terça-feira, 26 de abril de 2016

Uma imagem vale mil palavras: The Huntsman - Winter's War (2016)

Bolas, ao ver isto dei-me conta que não me lembro de muito do filme anterior. O que não é de espantar, porque não foi particularmente memorável, mas acho que foi minimamente divertido, se bem me lembro, e deva jeito eu ter uma base melhor para isto. Ou talvez a falta de memória seja uma benção neste caso.

De qualquer modo, parece-me que ambos os filmes têm algo em comum. Não são obras primas; dum certo prisma, não são exactamente sequer aquilo a que se chama bons filmes. Não que me importe; desde que me divirta, já fico contente por ver um filme de fantasia no grande ecrã.

Em certo ponto, este filme é capaz de ser melhor. Não se leva tão a sério, o que quer dizer que está mais confortável a fazer a sua coisa, e por isso sai-se melhor a fazê-lo. Quanto à questão prequela vs. sequela que tanto me intrigava antes de o ver (sobre qual seria a sua natureza), o filme faz batota.

É que é ambos. De certo modo, até é um retcon, uma reinterpretação e reorganização da continuidade do primeiro filme. A primeira parte apresenta a antagonista, Freya, irmã da já nossa conhecida Ravenna, descobrimos o que a torna na antagonista, conhecemos o conflito principal do filme, conhecemos os protagonistas.

E depois, saltamos sete anos no tempo, para chegar à parte da sequela. A Branca de Neve e o Caçador encaixa no meio deste. Eh. Não consigo decidir se é genial ou não. Consequências disto: bem, hão de haver algumas inconsistências. Mas o resultado final da duologia é pelo menos mais... er, forte? O conceito é um pouco estranho, mas acabei por gostar.

Inconscistência número um: tudo o que me lembro do personagem do Caçador no primeiro filme é que era deprimido e deprimente, provavelmente por causa do seu passado. Aqui? Bem, o Chris Hemsworth canaliza o Thor Feliz da Vida, o que acaba por ser bastante mais divertido. É uma mistura de convencido, e irritante, demasiado optimista, mas bem disposto e animado, o que pode-se dizer que é um melhoramento. O Chris-Thor-Feliz é bem melhor que o Zangado.

Também podemos dizer que é uma inconsistência não haver menção da Freya no primeiro filme, mas ela ainda não havia sido inventada, por isso vamos deixar isto nas mãos do retcon e ficar satisfeitos com isso.

Eu até gostei da Freya, e do que ela representava. O contraponto que era no início à Ravenna, a desilusão que encontrou, as acções que toma. Fascinou-me a criação do seu reino no Norte, e como todas aquelas crianças encontram o seu mundo destruído às mãos dela para serem raptadas para o seu exército. É uma base fantástica para a história, e que até merecia ser melhor explorada.

Outra coisa que gostei bastante: a história acaba por ser uma espécie de herdeira natural do conto da Rainha das Neves. Acho que já toda a gente me ouviu/viu/leu lamuriar o suficiente sobre como detesto mesmo que associem o Frozen ao conto, porque aquilo tem tanto a ver como o branco tem a ver com o preto...

Portanto, vou só dizer que é bom ver algo que tem mais a ver com uma história que tanto aprecio. Os paralelos não são literais, mas a rainha gelada em ambos está a tentar congelar e controlar os sentimentos de outros, e tenta manipular o coração e visão das pessoas para o obter. Só por usar o mesmo tema já tem o meu voto.

O sentido de humor é maioritariamente hilariante. Os anões dão uma necessária e providencial piada à coisa. Acho que toda a gente na minha sessão morria a rir cada que vez que os anões e as anãs se punham a discutir. O humor é às vezes um bocadinho palerma e cliché, mas como não esperava uma obra prima nem nada de novo, fiquei satisfeita.

Queria muito falar sobre a Sara, que é a tal personagem que tinha sido mencionada de passagem como a mulher do Caçador... bem, não tinha imaginado nada disto. Não quero elaborar muito, porque revelar o papel da Sara é parte da piada... mas, vá lá, façam uma série de filmes só para ela. A dar porrada a toda a gente. Nunca tinha pensado na Jessica Chastain como uma personagem de acção, mas funciona. E gosto de como a Sara tem noção do tempo que passou, do que aconteceu desde então, e de como ela tem direito a fazer as suas escolhas.

Gostava que tivessem explorado melhor a relação fraternal da Freya e da Ravenna. De certo modo, é o que guia o enredo, e por isso fortalecer esse aspecto fortaleceria a história. A rivalidade potencial daria sumo à coisa.

Coisas estranhas: mas porque é que insistimos no sotaque? Caramba, é altamente distractivo. Num mundo de fantasia não há sotaque escocês, ou lá o que era. Além disso, é giro rever boa parte do elenco principal do original (o Sam Clafflin estava adorável), mas precisávamos de ser mesquinhos e cortar inteiramente a Kristen Stewart por questões pessoais? Ugh. A única coisa que vemos da personagem dela é as costas. Parece parvo. Tecnicamente, é ela que interage inicialmente com o espelho, e lança a demanda do Caçador.

Coisas mesmo boas: o design, o visual. Caramba, os vestidos são novamente extraorinários, detalhados, lindos, um colírio para os olhos. Os efeitos do espelho, fantásticos, As "armas" da Ravenna, uau. Até ouro e alcatrão fazem parecer excitante. Gelo em todo o lado. Já falei dos vestidos bonitos?

Oh, well. Diverti-me e é o que interessa. Se começar a escavar é claro que começo a encontrar buracos. Mas agora não me apetece partir a cabeça a pensar nisso. Vou só deixar que realmente saí surpreendida da coisa. Não estava à espera de nada de especial, e por isso tudo o que vem à rede é ganho.

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