nikki. Primeiro porque a Nikki era, bem, uma pessoa assim não muito simpática, e toda a gente fica desconcertada ao vê-la ser uma pessoa decente.

Depois, porque a desculpa para a Em não se lembrar de tudo o que está para trás é amnésia. E então é divertido ver as pessoas a tentar (ou não) relembrá-la de coisas que sabia sobre beleza ou o mundo da moda; e é muito divertido vê-la cruzar-se com pessoas que a Nikki magoou de algum modo.

O enredo do primeiro livro não é muito definido, é mais um livro sobre a adaptação da Em à sua nova vida, e pode soar a pouco. Aliás, soou-me totalmente a pouco. Já o tinha lido há uns anos, e tinha a sensação que tinha ficado mais à frente na história ao fim do primeiro livro.

O que me fez pensar que talvez possa ter lido o segundo livro na altura, mas ao mesmo tempo não me lembrava de nada dos pormenores do segundo livro, por isso provavelmente não li. E sim, isto foi antes de começar a registar os livros que leio. Ainda bem que o comecei a fazer, ou não me lembrava de nada.

O segundo livro já é mais focado, mais orientado, e começamos a desvendar os esqueletos no armário, tanto da Nikki como da Stark. Conhecemos alguns familiares da Nikki, no primeiro caso, e no segundo, vamos subentendendo mais sobre o porquê do transplante.

Uma das questões que gera tensão é o facto de a Em não poder passar justificadamente tanto tempo com a sua família, porque a Nikki nada lhes é. O que é interessante, porque a irmãzinha mais nova, o Frida, olha para a Em como um modelo, apesar de nenhuma o admitir.

Por outro lado, achei o comportamento dos pais da Em algo reprovável. O Natal aproxima-se, e sei que isso torna as coisas mais complicadas para toda a família, mas os afectos não se desligam, e custa-me que tenham feito planos assumindo que a Em-como-Nikki não poderia estar com eles. Bastava perguntar e tentar combinar algo.

Outra coisa que gera tensão são todos os namorados da Nikki, que até é uma situação divertida, com drama a pedir para acontecer, porque ela namoriscava demasiados rapazes, e nem os namorados das amigas estavam fora de questão.

O único que me parece interessante, de momento, é o Gabriel Luna, que parecia fascinado com a "lenda" da Nikki, mas essa situação pode ter algum interesse da empresa por trás, o que lhe mata o interesse.

Mais uma coisa que gera tensão: o Christopher sabe? Ainda não? Quando vai descobrir? O Christopher era o melhor amigo da Em, grande paixoneta de sempre, que ela não consegue deixar para trás. E ele, parece que também não, porque depois da "morte" dela fica um bocadinho... intenso.

Tenho pena que ele não tenha compreendido por si, teve uma pequena ajudinha, e queria ver esta situação melhor explorada, porque já soube demasiado tarde no segundo livro para explorar devidamente a tensão subjacente à Em não estar no mesmo corpo e ele nunca ter feito nada na vida anterior deles.

Tenho a estranha sensação de que sei como a situação vai ser resolvida, afinal anda por ali um corpo que podia ser, hmmm, atribuído à Em, e resolvia as coisas duma maneira perfeitinha, bem à maneira da Meg. Já consigo ver as consequências disso para outros personagens. Espero estar certa.

Oh well, esperemos que esteja certa. No próximo mês, veremos. Mal posso esperar.

sábado, 26 de março de 2016

Owlcrate, à terceira é de vez: ou como os Correios decidiram torturar-me

Aquela caixa que vou apresentar daqui a um pouco é a de Fevereiro. Sim, de Fevereiro, um mês atrasada. O que não é culpa, de todo, do pessoal do Owlcrate, que foram uns fofos e super disponíveis durante todo este processo. Não, o problema são mesmo os correios, que conseguiram aparentemente fazer uma entrega das duas vezes anteriores, sem problema, mas decidiram implicar com um pormenorzinho à terceira, estando ele presente em todas.

Ora bem: há coisa de um mês, andava eu a verificar obsessivamente o tracking da encomenda de Fevereiro, quando um dia vejo que o último estado da encomenda era "incorrect address - package returned to sender", o que me fez soltar um berro tal que nem sei como não me ouviram no outro lado da cidade.

Procedi a fazer duas coisas: um, entrar em pânico, porque não estava a perceber como raios é que o endereço estava mal, já que o endereço no Owlcrate está completíssimo; dois, disparar um e-mail em todas as direcções, CTT, Asendia (os serviços postais que gerem o transporte antes de chegar cá a Portugal, pelo que percebi), e Owlcrate.

CTT? Não podiam ajudar, nem tinham registo da encomenda. *facepalm* Se eu alguma vez quiser enviar algo, não saberia a quem recorrer, já que os CTT nem sabem das encomendas que é suposto entregarem. Asendia? Yup, outro beco sem saída.

