segunda-feira, 4 de abril de 2016

Curtas BD: Super-Heróis DC, vols. 5 a 8

Arqueiro Verde: Ano Um, Andy Diggle, Jock
Este livro funciona como história de origem do personagem; Oliver Oueen é um menino rico e aborrecido que numa viagem pelo hemisfério Sul, naufraga e vai parar a uma ilha deserta. Lá, aprende a sobreviver pela lei do arco; só que a ilha não é assim tão deserta, sendo usada para produção de heroína, e o confronto com os produtores não é pacífico...

Isto provavelmente era um pouco mais impressionante se eu não tivesse já visto a série de TV, cuja premissa claramente se baseia neste livro. Os detalhes são diferentes, é certo, mas os contornos das histórias são semelhantes o suficiente para não me soar a novidade, o que estraga um pouco a piada.

De qualquer modo, deixando isso de parte, a história é mesmo interessante, é sempre fascinante ver um tipo com o feitio do Oliver ultrapassá-lo e torna-se alguém melhor através da adversidade. O Oliver passa metade do tempo com fome ou doente, ou pedrado para curar a doença, e a outra metade a disparar o arco em todas as direcções.

Acho que exageraram só um nadinha nas adversidades, porque a certa altura parecia que ele tinha sobrevivido demasiado, demasiado facilmente, e já estava a ficar saturada de o homem parecer um coitadinho. Ele ajudar a outra a dar à luz sem perceber nada do assunto foi o cúmulo, sinceramente. Ugh. Por outro lado, acabei a gostar da arte, bastante dinâmica, e as cores agradaram-me.

Aquaman: O Abismo, Geoff Johns, Ivan Reis, Joe Prado
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Acho que nunca tinha lido algo com o Aquaman, só o conhecia de passagem, o que até é estranho para alguém que é suposto pertencer à Liga da Justiça; aparentemente o seu estatuto menos abençoado é mesmo a base para este relançamento do personagem, o que até se torna bem engraçado de acompanhar - adorei o humor à base de o Aquaman não ser um herói "respeitado".

Gostava até que o passado dele fosse um pouco mais explorado; ele é meio Atlante, meio terrestre, herdeiro do trono, e sabemos que não tenciona assumi-lo, mas porquê? É claro que se compreende porque ele quer ficar em terra, a ajudar quem pode, mesmo sendo gozado - é isso que faz dele um herói. E descobrimos algumas coisas sobre o passado dele, sim, principalmente sobre a relação dele com o pai, mas às vezes parece que a acção afoga (piadinha muito propositada) a caracterização.

Fiquei a gostar muito da Mera, que quer apoiar o Arthur, mas não compreende exactamente o que o move a ajudar gente que goza com ele; gostei da sua adaptação a terra firme, a sua confusão com os costumes e feitios terrestres; e gostei principalmente que com ela não há paninhos quentes, e que facilmente pode nocautear um rufia só porque sim.

Super-Homem & Batman: Antologia, Joe Kelly, Brad Meltzer, Neal Adams, Curt Swan, Jeff Lemire
Uma antologia de histórias que juntam os dois personagens titulares, e como todas as antologias, tenta ser representativa, o que cumpre assim-assim, mas também é irregular no que toca à qualidade.

As primeiras histórias são dos anos 50-60, e como tal, são bem ao estilo da época, com umas premissas algo doidas e estranhas, mas que a história nos leva a aceitar por aqueles momentos. A primeira história é o primeiro encontro dos personagens, com reviravoltas a jeito, e uma colaboração entre os dois personagens.

Há uma história que é uma espécie de revisão dos melhores momentos da Liga da Justiça, narrada pelo Super-Homem, pelo Batman e pela Wonder Woman, e gosto da ideia, ter uma série de referências a momentos-chave dos personagens e da Liga; mas provavelmente podia aproveitar melhor a história se conhecesse os momentos em si.

Há uma história meio doida que reintroduz o Átomo ao universo New 52, e é claro que há diminuições e aumentos de tamanhos, e o Batman tem uma civilização minúscula alojada no cérebro, e o Super-Homem e o Dr. Ray Palmer têm de ir resolver o assunto, e o Batman mesmo quando devia estar a sangrar do cérebro ou algo do género consegue dar porrada a um tipo. Estranhamente, é divertida.

A minha história favorita é a penúltima, uma que reconta o primeiro encontro do Bruce e do Clark. Ainda é num cruzeiro, mas oh céus, é hilariante! A antipatia mútua entre os dois, as picardias, as piadinhas que mandam um ao outro (atirava-me para o chão cada vez que o Bruce chamava pacóvio ao Clark)!

E mesmo quando descobrem as identidades secretas um do outro a diversão não pára. O cruzeiro está a entrar no Triângulo das Bermudas, e então uma loucura interdimensional acontece, e os vilões do Sindicato do Crime da Terra-3 caem-lhes em cima, quase literalmente, e os nossos heróis têm de se confrontar com os seus eus vilões da outra dimensão.

O melhor é que nesta dimensão o Deathstroke foi contratado para matar o Bruce, e na outra a versão do mesmo foi contratada para protegê-lo, e a versão do Deathstroke da Terra-3 é curiosamente parecido com o Deadpool - é feita ênfase nisso, mesmo -, e isto é tão meta (o Deadpool foi claramente inspirado no Deathstroke), que é hilariante.

A história final é uma curtinha, sobre um encontro entre o Bruce e o Clark nas suas infâncias que podia ter acontecido. Gosto, porque conta tanto, contém tanto, em duas páginas apenas.

Isto... é muito estranho. É bom, de certo modo, a um nível intelectual, mas não tirei nenhum gozo da leitura. Talvez pudesse aproveitar um pouco mais se conhecesse mais os personagens, ou estivesse mais familiarizada com isto? Não sei. O único que conheço mesmo é o Darkseid, e é mais de nome que outra coisa. É isto que acontece quando não conheço muito bem a DC e me atiram de pára-quedas em cenas destas.

Como disse, não é que a nível intelectual não aprecie a coisa. Aprecio o trabalho intenso que este tipo de coisa pedia, sendo produzida apenas por uma pessoa; aprecio a imaginação brutal envolvida, porque tem uma certa riqueza mitológica que está a pedir para ser explorada.

Contudo... o desenvolvimento de personagens e enredo não é grande coisa. Não há nada que prenda à história, falta-lhe aquele quê que embale e faça virar páginas. Talvez não ajude a selecção de números soltos das várias revistas envolvidas - apesar de eu apreciar a tentativa de apresentarem uma certa narrativa coerente, e de tentarem dar um gostinho do mundo criado. Enfim... acho que nunca me senti tão insatisfeita com um livro deste tipo de colecções, é desconcertante.

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