Só o pessoal do Owlcrate (god bless them) é que se disponibilizou a tentar perceber o que se passava e enviar uma nova caixa, se fosse necessário. Entretanto tinha cá as caixas anteriores, e ao olhar para a etiqueta do endereço, acho que percebi o problema.

[Aqui a culpa é inteiramente da empresa que faz o aviamento das encomendas para o Owlcrate, suponho. (E dos correios, que das duas vezes anteriores não implicaram com a coisa, mas desta vez acharam por bem fazê-lo.)]

É que a etiqueta não era comprida o suficiente para o meu endereço, aparentemente. (A culpa também é da minha rua, que é demasiado comprida para meter em 50% dos formulários por aí. E do pessoal que decidiu dar o nome à rua. E do parvo do médico homenageado, porque além de termos "Dr." no meio, o homem ainda tinha um nome comprido como o raio. A piada da coisa é que há ruas com nomes bem mais compridos que isso.) Estava tudo bem até ao andar do prédio, mas faltava a indicação de ser "esquerdo" ou "direito".

E pronto, disparei um e-mail para o Owlcrate a explicar que desconfiava que a situação se devia a isto, e eles procederam a enviar uma nova caixa, com o cuidado de ver se a morada encaixava bem. A antiga, à data deste texto (o tracking ainda funciona), está em Portland, no Oregon, há uma semana. (As caixas têm levado muito pouco tempo a chegar, mas para voltar para trás... bem, dão razão ao termo correio caracol.)

E chegou há uns dias. Muito rapidamente. Com morada certa. E só me resta agradecer ao pessoal do Owlcrate, que são uns queridos e fazem uma caixa de subscrição adorável, e acompanharam fantasticamente a situação.

Passando ao material constante da caixa:

O livro do mês é The Love that Split the World, de Emily Henry, com uma nota escrita pela autora. Repetindo-me, não é um livro que teria encomendado, mas ainda bem que me veio parar às mãos, porque lendo a sinopse e algumas opiniões até parece coisa que me possa cair no goto (a menção a Friday Night Lights até me fez trepar às paredes).

E agora que estou a falar disto estou a dar-me conta como fui parva a fazer as fotos. O livro trazia lá dentro uma bookplate com uma citação do livro e um autógrafo da autora. Esqueci-me de tirar cá para fora para a foto. *facepalm* Para os curiosos, podem ver aqui, por exemplo.

Uma bela surpresa: um segundo livro. Neste caso, The Time Machine, de H.G. Wells, bem adequado pelo tema de ficção científica e de viagens no tempo. Neste caso, o livro também trazia um marcador, que eu também fui demasiado esquecida para tirar cá para fora. Dá para ver no link que partilhei acima, ou aqui. Os designers são a Rock Paper Books, cujo estilo de capas adorei conhecer, tão moderno e minimalista e colorido. Um colírio para os olhos.

Em adição, ali à direita está o cartão que vinha a apresentar os items, e a razão da sua escolha.

Ali em cima do lado direito está o outro lado do cartão. Do lado esquerdo, o primeiro item do Owlcrate que não me diz assim tanto, uma espécie de pregadeira magnética da Tardis de Doctor Who, do qual eu só vi assim uma mão cheia de episódios soltos, por isso... mas é bonitinha e bem feita. O íman é superforte. Produzido pela Vector Engraving.

E por fim, o item que me deixou hiperanimada, preparada para andar a saltar por aí de excitação. Um tote bag temático das Lunar Chronicles, exclusivo para o Owlcrate. É perfeito, porque eu adoro a série, e porque ando sempre com um saco ou dois deste género na mala, para as compras e assim. Só que agora não queria nada gastá-lo, o que vai inevitavelmente acontecer se começar a andar com ele. Só me apetece dar-lhe festinhas. (O material é superfofinho.)

E pronto, estou preparada para receber a caixa de Março. Que ainda não recebi, porque os céus nos livrem de se aproximar um feriado e as coisas funcionarem bem na semana antes do mesmo. Acompanhando pelo tracking, as actualizações estão a levar uns dois dias a aparecer lá depois de serem emitidas, portanto...

Estou com um bocadinho de medo porque na próxima semana, durante a qual a encomenda previsivelmente chega, não estarei em casa... vamos ver como é que isto corre. O procedimento normal dos Correios, creio eu, seria deixar um aviso na caixa do correio para ir levantar à estação. Esperemos que assim aconteça. Não há razão nenhuma para voltar para trás. *fazfigas*

quinta-feira, 24 de março de 2016

Mais Um Dia, David Levithan


Opinião: *suspiro* Isto sou eu a tentar conter a minha impaciência. E o meu exaspero. Com tanta coisa que o Levithan podia fazer, e decide fazer o cliché dos clichés, aquilo que ninguém suporta - escrever o mesmo livro, do ponto de vista de outro personagem. Grrr.

É que até podia funcionar. O David Levithan escreve bastante bem; as palavras dele não são o problema. É mais a incapacidade dele de escrever uma protagonista interessante. Céus, a Rhiannon é, lamento dizê-lo, um autêntico capacho. Morri de aborrecimento a lê-la, e pior, a caracterização dela deixou-me furiosa.

É que é impossível perceber porque é que ela continua com o Justin. O tipo é um idiota, horrível com ela, e ela continua com ele. Porquê? Porque é "um menino perdido"? Ser um bad boy com problemas não justifica ser tratada como lixo. Onde é que está a auto-estima?

E mesmo que o problema aqui fosse auto-estima... em ambos os casos, precisávamos de uma melhor exploração da personalidade e da vida familiar da Rhiannon e do Justin. É-nos dito que, ah e tal, problemas familiares. Mas nunca vemos que tipo de problemas. Tudo o que vemos dos pais deles é bastante "normal". Portanto, de onde é que vem a falta de auto-estima da Rhiannon, se nem nos é apresentada a suposta vida familiar disfuncional que tem? De onde vem a raiva contra o mundo, o desligamento emocional do Justin, se tudo o que nos é dito é que o pai dele tem um feitio "militar"?

Para alguém que trabalha como editor, que provavelmente passa a vida a dizer a outros escritores qualquer coisa nas linhas de show, don't tell, o Levithan faz certamente muito tell e pouco show. É-nos dito que têm problemas familiares, que isso será a origem dos seus problemas mútuos, mas é-nos isso mostrado? Nop, nem por isso. Desculpa lá, Levithan, isso é preguiçoso. Em vez de termos mais do mesmo, tinhas era feito um bom trabalho a explorar a psicologia destes dois personagens, pois daria uma base sólida para a história da Rhiannon, e para a história dela com @ personagem A.

Portanto, sim, o Levithan escreve bem, no que toca às palavras, mas parece um totó a escrever algo com boa caracterização e enredo cativante. Uma premissa original pode ter disfarçado esta fraqueza no primeiro livro, mas não aqui, querido, em que é mais do mesmo.

É que até escrito do ponto de vista da Rhiannon, a história dela com A me parece fraca. Falta um quê de emoção à escrita, e por isso é difícil crer que ela está mesmo envolvida. Não sei, não consigo vê-lo. Tal como não consigo ver porque é que ela supostamente ama o Justin o suficiente para aturar toda a parvoíce.

Ai... estou absurdamente frustrada. O problema é que o Levithan escreve de forma cativante, as páginas viram-se praticamente sozinhas, mas depois o conteúdo tem problemas, bolas. E não ajuda nada ele ter abandonado a premissa original para fazer o que tantos autores já fizeram, e nem sequer o faz com sucesso, sendo apenas mais do mesmo. A ser verdade que o suposto terceiro livro existe, eu leria, mas com relutância, pois já fiquei queimada. Só a curiosidade e a casmurrice me impedem de desistir.

Uma nota não muito positiva para a tradução, porque aparentemente a tradutora não percebe nada de adolescentes a falar, e então temos coisas como "meles" e "falta de chá" metidos no texto a torto e a direito.

Título original: Another Day (2015)

Páginas: 352

Editora: Topseller

Tradução: Susana Serrão

quarta-feira, 23 de março de 2016

P.S. Ainda Te Amo, Jenny Han


Opinião: Estes livros são adoráveis e tremendamente charmosos. A sério, eu vou ter de ir ler os outros livros da Jenny Han, não vou? Raios. Sempre a aumentar livros à wishlist. Tivesse eu tempo para ler tudo.

Ora bem, depois do final altamente cliffhangeresco do outro livro, criado expressamente pela Jenny para nos torturar, e que ainda é mais grave porque ela o resolve bastante rapidamente... bem, digamos que foi muito fácil voltar a cair na história. A autora escreve de maneira altamente cativante.

Desta vez, a Lara Jean tem de lidar com a perspectiva bastante intimidante de... ter uma relação. Foi a melhor parte deste livro, de caras. É o primeiro amor, e eles são adolescentes, por isso não espero juras de amor nem "para sempres"; julgo que é muito mais realista acompanhar os soluços e solavancos que acompanham esta nova intimidade.

A Lara Jean é nova, e é a primeira vez que namora, o que quer dizer que um rol de inseguranças vem ao de cima, o que a força a examiná-las e a crescer. Achei tão engraçado e relevante o "escândalo" do vídeo no jacuzzi; na era em que vivemos, tudo está na internet, para sempre, e isso traz as inseguranças com a ex-namorada do Peter, e ex-amiga dela, a Genevieve. Não vou dizer que a Lara não teria razão nalgumas coisas, mas com mais experiência teria lidado com elas de outra maneira.

O Peter, por seu lado, é um pouco difícil de ler, porque não é tão emocional, mas creio que compreendo o lado dele. Queria fazer a coisa certa, mas não queria deixar de apoiar quem lhe tinha merecido afecto. Não lidou definitivamente da melhor maneira com certas coisas, mas enfim, rapaz adolescente, vou dar-lhe um desconto para ser palerma. Além disso, o Peter tem os seus momentos amorosos, como quando dá boleia à Kitty, a mana mais nova da Lara Jean; ou quando topa a carta da Lara logo no início - adoro como isso não cria drama desnecessário!

Há uma, hmm, terceira parte, um rapaz que recebeu uma das cartas da Lara, aquele que faltava, John Ambrose McClaren. (A propósito, detesto o nome. Ugh, precisava de ser referido pelo nome completo de todas as vezes?) Aquilo que eu acho interessante no John é que mostra à Lara que tem opções, que não precisa de se contentar com o que tem; e também que alguém pode ser perfeito no papel, mas ainda assim não ser o seu momento. Não vejo um futuro para todos os personagens, porque ainda são demasiado novos para se definirem; mas se a Lara alguma vez acabasse com o Peter, consigo vê-la com alguém como o John, que a entende e encaixa com ela.

Continuo a adorar a família dela, porque são todos tão unidos, tão facilmente uma família. Têm os seus dramas, mas gostam mesmo uns dos outros, cuidam uns dos outros. É tão refrescante ver relações familiares tão saudáveis, tão presentes e tão importantes na vida da protagonista.

Um destaque ainda para a Kitty, que é uma personagem deliciosa, cheia de vida e de respostas prontas. Quando crescer, vai ser cá uma peça... eh, se a autora alguma vez escrevesse um terceiro livro, adorava que fosse do ponto de vista da Kitty, na sua adolescência. Era lindo, fabuloso de ver. (E gostava muito de poder ver a Margot mais resolvida, que bem merece.)

Título original: P.S. I Still Love You (2015)

Páginas: 272

Editora: Topseller

Tradução: Leonilda Santana

domingo, 20 de março de 2016

Curtas BD: Black Widow, Rat Queens, Jessica Jones, The Wicked + The Divine

Black Widow v.2: The Tightly Tangled Web, Nathan Edmondson, Phil Noto, Mitch Gerads
Segundo volume da Viúva Negra, e preferia que o enredo mais abrangente, que abarca as várias histórias que estão a ser contadas, já estivesse mais delineado. Temos a sensação que a Natasha está a enfrentar um inimigo maior, mas ainda está tudo muito pela rama. Com 12 números de história já bem que se podia ter uma ideia mais clara da coisa.

A melhor parte das histórias individuais (que muito lentamente estão a levar a algum sítio) são as aparições de outros personagens do universo Marvel. Gostei particularmente da X-23 (adoro a Laura) e do Winter Soldier, mas os números com o Daredevil e com o Punisher também têm o seu interesse.

Acho que preferia que a escrita fosse um pouco mais clara e directa, porque está a levar demasiado tempo para esclarecer certos pontos, e depois martela-nos a cabeça com outras coisas. Um bocadinho mais de emoção, de caracterização psicológica também não era má ideia - é-nos dito, mais do que mostrado, que ela está a perder o rumo, o que torna mais difícil acreditar nessa evolução. A explosão mediática no fim também não parece totalmente credível, especialmente porque a Natasha não estava a trabalhar com os seus superiores completamente no escuro.

A arte, no entanto, ahhh, que delícia de observar. As "pinturas" de Phil Noto são lindas, a paleta de cores é sóbria, com um ou outro destaques, e fazem um conjunto muito interessante. Mesmo num livro que pedia mais dinâmica, por causa das cenas de acção, não me importo nada de parar e ficar a observar.

Rat Queens v.2: The Far Reaching Tentacles of N'rygoth, Kurtis J. Wiebe, Roc Upchurch, Stjepan Šejić
Oh, raios, eu divirto-me tanto a ler isto. A premissa é fantabulástica, pegando nos clichés de fantasia, vestindo as heroínas com alguns deles, e depois procedendo a derrubá-los um a um com um sentido de humor brutal.

Neste volume, as Rat Queens enfrentam uma ameaça bem maior e mais significativa, meio relacionada com o passado da Dee, que pode vir a destruir o mundo como o conhecem. O que abre a porta para explorar o passado das meninas - num bom equilíbrio entre acção e flashbacks.

Gostei de conhecer a família da Violet, por exemplo, e saber o que ela significava para eles; e também, o que a levou a procurar algo diferente. Gostei dos vislumbres do passado da Hannah, que é um osso duro de roer, e de conhecer. Parece ser aquela que tem mais "bagagem", ou mais complicadinha, pelo menos. E quanto à Dee, o posicionamento dela em relação à sua religião é fascinante. Quero saber mais. Ah, e já agora, já faltava um número só dedicado à Betty. O mundo precisa de saber de onde vem a paixão dela por cogumelos alucinogéneos e doces.

Gosto mesmo de como o livro é escrito, com cada personagem caracterizada com as suas idiossincrasias, mas em grupo, funcionam lindamente, o que é óptimo de ver. Gosto do sentido de humor, dos enredos loucos, e do grau de inesperado que acompanha o desenrolar da narrativa. Ah, estou extremamente curiosa para ver o que vem a seguir.

Jessica Jones: Alias v.2, Brian Michael Bendis, Michael Gaydos
As histórias deste volume são um bocadinho mais simples, ou mais terra-a-terra, que do anterior. A primeira história ocupa grande parte do tempo de antena e é sobre uma terrinha pequena, onde uma jovem adolescente desapareceu, e a Jessica é contratada pelos pais para encontrar a rapariga.

O mais interessante desta história é mostrar o funcionamento duma terra pequena, onde todos se conhecem, e é muito mais difícil ser diferente. Há bastante para a Jessica se indignar. Mas também é curiosa por mostrar que não devemos fazer generalizações sobre as terrinhas e as pessoas que nelas vivem. O final é trágico, mas cativante por isso mesmo.

A segunda história, apenas um número, não tem acção nenhuma e duas cenas de conversas, mas é fantástica por isso mesmo, por ser honesta acerca de relações humanas e dramas pessoais, e como é complicado ser adulto às vezes. Uma das conversas é com o Luke Cage e sobre o que partilharam, terrivelmente embaraçosa. Outra é num encontro com o Scott Lang, e tremendamente divertida.

O que eu gosto mais na Jessica é que apesar de ter poderes, é tão terra-a-terra, tão realista, tão humana e uma de nós. Um pequeno refresco num mar de super-heróis.

The Wicked + The Divine v.3: Commercial Suicide, Kieron Gillen, Jamie McKelvie, Matthew Wilson, Clayton Cowles
Arghhhh não acredito que não obtive mais respostas às minhas muitas perguntas sobre este mundo/história/personagens. Oh, well. Já estou habituada a esperar. Este volume faz a modos que uma pausa na narrativa principal, e explora o passado de vários personagens da série; a arte, para reflectir isso, dá uma folga ao artista principal e traz vários convidados para mostrarem o seu trabalho.

É um pouco estranho. Normalmente sinto-me um bocado lenta a ler estes livros, porque têm tantas referências e comentários a fazer, que obrigam a que leia devagar, e trabalhe para interpretar o que tenho à frente. Mas desta vez, não tive dificuldade em perceber o que os autores estavam a fazer. Sei que muita gente se queixou da arte a mudar constantemente, e apesar de gostar bastante do artista principal, ainda assim acho que os artistas escolhidos são na maioria bastante adequados.

Faz sentido o artista da Sekhmet, para transmitir a visão turva e desconectada que ela tem do mundo; faz sentido a artista da Morrighan e do Baphomet, muito adequada ao estilo gótico deles; faz sentido o estilo mais bonitinho e onírico para a Amaterasu.

Até da exploração das histórias dos personagens eu gostei. O número da Tara foi de partir o coração, por se ver como ela fica destruída pela fama, pela atenção incessante, pelo ódio. Aquela página dupla com os tweets odiosos e ameaçadores que ela recebe é assustadora, especialmente por ser realista.

Acabei por gostar da história da Sekhmet, por explorar a personalidade dela; da da Morrigan e do Baphmet, pela sua história partilhada; e da história do Woden, porque revela alguns pedacinhos de mistérios da série (a sério que ninguém tinha percebido até agora quem era o vilão?), e porque a arte é um remix de vinhetas anteriores da série, o que é um conceito bem fixe, especialmente tendo em conta a natureza do personagem.

Pronto, foi muito divertido, até gostei deste desvio, mas agora voltemos ao enredo principal, sim? Depois do cliffhanger massivo do último volume, que é transposto para este, estou pronta para descobrir algumas respostas. Obrigada, pessoal.

sábado, 19 de março de 2016

The Power, Jennifer L. Armentrout


Opinião: Ok, isto não avançou tanto quanto eu esperaria. E até fez algumas coisas que eu esperava que não acontecessem. Estranhamente, não estou zangada. Parabéns, JLA, conseguiste fazer coisas que eu geralmente não gosto muito, e ainda assim manter a minha atenção e fazer-me gostar da história. É bem melhor que o Stone Cold Touch, que ainda me dá uma raiva intensa cada vez que penso nele.

Agora a sério. O enredo em partes parece arrastar-se um pouco, andar sem objectivo definido, e ganhar tracção mais à frente. Eu percebo. Não é completamente estranho à autora, começar a história mais por desenvolver os personagens e depois passar à acção, mas esperava que avançasse um pouco mais. Dá a sensação que tem demasiadas coisas por resolver no último livro.

A parte que eu queria mesmo que ela não fizesse era criar um desentendimento entre a Josie e o Seth para separá-los. É pior por causa do comportamento do Seth. Que decide que tem de se separar dela por... coisas, e não lhe dá espaço para se manifestar. Não, o macho grande e mau tem de decidir por ela, e não lhe explicar a situação, e deixá-la fazer as suas próprias escolhas. Ainda pior, continua de volta dela tipo cão no cio a marcar território. Grrr. Detesto este tipo de comportamento.

Pegando agora no outro lado, continuo a gostar bastante da mistura de mitologia greco-romana que a autora vai usando na história e adaptando para a sua própria mitologia. Gosto de como descobrimos mais umas coisas neste volume, e como tudo vai ficando mais complicado e complexo à medida que avançamos. Quando o enredo arranca, a parte da mitologia torna-se bastante interessante e acho que vai dar pano para mangas.

Também gosto muito da Josie, porque neste livro vai crescendo um pouco, começa a ficar mais à vontade neste mundo, e vai-se tornando numa guerreira, à sua maneira. Aprecio-a por se recusar a por o Seth numa caixa, e tentar compreendê-lo, ver como ele "funciona". É mais do que alguém alguma vez lhe deu.

Quanto ao Seth, é complicado. A caracterização dele tem nuance, posso dizê-lo, os seus problemas e o modo como reage fazem muito sentido. Só que às vezes ele é... demasiado? Demasiado alfa, demasiado intenso, demasiado irritante. Os bad boys perdidos e danificados são divertidos de ler, mas chego à conclusão que detestaria conhecer um na vida real. Era capaz de dar em doida com este tipo de comportamento.

Continuo a adorar o elenco secundário. O Luke e o Deacon (adoráveis), o Marcus (pobrezito, tem de aturar estes putos, até me ri quando ele disse que o Seth e a Josie a discutir era estranhamente familiar), e o pessoal novo, como o Colin, ou o Hercules (hilariante, a personalidade dele). Melhor ainda, caras antigas voltam, e é fabuloso revê-las. Que saudades.

O fim descarrila em parte a direcção que o enredo estava a tomar, e por isso estou relativamente curiosa para ver o que vai acontecer no próximo livro. Não é muito usual com os livros da autora, mas vou ter de esperar um ano. Raios.

Páginas: 352

Editora: Hodder & Stoughton

segunda-feira, 14 de março de 2016

Stars Above, Marissa Meyer


Opinião: Ahhhh porque é que isto não saiu cá para fora mais cedo? Tipo antes do último livro da série? Não tinha lido nenhuma das histórias que já tinham sido publicadas. Primeiro porque me aborrece deveras andar à caça dos milhentos contos que às vezes parecem acompanhar certas séries. Depois, porque quando soube da publicação deste livro, achei por bem esperar.

Contudo, teria sido interessante ler algumas destas coisas em ordem cronológica, ou junto aos livros onde são discutidas. Ah, mas ainda assim, soube-me tão bem ler o livro. São contos, pequenas cenas, às vezes, que esclarecem pontos da série. Não essenciais, mas intrigantes. E como disse, soube-me bem. Poder passar mais algum tempo com estes personagens, com este mundo.

The Keeper: é uma história sobre a Michelle Benoit, a avó da Scarlet. Relata a sua visita a Luna quando era jovem, e como os laços com Luna levam a que receba a Cinder - é de partir o coração, ver o que foi feito à Cinder quando era pequena, o que ela teve de suportar, as transformações exigidas. Contudo, o melhor desta história é que nos dá um vislumbre da relação da Scarlet com a avó, que eu acho bastante interessante, porque a Scarlet tem a quem puxar.

Glitches: funciona quase como uma continuação da anterior, porque pega na Cinder depois de acordar, e mostra-nos a sua apresentação à sua nova família. Gostei de ler sobre ela a descobrir as suas novas capacidades cyborg, e sobre a reparação da Iko, que é certamente uma andróide com personalidade, algo raro. E achei fascinante a despedida do Garan da família, quando descobre que está doente - porque quase tive pena da Adri.

The Queen's Army: sobre o Wolf e como ele foi parar ao "exército especial" de soldados da Levana. Dá uma certa dimensão ao que ele experiencia durante a série, como se sente em relação às modificações corporais e a ser um peão nas mãos da Levana. Dá vontade de lhe dar um abraço ou umas festinhas, porque o Wolf é demasiado gentil e adorável para encaixar neste mundo, e porque é assustador ver um miúdo a suportar estas mudanças.

Carswell's Guide to Being Lucky: oh Thorne, you lucky bastard. Tens sorte que as pessoas gostam de ti. Achei este conto uma visão esclarecedora sobre como a cabeça dele funciona. Nunca pensei que ele fosse um menino rico e privilegiado; mas até faz sentido, porque as expectativas do pai e a tensão com ele levam a que o Thorne vá na direcção contrária, criando esquemas em cima de esquemas para se afastar daquela vida; e ele até é bem engenhoso, muito malandro, e exsuda mais confiança do que provavelmente sente. Fez-me pensar na relação que ele tem com duas meninas na série. A Cinder compreendeu o brincalhão que tem à frente, e por isso responde à altura às asneiras que lhe saem da boca; a Cress, apesar de toda a sua inexperiência, topou as ligeiras crises de consciência que ele tem às vezes, e levou-o a ser essa pessoa melhor que ele é capaz de ser, às vezes.

After Sunshine Passes By: um conto sobre a Cress quando era mais nova, uma shell no meio de outras crianças shell Lunares. Vemos como ela vai parar ao satélite; e curiosamente, o conto estabelece um paralelo entre ela e o Wolf - ambos desesperados para agradar os seus mestres taumaturgos, para evitarem um destino pior. Gosto muito de ver como a Cress usa a sua imaginação, e o seu optimismo, como forma de lidar com o pior que a vida lhe traz.

The Princess and The Guard: pelo título, é claro que os protagonistas são a Winter e o Jacin. O conto relata alguns momentos do passado deles, desde que eram crianças, e é adorável vê-los crescer juntos. À semelhança do Fairest, esclarece o passado da Winter de modo a mostrar quem ela é no presente da série: vemos o acontecimento que a faz desistir de usar os poderes lunares, aquilo que a Levana lhe faz, e é tudo explicado perfeitamente. O Jacin desiste de algo que queria muito fazer, o que mostra um pouco a personalidade dele.

The Little Android: céus, esta adaptação é brilhante. Senti o mesmo a lê-la que a ler o Cinder - os pontos principais da história original estão lá, mas fantasticamente encaixados neste mundo tão diferente. A pequena andróide que salva um jovem, apenas para se apaixonar por ele e ver a aproximação dele a outra rapariga. Contudo, o mais fascinante é a ressonância de certas cenas: devido a uma avaria, a andróide sente dor quando caminha. Dor, uma coisa tão tremendamente humana. A cena final encaixa tão bem na questão do sacrifício final do original; mas podia ser um pouco menos confusa, acho que não esclarece bem o que está a acontecer até ser tarde demais.

The Mechanic: a cena em que a Cinder e o Kai se conhecem, vista do ponto dele. É fácil esquecer que tecnicamente foi o Kai que começou isto tudo; era ele que procurava inicialmente a Selene, ainda que partindo dum desejo ingénuo mas certeiro de se livrar da Levana. Percebe-se o que ele viu na Cinder, uma jovem simples, despretensiosa, natural. Um contraponto interessante ao final do Cinder.

Something Old, Something New: é puramente indulgência, mas uma muito bem vinda. Um conto que decorre algum tempo depois do fim do Winter, conta-nos o que se passou com o pessoal entretanto, e é delicioso, poder passar mais algum tempo com estes personagens, saber o que lhes tem acontecido. Gosto de os ver juntos, ver como é fácil o companheirismo, agora que já não têm alguém a tentar matá-los. Além disso, é super divertido ver como eles estão no meio de uma tempestade mediática. Acho piada à intriga em que a maior parte dos personagens se envolve para dar a volta a outra personagem - é tudo feito dum modo orgânico, e agrada-me ver um momento de felicidade, o primeiro de muitos, espero. Ah, vou ter saudades deste pessoal.

Páginas: 400

Editora: Feiwel & Friends (MacMillan)

quarta-feira, 9 de março de 2016

Era uma vez... os spoilers e eu, eu e os spoilers

Aiaiai... a questão dos spoilers comigo é um pouco complicada. Quanto mais um gosto de uma coisa, de uma forma de entretenimento, ou mesmo de uma história em particular, mais sensível sou a isso. Portanto, isto traduz-se em eu tolerar bastante bem spoilers para séries ou filmes - não sou fã de ser spoilada, mas não morro se o for -; já em livros, especialmente em favoritos, pode cair-vos o céu em cima se me spoilarem. (Estão avisados.)

Faz parte desta história.

Acho que a primeira vez que um spoiler massivo marcou a minha vida de leitora de forma indelével foi, à semelhança do pobrezito do Deadpool ali em cima, no lançamento do sexto livro do Harry Potter, Harry Potter and the Half-Blood Prince.

Este lançamento era importante para mim por várias razões. Primeiro, era uma série favorita, uma que me cativava e me mantinha expectante e interessada e a morrer por ler o próximo livro. Segundo, foi a primeira vez que eu tinha decidido mandar à fava esperar pelo lançamento em português, vários meses depois, e comprar o livro em inglês, mal tivesse oportunidade. (O que seria dois dias mais tarde - tão curto e tão longo espaço de tempo, não é?)

Terceiro, era a primeira vez, acho eu, que ia ler algo em inglês. Um livro completo. Era uma ocasião importante. Quanto, tinha ganho um prémio e ia gastar parte do vale que vinha com esse prémio no livro. Uma razão marginalmente importante, mas na altura pareceu-me gigantesco ter ganho um prémio e ir gastá-lo numa coisa que gostava.

Entra em cena um jornal português - porque pelos vistos já em 2005 os nossos jornais andavam a fazer porcaria, e depois não se admirem que perdem leitores a fazer asneiras destas -, Aquele Que Não Deve Ser Nomeado, só que eu vou nomear mesmo, porque quem faz uma destas merece ser apontado: Correio da Manhã.

Bem, era o domingo a seguir ao lançamento mundial do livro (note-se que o livro saiu no sábado e estes totós ainda assim conseguiram esta proeza), alguém da família foi comprar o jornal, alguns de nós foram passear, a mana ficou em casa... e deu, ao virar a página, com a manchete "SNAPE MATA DUMBLEDORE". *facepalm*

É que nem revelavam o spoiler no meio do texto. Não, estes tipos eram da pesada e tinha de ser no título, para estragar a história aos seus leitores inocentes que não queriam ser spoilados. Jerks. Podem perguntar-se como é que foi a minha irmã que foi spoilada e eu é que acabei traumatizada com isto. Bem, não têm irmãos? Se sim, sabem perfeitamente que quando um vosso irmão sabe de algo que não pode contar, não aguenta até deitar cá para fora. Se não, agora ficam a saber do que se safaram. E nem sequer aguentámos até segunda, que era quando eu tencionava ir gastar o meu vale na Bertrand.

Céus. Acho que não é coincidência que eu nunca mais peguei num Correio da Manhã. Não foi um boicote deliberado, mas acredito que lá no fundo, o meu subconsciente nunca se esqueceu do trauma. Se eu ainda ando a falar disto 11 anos depois... Enfim. Pelo menos contive-me de fazer como o Deadpool, que pelo que li da história à qual aquela prancha pertence, andou à procura do idiota para lhe dar um enxerto de porrada.

Portanto, sim, esta experiência marcante guiou bastante a minha reacção a spoilers de livros. Lembro-me que quando o Clockwork Princess, da Cassandra Clare, saiu, decidi que não ia continuar a reboque dos lançamentos erráticos da editora portuguesa (e dos preços tremendos deles), e mandei vir o livro em inglês. Melhor decisão de sempre. Não fui spoilada. É claro que tive o cuidado de evitar o Tumblr depois do lançamento, porque já aí sabia que era uma excelente plataforma para me estragarem o gosto por uma coisa, spoilando-me.

Assim em termos de spoilers massivos e situações bizarras, ainda tenho de mencionar o lançamento do Allegiant. Oh, céus. Eu dei-me ao trabalho de evitar o Tumblr, ler quaisquer menções ao livro, tudo. Não me podia era proteger, aparentemente, da histeria (e não no bom sentido) que se deu depois do fim do livro sair cá para fora uns dias antes do lançamento.

Partindo dessa reacção dramática, deu para calcular que uma de duas coisas tinha acontecido. Não era assim tão difícil. O que me fez confusão é que o livro não tinha sido lido, e mesmo assim eu tinha pessoas no meu feed do Goodreads a gostar de todas as reviews de uma estrela que encontravam, só por birra. E para estragarem a festa ao resto de nós, aparentemente, já que nem sequer ao Goodreads se podia ir. Ugh.

A piada disto tudo? Acabaram por me estragar o que deveria ter sido uma cena com uma carga emocional enorme. Aqui a je? Yep, não sentiu nada. Normalmente emocionar-me-ia com algo do género, mas como sabia ao que vinha, isso acabou por me banalizar a experiência. Acho que só me emocionei com o depois. Portanto, obrigada, internet, por existires. Já percebi que para a próxima tenho de me enfiar numa caverna e virar eremita. Mensagem recebida. Raios.

Caramba, isto soou muito amargo, não foi? Estou a tentar gerir melhor estas coisas. Primeiro porque fujo de spoilers como o diabo da cruz. Depois, tento não ficar extremamente furibunda se me spoilam acidentalmente.

Ainda há uns dias, quando estava a escrever a primeira parte disto, houve alguém que achou por bem dizer-me quem não se casava no último conto do Stars Above, aquele que é suposto ser um epílogo do último livro da Marissa Meyer, e no qual haveria um casamento. Eu usei um bocadinho de CAPS LOCK para responder a este comentário. Só um bocadinho, really.

Oh, well, a luta contra os spoilers continuará. Nem que eu, para repetir o que disse ali em cima, dê uma de eremita. Parece bastante mais pacífico, e assim podia ler todos os livros que me apetecesse.